Dilma a jornais estrangeiros: “Não havendo razão legal para impeachment, é golpe”

Em entrevista coletiva a correspondentes internacionais do The Guardian, New York Times e El País entre outros, presidenta reafirmou que não irá renunciar

Foto Roberto Stuckert Filho

Em entrevista coletiva para jornais de seis países, a presidenta Dilma Rousseff afirmou nesta quinta-feira (24) que não há base legal para pedir o seu impeachment e reforçou que não renunciará. Por quase duas horas, a presidenta Dilma conversou com os repórteres do francês “Le Monde”, do norte-americano “The New York Times”, do argentino “Pagina 12”, do espanhol “El País”, do inglês “The Guardian” e do alemão “Die Zeit”.

A presidenta criticou a postura do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), réu na Lava Jato sob a acusação dos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro. De acordo com o jornal “El País”, Dilma afirmou que Cunha colocou o impeachment em andamento para desviar a atenção das acusações contra ele: “O presidente da Câmara, para evitar o processo de cassação, tenta maioria dentro do Conselho de Ética e ameaça o Governo. O governo não lhe dá os votos e abre-se o processo de impeachment. Eduardo Cunha foi denunciado. A Procuradoria Geral da República o associou a cinco contas no exterior dizendo ser ilegais. Não sou eu que estou dizendo, é a Procuradoria Geral da República”.

Na entrevista, Dilma Rousseff defendeu a nomeação do ex-presidente Lula ao cargo de ministro-chefe da Casa Civil e ressaltou a capacidade de negociação e articulação política dele.  Em seguida, reafirmou que a nomeação não aconteceu com o intuito de protegê-lo. Segundo ela, um ministro não está imune a investigações e questionou se a Suprema Corte “não é boa o suficiente para investigar Lula”, fazendo menção ao foro privilegiado que ganhará caso tome posse.

Golpe em curso
Segundo o repórter Thomas Fischermann, do jornal alemão “Die Zeit”, a presidente Dilma Rousseff classificou de “golpe” a tentativa de tirá-la do poder por meio de um processo de impeachment. “Ela usou essa palavra, golpe. Disse que é um golpe diferente do que ocorreu na ditadura militar, mas é um golpe” e deu como razão o fato de não haver nenhuma razão legal para o impeachment.

“O pacto entre nós é a Constituição de 1988. Ela assegura que não se pode tirar um presidente da República legalmente eleito a não ser que haja prova de crime de responsabilidade. Não tendo, é golpe contra a democracia”, Dilma

Para Antonio Jiménez Barca, do jornal “El País”, Dilma afirmou “Nós tivemos golpes militares por toda América Latina. Em um sistema democrático de Governo implica que os golpes mudam de característica. Não se trata de golpes nos termos do passado. O pacto entre nós é a Constituição de 1988. Ela assegura que não se pode tirar um presidente da República legalmente eleito a não ser que haja prova de crime de responsabilidade. Não tendo, é golpe contra a democracia”.

O jornal britânico “The Guardian” relatou em seu site que Dilma disse que não vai renunciar. “Por que querem que eu renuncie? Porque sou uma mulher fraca? Não sou. Tive uma vida muito complicada para não ser capaz agora de lutar pela democracia do meu país”, disse. Segundo o mesmo jornal, ela também ressaltou que um juiz deve ser imparcial e não pode julgar com paixões políticas, e considera ilegais as escutas feitas pela Polícia Federal, a pedido do juiz Sérgio Moro. “Violar a privacidade fratura a democracia”, afirmou.

Da Redação da Agência PT

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