CPMI do Golpe confirma denúncias apresentadas pelo PT em site especial

Em menos de três meses, comissão reúne provas de que o 8 de Janeiro foi resultado de uma tentativa de golpe pensada muito antes por Bolsonaro e sua turma. Leia matérias e veja vídeos especiais

Alessandro Dantas

Deputado Rogério Correia (E) observa fala do senador Fabiano Contarato em sessão da CPMI do Golpe

Quando a CPMI do Golpe começou, em maio passado, ela estava dividida por duas teses. De um lado, bolsonaristas diziam que o 8 de Janeiro teria sido uma simples manifestação política na qual se cometeram excessos. Do outro, estavam os que viam fortes indícios de que o ataque aos Três Poderes foi uma tentativa de golpe. 

“Hoje, a gente sabe que a tentativa de golpe no país foi um processo de extrema violência. A CPMI está aqui, de reunião em reunião, cada vez mais convicta disso”, afirmou o deputado federal Rogério Correia (PT-MG) na sessão da última quinta-feira (17), após ouvir o hacker Walter Delgatti descrever uma série de crimes cometidos por Jair Bolsonaro e sua turma. “O desenrolar da investigação confirma a tese da tentativa de golpe”, acrescentou o deputado federal Rubens Pereira Júnior (PT-MA).

Os parlamentares foram precisos. O trabalho da comissão conseguiu tornar irrefutável o que, no início das investigações, já era possível se deduzir. Tanto que, ao lançar um site especial sobre a CPMI (acesse aqui), a equipe de comunicação do PT conseguiu traçar todo o roteiro golpista que agora se confirma.

Desde a estreia, o site apresentou a série A Cara do Golpe e a Linha do Tempo do Golpe, tanto em texto quanto em vídeo (assista abaixo), mostrando uma série de evidências de que o 8 de Janeiro começou a ser construído muito antes. 

O início da tentativa de golpe pode ser localizado na criação de um ecossistema de desinformação que, como mostrado no capítulo 2, ajudou a eleger Bolsonaro, a atacar os adversários políticos da extrema direita, a propagar o negacionismo durante a pandemia e, finalmente, deixar uma parcela da população disposta a atacar a democracia.

o capítulo 3 da série mostra que os terroristas que agiram em 8 de janeiro acreditaram em um conjunto de narrativas falsas que apresentavam o Judiciário como “inimigo da liberdade e da democracia”, vendiam a tese absurda de que as Forças Armadas poderiam atuar como poder moderador e, por fim, abusavam de fake news para fazer crer que as eleições foram fraudadas.

E o capítulo 1 e a Linha do Tempo indicavam como o 8 de Janeiro fez parte de uma longa sequência de atos golpistas, que começaram com o bloqueio de estradas e refinarias logo após a derrota de Bolsonaro e seguiram com os acampamentos que defendiam intervenção militar, uma audiência pública golpista realizada por bolsonaristas em novembro no Senado, o terror espalhado nas ruas de Brasília em 12 de dezembro e a tentativa de explodir um caminhão de combustível nas imediações do aeroporto de Brasília.

Além disso, a série Os suspeitos antecipou algumas das pessoas que atuaram na elaboração do golpe frustrado, como Anderson Torres, Mauro Cid, Silvinei Vasques e Carla Zambelli, entre outros.

Ataque sistemático à democracia

Hoje, menos de três meses depois de iniciada, a CPMI já coletou várias provas de que Bolsonaro e seus cúmplices praticaram, como definiu o senador Rogério Carvalho (PT-SE), “um ataque sistemático à democracia brasileira”. E é por isso que o ex-capitão acabará na cadeia, como prevê o senador Fabiano Contarato (PT-ES).

Por falar em previsão, não há como se esquecer de um vídeo (acima) gravado pela presidenta PT, Gleisi Hoffmann, há quatro meses, quando Bolsonaro teve de prestar seu primeiro depoimento à Polícia Federal, em 5 de abril. 

Vale a pena rever e constatar como Gleisi avisava Bolsonaro de que ele teria de explicar as joias surrupiadas, as práticas de corrupção e o atentado à democracia, que, ela alertava, acabariam por torná-lo inelegível. Mais profético, impossível. 

Da Redação

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