CPMI do Golpe vai reafirmar que bolsonaristas patrocinaram e participaram dos atos terroristas

“Vamos mostrar ao Brasil quem foram os financiadores, quais deputados estavam por trás de tudo isso”, advertiu o deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ)

AFP

Terroristas bolsonarista s atacam o Palácio do Planalto, no dia 8 de janeiro

Durante sessão do Congresso, nesta quarta-feira (26), o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), leu o pedido de criação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI do Golpe) que vai investigar os atos de terrorismo e vandalismo praticados por bolsonaristas radicais no dia de 8 de janeiro. Com a leitura, na prática, a CPMI está criada e Pacheco já solicitou aos líderes partidários que indiquem os integrantes do colegiado, conforme a regra da proporcionalidade partidária, que ainda será divulgada.

Na avaliação do deputado Lindbergh Farias (PT-RJ), a base bolsonarista está desanimada e preocupada agora que a CPMI do Golpe foi criada. “A ficha caiu. Eles já estão querendo recuar. Estão preocupados. Sabem por que estão preocupados? Porque a verdade é uma só. Foram os senhores que estimularam o ato golpista, inclusive o deputado André Fernandes (PL-CE) – autor do pedido de CPMI”. Lindbergh relembrou que no dia 6 de janeiro o deputado bolsonarista colocou uma mensagem nas redes sociais, chamando o povo para ir no dia 8 de janeiro para Brasília.

“No dia 8 de janeiro, o senhor teve a coragem de postar uma foto do armário do ministro do STF Alexandre de Moraes arrombada e colocou embaixo, em tom de deboche: ‘Quem ri por último que seja preso’. O senhor foi autor de pedido de CPMI. O senhor acha mesmo que vai poder participar da CPMI? O senhor é investigado nesse caso pelo Supremo Tribunal Federal. São três deputados federais investigados. O senhor não pode participar, porque é interessado. O senhor lá vai depor como investigado”, afirmou Lindbergh Farias.

O deputado do PT do Rio de Janeiro enfatizou que tudo será apurado. “Vamos mostrar ao Brasil quem foram os financiadores, quais deputados estavam por trás de tudo isso. Vamos atrás dos atos preparatórios, porque eles prepararam aquele 8 de janeiro desde o início, desde o momento em que Bolsonaro não reconheceu o resultado das eleições, desde que interromperam rodovias em um País em que há mais de 800 rodovias”. Segundo Lindbergh, tudo isso virá à tona. “Queremos convocar o general Braga Netto e o general Heleno. E para não perderem a esperança, garanto: nós vamos para a CPMI do Golpe com tudo! Quem não deve não teme!”, frisou.

Incentivadores e financiadores dos atos

Para o deputado Pedro Uczai (PT-SC), a CPMI do Golpe “vai ser uma grande oportunidade histórica de esclarecer, de uma vez por todas, esse acontecimento, o qual pode ter as interpretações que quiserem, mas está lá o rosto, o nome e o sobrenome dos sujeitos que participaram da tentativa de golpe à democracia, dos que participaram do golpe diretamente na depredação dos três Poderes”.

Pedro Uczai acrescentou que a CPMI do Golpe vai identificar também o nome, sobrenome e endereço dos que incentivaram e financiaram os atos golpistas. “Vamos conseguir identificar também os políticos que fomentaram, divulgaram e mobilizaram o golpe no dia 8 de janeiro, além dos autores intelectuais da tentativa de golpe. Isso não vai ser difícil. Também vamos identificar os militares que participaram dessa tentativa de golpe na frente dos quartéis, no espaço do Supremo, no espaço do Congresso”, completou.

Avaliação política e criminal

O deputado Carlos Zarattini (PT-SP) considerou importante a instalação da CPMI do Golpe, mas ponderou que poderiam ser aguardadas as investigações que a Polícia Federal, o Ministério Público e o Supremo Tribunal Federal já vêm fazendo sobre esse dia e sobre os seus antecedentes. “No entanto, houve essa insistência e, a partir da manipulação de vídeos do Palácio do Planalto, desencadeou-se um processo para a instalação dessa CPMI”, citou.

Zarattini afirmou que não tem nenhuma preocupação com essa CPMI do Golpe, “porque, evidentemente, nós vamos poder fazer uma avaliação não apenas criminal, mas uma avaliação política dos fatos do dia 8 de janeiro. Nós queremos investigar não só o que aconteceu no 8 de janeiro no Palácio do Planalto, na sede do Congresso Nacional e na sede do Supremo Tribunal Federal. Nós queremos investigar os antecedentes”, afirmou.

O deputado disse que será verificado o que o então presidente Bolsonaro falou no Sete de Setembro, nas lives em que ele buscou desacreditar as urnas eletrônicas, todo o trabalho que ele fez para desacreditar as eleições do ano passado, os tumultos, as tentativas infrutíferas de anular o processo eleitoral.

“Queremos também investigar os atentados terroristas que foram feitos na sede da Polícia Federal em Brasília, a derrubada de torres de transmissão de energia, o atentado que se tentou fazer no Aeroporto de Brasília. Tudo isso nós vamos investigar para que possamos saber, de fato, quem atentou contra a democracia no Brasil”, anunciou Zarattini.

Tiro no Pé

O deputado Jorge Solla (PT-BA) avaliou que a CPMI do Golpe será um tiro no pé dos parlamentares bolsonaristas, “que já estão preocupados”. Segundo o deputado, essa CPMI vai acelerar a punição, a condenação, “vai mostrar à opinião pública o quanto foram vocês que organizaram a invasão dos prédios dos Poderes da República, o quanto foram vocês que financiaram, que apoiaram, que flertaram com o terrorismo e com o golpismo o tempo inteiro. Essa responsabilidade vai estar lá carimbada na CPMI do 8 do Golpe”, reiterou.

Destruição

Durante os atos golpistas do dia 8 de janeiro, bolsonaristas radicais invadiram os prédios do Congresso, do Palácio do Planalto e do Supremo Tribunal Federal (STF) e destruíram móveis, equipamentos de trabalho e vidraças, além de danificar diversas obras de arte. Desde então, diversos vândalos foram presos, denunciados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e até já se tornaram réus – ou seja, vão responder a ações penais na Justiça e podem ser condenados ou absolvidos.

Também discursaram sobre a CPMI do Golpe a deputada Dandara (PT-MG) e os deputados João Daniel (PT-SE), Joseildo Ramos (PT-BA), Tadeu Veneri (PT-PR) e Valmir Assunção (PT-BA).

Do PT na Câmara

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