Dartora: “O que aconteceu com Marielle evidencia violência política de gênero e raça”

Ao Jornal PT Brasil, deputada federal (PT-PR), falou sobre o impacto do assassinato da vereadora e os desafios para a garantia da segurança das mulheres nos espaços de poder

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Dartora: "Marielle incomodava porque tinha um mandato combativo, um mandato a serviço das pessoas que a elegeram"

Em entrevista ao Jornal PT Brasil desta quarta-feira (27), a deputada federal do PT do Paraná, Carol Dartora, abordou questões cruciais sobre a violência política de gênero e o impacto do assassinato da vereadora Marielle Franco.

Dartora foi enfática ao afirmar que o assassinato de Marielle Franco foi tanto um crime político quanto de gênero. A parlamentar abordou os desafios em torno da garantia da segurança para as mulheres na política, especialmente para as mulheres negras nos espaços de poder.

“Sem dúvida, tenho dito que o que aconteceu com a Marielle evidencia a violência política de gênero e raça a que nós mulheres negras estamos expostas na sociedade brasileira. E a amplitude que as investigações estão tomando, a amplitude que temos visto notícias de quem são os mandantes do crime, demonstra o tamanho do desafio que a gente tem para garantir segurança para as mulheres, segurança para as mulheres na política e especialmente garantir a permanência das mulheres negras, que estão chegando nos parlamentos”.

A deputada ressaltou que o mandato de Marielle incomodava por ser combativo e representativo das pessoas que a elegeram. Ela provocou uma ruptura nas condições e práticas da política, demonstrando novas formas de fazer política e desafiando estruturas estabelecidas. No entanto, esse desafio enfrentado por Marielle, reflete um problema mais amplo de sub-representação das mulheres em cargos políticos e da resistência a mudanças no sistema político.

“Marielle incomodava porque tinha um mandato combativo, um mandato a serviço das pessoas que a elegeram. Eu vi que o Chiquinho Brazão foi vereador junto com a Marielle e parece que uma das motivações é que ela estava disputando um território na cidade, um território no Rio de Janeiro”, opinou a deputada.

“Isso mostra que somos tão poucas no Parlamento, somos tão poucas em espaços tão importantes que são os espaços de decisão política, como, por exemplo, uma Câmara de Vereadores, uma Assembleia Legislativa, uma Câmara de Governo”, ressaltou.

Carol Dartora também comentou sobre a lei 14.192, que visa combater a violência política e de gênero, e criticou os cortes de verba para ações de enfrentamento à violência contra as mulheres durante o mandato de Bolsonaro. Ela destacou os impactos negativos dos cortes, como o aumento da violência contra as mulheres e o retrocesso dos direitos conquistados.

“No desgoverno do ex-presidente [Bolsonaro], a gente viu o resultado dessas medidas, dessa não priorização das políticas de gênero, das políticas para mulheres. O resultado foi o aumento da violência contra as mulheres”.

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Legislação eleitoral

Quanto à legislação eleitoral, a deputada afirmou que ainda há muito a avançar, apontando que as cotas para candidaturas de mulheres não têm sido suficientes. Ela destacou a necessidade de medidas complementares, como a formação política e o combate à cultura machista que permeia a sociedade.

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Por fim, Dartora encorajou as mulheres a ingressar na política, apesar dos desafios e do receio. Ela destacou a importância do enfrentamento à violência política de gênero e afirmou que a luta por uma sociedade mais justa e igualitária é o que motiva sua atuação política.

Assista a entrevista, na íntegra, com a deputada Carol Dartora:

Assassinato durante a intervenção federal

Marielle e Anderson foram assassinados em 14 de março de 2018, durante a intervenção federal sob comando do general Braga Neto, no governo Temer. Um dos presos no último dia 24, o delegado Rivaldo Barbosa, foi indicado para a chefia da Polícia Civil do Rio de Janeiro pelo general Braga Neto, uma semana antes do crime.

A intervenção federal no Rio de Janeiro foi decretada por Temer em 16 de fevereiro de 2018, com a “missão” de “dar respostas duras e firmes”. Com a intervenção, as Forças Armadas assumiram a responsabilidade do comando das Polícias Civil e Militar no estado do Rio.

Da Redação

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