Dirigente da CUT expõe impactos da reforma trabalhista

Edilson José Gabriel esteve nesta quarta (11) na Vigília Lula Livre para debater desmonte da classe trabalhadora promovido pelo golpista Michel Temer

Joka Madruga/Agência PT

Edilson José Gabriel, dirigente estadual da CUT-PR, na Vigília Lula Livre

Nesta quarta (11), a Vigília Lula Livre recebeu para o “Bom dia” ao ex-presidente, Edilson José Gabriel, dirigente estadual da CUT-PR e do sindicato dos bancários de Umuarama (PR). Após o bom dia, ele conduziu uma roda de conversa sobre os impactos da reforma trabalhista na classe trabalhadora.

Para o bancário, a reforma trabalhista se resume ao desmonte da classe trabalhadora do Brasil. “Quando a reforma trabalhista  chegou ao Congresso, no final de 2016, estava centrada na demanda do contratado sobre o legislado, que é quando o sindicato pode assinar uma convenção coletiva com regras inferiores às da CLT”, explica.

Segundo ele, com a apresentação do substitutivo proposto pelas entidades da indústria, como a FIEP, por exemplo, mais de 100 artigos da CLT fora alterados.

Gabriel considera que o mais prejudicial ao trabalhador é a negociação de acordos de trabalho do empregado com o patrão. “O contratado sobre o legislado. Aquilo que era o foco do governo e do empresariado se traduziu hoje em alterações da CLT. Existem várias possibilidades de negociação direta entre empresa e trabalhador, de estabelecimento de regras inferiores àquilo que está na legislação trabalhista”, coloca o bancário.

Uma dessas flexibilizações recai sobre a jornada de trabalho, também considerada pelo dirigente como um dos maiores prejuízos aos trabalhadores brasileiros depois da reforma trabalhista. Segundo ele, os patrões passaram a ter total controle sobre a jornada de trabalho, que hoje conta com várias possibilidades, tirando a estabilidade do trabalhador:

“Trabalho em casa sem controle nenhum de jornada; jornadas de 12h por 36h, o que antes era restrito a apenas algumas categorias e hoje está completamente ampliado. O patrão agora é quem dita que dia e quantas horas por dia o trabalhador vai atuar”, explica.

Desorganização nas bases

Além da retirada de direitos, a reforma trabalhista também tem o objetivo de atingir as bases organizadas pelos trabalhadores para garantir seus direitos. Exemplo disso é a retirada da obrigatoriedade do pagamento do imposto sindical, que hoje depende de manifestação expressa do trabalhador.

“A extinção do imposto sindical não veio para moralizar o sistema de financiamento das entidades sindicais. Essa medida veio pra atingir o financiamento das entidades sindicais e fragilizar essas entidades, que são as principais opositoras do golpe”, coloca o dirigente.

O outro exemplo vem desorganizar a classe trabalhadora de maneira institucional. Para o bancário, após a imposição de uma série de barreiras para o acesso à Justiça do Trabalho, a procura pelas reclamatórias trabalhistas diminuiu em decorrência da dificuldade que o trabalhador encontra não só  em preencher os requisitos para a abertura de um processo, como também a possibilidade de custear uma eventual derrota.

“Nós sempre tivemos trabalhos precarizados e sempre restou ao trabalhador, após a interrupção do contrato, recorrer à Justiça do Trabalho para garantir o pagamento dos seus direitos.”, coloca Edilson. Hoje até isso foi dificultado.

Do Brasil de Fato

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