CPMI do INSS: bancada do PT escancara máfia de ostentadores de Bolsonaro

Nesta segunda (13), comissão recebeu Alessandro Stefanutto, ex-presidente do INSS. Mais uma vez, parlamentares petistas associam fraudes bilionárias na Previdência à gestão anterior

Alessandro Dantas

Na oitiva, parlamentares lembraram que o governo Lula já devolveu R$ 1,84 bilhões a aposentados e pensionistas lesados

A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS ouviu, nesta segunda-feira (13), o procurador Alessandro Antonio Stefanutto, ex-presidente da autarquia. A oitiva teve início às 16h e adentrou a madrugada. Logo no início da sessão, o depoente chegou a se desentender com o relator, deputado federal Alfredo Gaspar (União Brasil), mas a CPMI seguiu sem maiores intercorrências.

Desde que desbaratou o esquema criminoso no INSS até o presente momento, o governo Lula já devolveu R$ 1,84 bilhões a aposentados e pensionistas lesados pelos descontos indevidos. Ao todo, foram mais de 2,7 mil pagamentos concluídos, o que representa cerca de 63% das pessoas que aderiram ao acordo homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em julho.

Após inquirir Stefanutto, a bancada do Partido dos Trabalhadores (PT) no Congresso associou, mais uma vez, as fraudes bilionárias na Previdência ao governo Jair Bolsonaro. O deputado federal Rogério Correia (MG) começou a falar por volta de 0h. Ele trouxe à comissão um vídeo de 2022 em que o extremista de direita reconhece o assalto aos aposentados.

“Como já passa de meia-noite, eu vou começar com cenas fortes”, ironizou Correia, ao pedir que rodassem as imagens. “Me parece óbvio que o ex-presidente Bolsonaro sabia das coisas, isso nós já colocamos aqui. Foi avisado, inclusive, por entidades de auditores fiscais, senadores. Então, é óbvio que o ex-presidente sabia que existiam problemas”, argumentou.

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Em seguida, Correia enumerou os nomes de alguns dos envolvidos no escândalo do INSS: jovens, todos eles ascenderam financeiramente a partir de 2019. “Por exemplo, Felipe Gomes, presidente da Amar [Brasil], que nós vamos escutar aqui, com Ferrari, Porsches e etc, apreendidas na Amar”, apontou, erguendo uma folha de papel com as faces de três suspeitos. “Não haveria Américo Monte, Anderson Cordeiro, que são os chamados ‘golden boys’.”

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Desenho criminoso

Horas antes, o deputado federal Paulo Pimenta (RS) também havia utilizado o mesmo termo em inglês para classificar a máfia de rapazes ostentadores estimulada por Bolsonaro. O petista foi na mesma linha de Correia ao relacionar os descontos ilegais à administração anterior.

“Me parece, então, que fica mais evidente o desenho: concessão de ACTs [Acordos de Cooperação Técnica] para entidades fantasmas; o afrouxamento da fiscalização para permitir que aposentados e aposentadas, pensionistas, passassem a ter descontos sem autorização; na época, era exigido só nome, CPF e o número do benefício”, expôs o parlamentar.

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“Paralelo a isso, o vazamento de 80 milhões de dados de aposentados e aposentadas do INSS durante o período da campanha eleitoral de 2022 sem que a autoridade de proteção de dados tenha sido avisada. Isso aqui criou o ambiente propício para que o esquema criminoso ganhasse a dimensão que ganhou”, concluiu Pimenta.

Omissão bolsonarista

Perto de 1h da madrugada, foi a vez do deputado federal Alencar Santana (SP) dar sua contribuição à comissão. Ele elogiou a postura de Stefanutto e as informações trazidas pelo ex-presidente do INSS. O petista ainda defendeu a convocação de integrantes do governo Bolsonaro, a quem atribuiu omissão para com os aposentados do país.

“Pessoas poderiam ter feito muito mais, muito mais. O governo Lula mandou investigar, mandou parar os descontos, tem polícia investigando, mandou punir e serão punidos os responsáveis, sejam eles servidores, políticos, presidentes de entidades, essa turma da juventude que o Pimenta falou, do luxo, da ostentação, todos que roubaram e lesaram, seja quem for”, enfatizou.

“Mas o governo do presidente Lula fez mais: ele mandou ressarcir essas pessoas [os aposentados]. E mais de 60% já foi ressarcido”, acrescentou Alencar.

Da Redação 

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