Edinho, sobre o 8 de janeiro: “Isso não pode ser anistiado”
Nesta terça (23), presidente nacional do PT participou do programa GloboNews Debate e tratou, entre outros assuntos, dos principais desafios para reeleger Lula em 2026
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O presidente nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), Edinho Silva, participou do programa GloboNews Debate desta terça-feira (23). A conversa contou com a presença do presidente do PSD, Gilberto Kassab, e teve como tema “O Congresso e as eleições de 2026”.
Edinho começou sendo questionado pela jornalista e apresentadora Julia Duailibi sobre a participação de Lula na 80ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) e respondeu dizendo que considerou acertado o discurso do presidente. “Foi uma fala marcante, tratando dos principais temas hoje do mundo”, definiu.
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“Tratando, inclusive, dessa postura autoritária do governo Trump em relação ao mundo, não só ao Brasil […]. E eu penso que foi correta a postura do presidente Lula, tanto é que o Trump faz um gesto que todos nós esperamos que tenha prosseguimento”, acrescentou, referindo-se aos elogios que o chefe da Casa Branca direcionou a Lula na ONU, em meio à crise diplomática entre os países.
Depois, o presidente do PT lembrou que os Estados Unidos (EUA) decidiram levar adiante o tarifaço contra o Brasil, mas que, na avaliação dele, a medida drástica e injustificada ostenta cunho ideológico.
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“O governo Trump, primeiro, ele sai espalhando tarifas mundo afora: ele penalizou a China, ele penalizou a comunidade europeia, ele penalizou a Índia, ele penalizou o Japão, ele penalizou o Canadá, ele penalizou o México e penalizou o Brasil, entre outros países”, enumerou.
“Um caráter de ingerência nas instituições brasileiras e, pior ainda, afrontando a nossa soberania”, apontou Edinho, em seguida, ao mencionar o desejo de Washington nas terras-raras, no Pix e no salvo-conduto às big techs.
O presidente do PT também condenou o alinhamento automático e caudatário de integrantes da direita brasileira aos interesses dos EUA.
“Muitas lideranças, ao contrário de defender o país, atacaram o Brasil e se alinharam a todas as afrontas do governo Trump. Isso, eu penso que é um equívoco”, avaliou, ao se afirmar decepcionado com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).
“Nós esperávamos, nós, brasileiros e paulistas, que ele tivesse um papel de liderança na defesa dos interesses do povo brasileiro”, lamentou.
Eduardo Bolsonaro
Sobre a sabotagem contra o Brasil praticada pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL), Edinho argumentou que o filho 03 de Jair Bolsonaro precisa responder pelos crimes de lesa-pátria que cometeu e que a posição do PT é firme em relação a isso.
Eduardo pediu licença do cargo, em março, e mudou-se para os EUA, onde, em conluio com a Casa Branca, age deliberadamente para prejudicar a economia brasileira e tentar salvar o pai da cadeia. A população ainda aguarda a cassação do mandato do extremista de direita.
“Não só ele tem que responder perante a Comissão de Ética da Câmara, mas ele tem que responder perante o Ministério Público, porque isso caracteriza crime. Ao não defender os interesses brasileiros, defender os interesses de um outro país, quando esse país ataca o Brasil, isso está caracterizado como crime”, indicou Edinho.
Sem anistia para golpista
O presidente do PT ainda rechaçou o perdão aos radicais do 8 de janeiro. Edinho entende que a tentativa de golpe de Estado e o plano macabro para assassinar autoridades da República constituem ilícitos graves. “Nós tivemos uma eleição no Brasil. O povo brasileiro escolheu os vitoriosos, que foi o presidente Lula e o vice, Geraldo Alckmin”, observou.
“[Os bolsonaristas] não aceitaram o resultado das urnas e orquestraram um golpe. Pior: orquestraram um assassinato”, expôs, referindo-se à trama para eliminar Lula, Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). “Isso não pode ser anistiado.”
O papel do Congresso
Em determinado momento da entrevista, Duailibi questionou os convidados a respeito da chamada “PEC da Blindagem”, aprovada pela Câmara dos Deputados. Nesse momento, Edinho fez questão de assegurar que o PT foi contrário à medida: “Fui eu o porta-voz, foi o presidente do partido que foi o porta-voz […] A bancada foi contra a PEC”.
Sobre os 12 deputados federais que votaram a favor, o presidente do partido considera que se enganaram. “Quando eles perceberam que eles eram minoria, eles, publicamente, também reconheceram o erro, publicamente, voltaram atrás e se desculparam perante a sociedade”, disse.
Para Edinho, o Congresso deve se debruçar sobre questões de interesse da população, como a isenção do Imposto de Renda (IR) para quem recebe até R$ 5 mil por mês, o fim da jornada seis por um, a tarifa zero no transporte coletivo público, entre outras.
O dirigente petista mencionou as isenções tributárias desproporcionais, que, segundo ele, são responsáveis por um sistema desigual. “Não é possível nenhum país do mundo ter uma renúncia fiscal de R$ 860 bilhões/ano […]. Nós temos que perguntar quem é que não está pagando impostos”, resumiu.
Combate ao crime organizado
Por fim, o presidente do PT fez defesa enfática da administração Lula no combate à corrupção e ao crime organizado, conforme atestam as últimas operações da Polícia Federal (PF). “É um governo que enfrenta a criminalidade”, exaltou.
“É o governo que mandou a ‘PEC da Segurança Pública’ para o Congresso, que, infelizmente, não tem sido priorizada. Porque é um governo que quer uma política pública que envolva a União, que envolva os estados, que envolva os municípios”, concluiu Edinho.
Da Redação
