Deputados bolsonaristas lideram nova “guerra da vacina”

A campanha contra a vacinação dos brasileiros é a nova fase do negacionismo bolsonarista. No entanto, a difusão de fake news nas redes sociais ocorre desde o início da pandemia. A partir do exemplo do líder, a internet é cotidianamente invadida por toda sorte de mentiras. A agência Aos Fatos identificou os principais responsáveis pela difusão das informações falsas.

A análise de Aos Fatos mostra um predomínio de governistas, alinhados ao bolsonarismo mais radical, entre os parlamentares que mais difundiram desinformação sobre a pandemia. Dos 37 deputados e senadores com ao menos uma mensagem desinformativa na amostra pesquisada, 29 (78%) são apoiadores do governo Jair Bolsonaro.

Segundo levantamento do site especializado, os deputados federais Osmar Terra (MDB-RS), Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e Carla Zambelli (PSL-SP) foram os parlamentares que mais engajaram ao publicar desinformação sobre Covid-19 no Twitter desde que a OMS (Organização Mundial da Saúde) declarou a doença como uma pandemia.

Aos Fatos analisou mil tweets sobre o novo coronavírus com mais engajamento publicados por deputados e senadores entre 11 de março e 15 de dezembro. Das mensagens avaliadas, 299 (30%) tinham alguma alegação falsa ou imprecisa. Esses tweets somaram 3,3 milhões de interações (retweets e curtidas), 31% do total de 10,4 milhões da amostra analisada.

O campeão das informações falsas é o deputado Osmar Terra que negou a letalidade da pandemia até ser infectado. De acordo com o levantamento, ele postou 104 mensagens desinformativas que geraram mais de 1 milhão de interações. Com isso, foi responsável por cerca de um terço dos tweets e do engajamento desse universo. Em abril, ele já se destacava como um dos principais difusores de fake news sobre o coronavírus.

O filho do presidente, Eduardo Bolsonaro, publicou 42 tweets com informações falsas ou imprecisas que acumularam 621 mil interações. A deputada Carla Zambelli também teve 27 mensagens que somaram 312 mil curtidas e retweets. Já a deputada Bia Kicis (PSL-DF) e o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) aparecem em seguida na lista dos principais propagadores de mentiras sobre a doença.

Juntos, os cinco concentram 71,8% de todas as interações conseguidas com conteúdo falso, impreciso ou insustentável no levantamento. Osmar Terra, por exemplo, se destaca com 70% de suas postagens contendo alegações incorretas.
A concentração é ainda maior se o engajamento é usado como métrica — o grupo somou 95% das interações dos tweets com desinformação sobre Covid-19 que foram checados, segundo Aos Fatos.

O assunto mais recorrente da desinformação sobre Covid-19 disseminada por parlamentares no Twitter foi a defesa da hidroxicloroquina e outros “remédios” sem comprovação científica. A adoção do isolamento social, classificada por Terra como “quarentena inútil”, foi outro alvo da campanha de desinformação. Dados incorretos ou falsos sobre a duração da pandemia, relativização do número de mortos e, por último, sobre a vacina fecha o ciclo.

Da Redação com Aos Fatos