Efeito Lula: em março, 38 frigoríficos foram habilitados para exportar para a China

Em visita a uma das plantas, Lula comemorou os bons resultados da política externa. “Me reuni com mais de 110 presidentes. Eu fico feliz porque esse país vai voltar a crescer muito”, disse, em Campo Grande (MS)

Ricardo Stuckert

O presidente Lula, em visita à planta frigorífica de Campo Grande (MS), nesta sexta-feira (12)

O presidente Lula acompanhou, nesta sexta-feira (12), em Campo Grande (MS), a finalização do primeiro lote para embarque de carne para a China realizado entre os 38 frigoríficos brasileiros que foram habilitados em março pelo país asiático.

A carne foi despachada a partir de uma fábrica da JBS, empresa líder global na produção de alimentos à base de proteína e que esperava desde 2018 por essa habilitação.

Abrir novos mercados no comércio internacional e ampliar os canais já existentes tem sido uma das metas do governo Lula desde o início de 2023. Nos últimos 15 meses, o Brasil celebrou a abertura de 105 novos mercados, em 50 países, mais que o dobro do registrado no mesmo período da gestão anterior, quando 50 mercados foram abertos em 24 países (Clique aqui para ver mais detalhes).

Como resultado desse processo, a China habilitou, em 12 de março, 38 novas unidades de produção para receber carne importada do Brasil, o que fez com que o número de plantas saltasse de 106 para 144.

Foram habilitadas 24 novas plantas de processamento de bovinos, oito de frangos, um estabelecimento de termoprocessamento de bovinos e cinco entrepostos. Somadas, elas vão gerar um incremento de R$ 10 bilhões na balança comercial brasileira no decorrer dos próximos 12 meses.

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Lula esteve ao lado dos ministros Carlos Fávaro (Agricultura e Pecuária) e Simone Tebet (Planejamento e Orçamento), do embaixador da China no Brasil, Zhu Qingqiao, da deputada Camila Jara (PT-MS), de outros políticos e de representantes dos trabalhadores do setor frigorífico.

O presidente destacou que a abertura de mais de 100 mercados no exterior e as novas habilitações de frigoríficos pela China são resultado da competência da política externa brasileira. Ele lembrou das viagens que fez pelo mundo no ano passado, quando se reuniu com mais de 110 presidentes estrangeiros em visitas oficiais e em reuniões de fóruns multilaterais, como o G20 e o BRICS.

“No ano passado, fiz uma viagem à China e foi extraordinário. Vamos receber agora o presidente da China, Xi Jinping, em novembro, no Brasil, e já está acertado que ele vem em uma viagem de chefe de Estado para participar do G20”, antecipou.

“Depois da China, fiz em um ano uma reunião com todos os presidentes da União Europeia e todos os presidentes da América Latina. São 66 presidentes. Depois, fiz uma reunião do G20 na África do Sul e uma dos BRICS. Depois, uma reunião com todos os países do Caricom, os países do Caribe”, prosseguiu.

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Lula disse que “isso é importante porque, quando volto, digo aos meus ministros: coloquem o que o Brasil tem para vender embaixo do braço e viaje o mundo para vender os produtos brasileiros”.

Ele afirmou ainda que o aumento das exportações brasileiras e dos investimentos estrangeiros no país têm sido fundamentais não só para as empresas, mas, principalmente, para a geração de emprego e renda e a melhoria da qualidade de vida do povo.

“Eu fico feliz porque esse país vai voltar a crescer muito. Vocês viram que a renda das famílias cresceu 11,7%. É o maior crescimento em 28 anos. E a gente vai gerar emprego na agricultura, a gente vai gerar emprego na cidade, a gente vai gerar emprego no comércio, porque a economia tem que funcionar como uma roda gigante”, disse.

Lula lamentou que o frigorífico que ele estava visitando tenha esperado desde 2018 pela habilitação chinesa e relacionou a incompetência diplomática dos governos anteriores aos retrocessos verificados no país a partir do golpe de 2016.

“Eu fico imaginando os nossos amigos chineses que vieram fazer vistoria nesse frigorífico em 2018. Eu estava preso na Polícia Federal. Eu estava preso por conta da maior mentira já contada nesse país, que a história haverá de provar, mas os chineses vieram e não abriram as exportações que tanta gente queria”, afirmou.

Riqueza

O ministro Carlos Fávaro frisou que apenas naquele frigorífico que estava sendo visitado o número de funcionários deve dobrar para 4.600 em razão da habilitação formalizada pela China. “É riqueza, emprego, felicidade na vida das pessoas. Portanto, amigos e amigas, eu estou muito feliz em poder estar percorrendo o mundo, abrindo oportunidades”, disse.

Já Simone Tebet destacou que o evento em Campo Grande simbolizava a prioridade do governo federal em promover os produtos brasileiros no exterior. “Este evento significa abrir o mercado brasileiro para o mundo. Nós vamos exportar, significa mais emprego sendo gerado aqui, mais renda”, afirmou a ministra, ressaltando também os investimentos federais na logística para melhorar e baratear o escoamento da produção.

Prioridade para Lula

As relações comerciais entre os dois países começaram a se intensificar em 2004, durante o primeiro governo Lula, quando foi criada a Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (COSBAN).

Em 2009, no segundo mandato de Lula, os dois países estabeleceram uma parceria estratégica que previa a ampliação do comércio bilateral e a cooperação em diversas áreas, como infraestrutura e tecnologia.

No mesmo ano, a China se tornou o principal parceiro comercial do Brasil e tem sido uma das principais fontes de investimentos externos no país, com destaque para os setores de eletricidade e de extração de petróleo, bem como de transportes, telecomunicações, serviços financeiros e indústria.

Mas as relações entre Brasil e China extrapolam o caráter bilateral, com a participação dos dois países em importantes fóruns de cooperação, como o BRICS.

Fruto desse esforço da política externa brasileira, o país alcançou, em 2023, o maior superávit comercial da sua história (US$ 98,8 bilhões), do qual o comércio com a China respondeu por 52%.

Recorde também em 2024

Impulsionado pelas remessas de minério de ferro, petróleo e soja, o volume exportado pelo Brasil para a China saltou 49,1% no primeiro bimestre de 2024 ante o mesmo período de 2023, aponta o Indicador de Comércio Exterior (ICOMEX), do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV/Ibre).

O ICOMEX registra que, nos dois primeiros meses de 2024, o comércio com os chineses respondeu por 43% do superávit de US$ 11,9 bilhões da balança comercial brasileira e que, em fevereiro, o Brasil registrou saldo recorde para o mês, de US$ 5,4 bilhões.

Novos esforços

Nos dias 5 e 6 de junho, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, participa, em Pequim, de uma série de reuniões da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação Português (Cosban). O objetivo é fortalecer ainda mais as relações bilaterais com a China visando, entre outros objetivos, abrir novos mercados no país asiático.

Da Redação

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