Eduardo Bolsonaro ataca China, principal parceiro comercial do Brasil

O deputado Eduardo Bolsonaro “contraiu vírus mental” em Miami, advertiu a nota da Embaixada da China, acusando o ex-futuro embaixador de “porta-voz” dos EUA

Najara Araújo

Em dura nota e postagem nas redes sociais, o embaixador chinês no Brasil, Wanming Yang, rebateu declaração do deputado federal que acusou a China de ser responsável pela difusão do coronavírus.

Em sua conta do twitter, o filho do presidente Jair Bolsonaro afirmou que a China preferiu “esconder algo grave” a se expor “tendo um desgaste que salvaria inúmeras vidas”.

O deputado Eduardo Bolsonaro “contraiu vírus mental” em Miami, advertiu a nota da Embaixada da China, acusando o ex-futuro embaixador de “porta-voz” dos Estados Unidos.

“As suas palavras são extremamente irresponsáveis e nos soam familiares. Não deixam de ser uma imitação dos seus queridos amigos. Ao voltar de Miami, contraiu, infelizmente, vírus mental, que está infectando a amizades entre os nossos povos”, escreveu o perfil oficial da embaixada no Twitter, citando o deputado federal.

A irresponsável manifestação do deputado Eduardo Bolsonaro afronta não apenas as relações diplomáticas e de amizade, mas também ameaça as relações comerciais com a China, fundamentais para a economia nacional.

A China é o principal destino das exportações brasileiras, segundo o Indicador de Comércio Exterior (Icomex), da Fundação Getulio Vargas (FGV), com 27,8% dos produtos exportados pelo Brasil, segundo dados divulgados em novembro de 2019. A China também é um dos maiores externos no Brasil e na América.

A diferença para o segundo colocado, os Estados Unidos, ficou em 14,7 pontos percentuais. A participação da China no comércio exterior brasileiro supera até a do bloco da União Europeia, que soma 16,3%. Latina.

“Devemos desculpas à China pela agressão injusta, absurda e subalterna do subserviente e frustrado candidato a embaixador nos EUA. A inciativa da China de enviar à Itália médicos, materiais e equipamentos é um exemplo de relação solidária entre nações civilizadas”, cobrou a ex-presidenta Dilma Rousseff em suas redes sociais.

A reação da Câmara

 

O presidente da Câmara dos Deputados, deputado Rodrigo Maia, reagiu à manifestação de Eduardo Bolsonaro. “Em nome da Câmara dos Deputados, peço desculpas à China e ao embaixador Wanming Yang pelas palavras irrefletidas do Deputado Eduardo Bolsonaro”.

“A atitude não condiz com a importância da parceria estratégica Brasil-China e com os ritos da diplomacia”, pontuou. “Em nome de meus colegas, reitero os laços de fraternidade entre nossos dois países. Torço para que, em breve, possamos sair da atual crise ainda mais fortes”, completou Maia.

Histórico das relações

 

A relação diplomática e comercial com a China foi restabelecida em 1974, durante o governo do general Ernesto Geisel, contrariando a linha dura da ditadura militar. Três anos após, a relação com a China foi um dos motivos alegados pelo general Sylvio Frota para justificar o confronto com o governo, o que resultou em sua demissão.

“O estabelecimento de relações com a República Popular da China que defende, precisamente, valores antagônicos aos nossos, feito sob Imposições, a rigor, desabonadoras para a nossa soberania, constituiu o primeiro passo na escalada socialista que pretende dominar o país”, declarou Frota em seu manifesto pós-demissão.

Na época, o atual general Heleno era ajudante de ordens do general Sylvio Frota, de acordo com o jornalista Elio Gaspari.

Xenofobia  reincidente

 

A desastrada manifestação repete a postura de xenofobia expressa anteriormente por representantes do governo Bolsonaro, durante a remoção de brasileiros de Wuhan.

Além de vitimar a população chinesa, a epidemia também tem sido usada por vários grupos xenófobos contra o país”, alertou à época nota assinada pela presidenta do PT, deputada Gleisi Hoffmann.

“O PT não concorda com este tipo de manifestação e se pronuncia pelo respeito entre os povos e pelo sofrimento do povo chinês, uma cultura milenar que tanto contribuiu para a humanidade”.

Por PT no Senado

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