Dimas Roque: Saia das redes e invada as ruas

O comodismo da sala da casa, do quarto escuro, tirou de nós o protagonismo da presença nas ruas

Paulo Pinto/Agência PT
Tribuna de Debates do PT

militância petista

Há uma lenda de que todo baiano gosta de deitar em uma rede. Mas isso é uma meia verdade. Principalmente porque a imagem remete a preguiça. O que definitivamente não é o caso desse povo que trabalha ardorosamente para manter sua casa.

Segundo a professora paulista Elisete Zanlorenzi, da PUC–Campinas, que em sua tese de doutorado disse que “preguiça baiana” é uma faceta do racismo. Diz ela também, que são nos períodos de festas que o os baianos mais trabalham. A bem da verdade, em minha casa nós temos duas redes. E elas servem para o descanso do corpo após o dia de trabalho. Também usamos para colocar nossa neta para dormir. Vem daí a associação de rede e moleza, de relaxar para nós que somos do sertão.

E talvez por essa influência da palavra “preguiça” estejamos na internet relaxados demais. Há um comodismo em usar a palavra escrita, sem maiores esforços para o corpo. Nas redes sociais, podemos dizer tudo, falar sobre todos os assuntos. Mesmo os que não entendemos direito. Basta usar o famoso “ctrl C, ctrl V” e estamos dentro dos debates. E isso vem nos bastando. Mesmo os jovens estão ficando “velhos”. O comodismo da sala da casa, do quarto escuro, tirou de nós o protagonismo da presença nas ruas. Do enfrentamento nas portas das fabricas, das escolas. Ficamos acomodados diante da tela de um computador ou de um celular. Enquanto nos acostumávamos com essa nova tecnologia, a direita as usava para mobilizar a juventude com a presença nas ruas, onde antes fomos mais fortes. Eles fizeram o dever de casa tão bem feito que ajudaram a patrocinar o golpe contra a presidenta Dilma Rousseff. Há informações de que receberam apoio financeiro, inclusive vindo de fora do país, mas eles conseguiram o que antes éramos nós que conseguíamos.

Deixar a rede é imperativo para garantirmos que nas eleições de 2018 tenhamos a consolidação da volta de um presidente legitimo e eleito pelo povo. Os grupos de mensagens no celular, em redes sociais na internet, devem ser canalizados para a denúncia permanente do golpe em curso no Brasil e também para a mobilização de todos nas ruas. Nós não devemos permanecer no mundo virtual unicamente. A nossa presença tem que ser real, nas ruas de cada cidade deste país, onde já enfrentamos a ditadura, pedimos eleições diretas e elegemos Lula e Dilma presidentes. Deixemos a preguiça de lado e invadamos as ruas do Brasil!

Por Dimas Roque, para a Tribuna de Debates do 6º Congresso. Saiba como participar.

 

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