Em debate, Haddad mostrou caminho para Brasil sair da crise

Saiba as principais propostas apresentadas por Fernando Haddad, para garantir a geração de empregos, retomada das obras paradas e os direitos de volta

Ricardo Stuckert

Haddad no debate do SBT, Folha e UOL

O debate entre os presidenciáveis promovido nesta quarta-feira (26/09) pelo UOL em parceria com o jornal Folha de S.Paulo e o SBT mostrou mais uma vez quem realmente quer debater propostas para o país e quem só quer atacar outros candidatos. Quem, desses dois grupos, pretende trabalhar para a vida da população melhorar novamente e quem só está na eleição para tentar evitar que Haddad seja eleito presidente da República em 2018.

Participaram do debate os presidenciáveis Fernando Haddad (PT), Alvaro Dias (Podemos), Cabo Daciolo (Patriota), Ciro Gomes (PDT), Geraldo Alckmin (PSDB), Guilherme Boulos (PSOL), Henrique Meirelles (MDB) e Marina Silva (Rede).

Haddad afirmou que seu governo será “pautado pelo princípio de ampliar as oportunidades” e que “com trabalho e educação, sairemos de qualquer crise”. O debate contou com três blocos de perguntas, sendo dois deles com embates diretos entre os candidatos. Já o bloco intermediário foi composto por perguntas de jornalistas aos candidatos.

No início do primeiro bloco, Ciro Gomes perguntou sobre a proposta de Fernando Haddad para o desenvolvimento regional e sobre o conhecimento do candidato do PT sobre as diversas regiões do país.

Haddad destacou que viajou pelo país todo, muitas vezes acompanhando o presidente Lula, e acrescentou: “levei universidades federais para 126 municípios, além de Institutos Federais para 214 cidades do país”. Ministro da Educação de Lula e Dilma de 2005 a 2012, Haddad ressaltou que “a quantidade de creches que construímos é uma coisa extraordinária para o país”, ao lado do transporte escolar para as crianças, algumas que ainda “andavam de pau-de-arara”.

O candidato do PT à presidência abordou, em seguida, a existência de uma enorme quantidade de obras paradas em todo país: “São mais de 2.800 obras paralisadas, entre ferrovias, estradas de rodagem, linhas de transmissão, energia renovável. Nós vamos retomar essas obras para o Brasil voltar a crescer”.

O Plano de Governo de Haddad, Manuela e Lula prevê a retomada imediata das grandes obras paradas em todo o país, selecionadas por importância estratégica regional, bem como as pequenas iniciativas no plano municipal e estadual.

O estudo “Grandes obras paradas: como enfrentar o problema?”, da Confederação Nacional da Indústria (CNI), apontava para a existência de ao menos 2.796 obras paralisadas no Brasil, sendo que 517 (18,5%) são do setor de infraestrutura. A área de saneamento básico tem 447 empreendimentos interrompidos durante a fase de execução. Na sequência, aparecem obras de rodovias (30), aeroportos (16), mobilidade urbana (8), portos (6), ferrovias (5) e hidrovias (5).

Dialogando com Ciro, Haddad acrescentou que boa parte das obras estavam paralisadas “porque o Governo Temer aprovou a emenda [constitucional] que congelou os gasto públicos por 20 anos”. O presidenciável petista lembrou que isso foi feito “contando com o PSDB, e assim a gente não vai longe”. Haddad destacou que, para gerar emprego e recuperar os investimentos, “precisamos de uma reforma bancária, tributária e fiscal” – propostas presentes no Plano de Trabalho da Coligação “O Povo Feliz de Novo”.

Marina e Trabalhadores

Em sua oportunidade de dirigir uma questão a algum dos candidatos no primeiro bloco, Haddad perguntou a Marina o que ela pretende fazer na presidência para gerar empregos, além de questionar a posição da candidata da REDE em relação ao teto de gastos e à reforma trabalhista. Marina afirmou que irá fazer o país retomar o crescimento combatendo a corrupção e retomando a confiança dos investidores.

Em sua réplica, Haddad lamentou a posição que Marina teve durante o golpe do impeachment que tirou Dilma da presidência – sem crime de responsabilidade – e disse à Marina: “Quem botou o Temer lá foram vocês. O Temer traiu a Dilma e não conseguiria chegar à presidência se não fosse o apoio de vocês da oposição para tirar a Dilma da presidência por meio do impeachment”.

Ao final de sua réplica, Haddad reforçou o questionamento à candidata, perguntando se ela iria “revogar o teto de gastos e a terceirização da reforma trabalhista?”, medidas fundamentais no combate à crise na leitura de Haddad. “Geração de emprego será uma obsessão do meu governo desde o primeiro dia”, afirmou ele, destacando: “Eu participei de um governo que gerou 20 milhões de empregos”.

Visivelmente nervosa na tréplica, Marina afirmou que seu governo “vai respeitar os trabalhadores”, e que possui “compromisso com eles na prática”, afirmou ser contra a terceirização das atividades-meio (talvez a intenção dela fosse se dizer contra a terceirização das atividades-fim) e que é contra o teto de gastos na forma proposta – para ela, os gastos públicos devem ser corrigidos pela inflação e por uma parte do crescimento do PIB (Produto Interno Bruto).

No Plano de Governo de Haddad, Manuela e Lula, está destacado que “O povo tem pressa. O desemprego e a falta de renda têm de ser enfrentados imediatamente. É preciso retomar com urgência a criação de oportunidades de trabalho. Os governos Lula e Dilma criaram mais de 20 milhões de empregos. O governo Haddad irá, em seus primeiros meses de mandato, implementar o Programa Meu Emprego de Novo, visando elevar a renda, ampliar o crédito e gerar novas oportunidades de trabalho. A grande prioridade será a juventude”.

Além disso, o Plano destaca que “Para o Brasil crescer e se desenvolver, é preciso priorizar os investimentos em infraestrutura – que geram empregos e dinamizam a economia – orientados pela busca da sustentabilidade”. Nesse sentido, o Programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV) “será retomado com modificações relevantes para que possa ser uma ferramenta que contribua com a estratégia da nova política urbana”. Criado para enfrentar a crise de 2008, o programa teve resultados expressivos, pois, além de estimular a economia e gerar empregos, melhorou as condições habitacionais de milhões de brasileiros e brasileiras.

Outro exemplo nesse sentido, o Programa Bolsa Família, ajudou 36 milhões de brasileiros a deixarem a extrema pobreza. Com Temer, em 2 anos, a pobreza extrema no Brasil voltou ao patamar de 2005, ou seja, conquistas de 14 anos foram por água abaixo em apenas 2.

Haddad e Lula

No segundo bloco, em que as perguntas eram formuladas por jornalistas, Haddad foi questionado a respeito das visitas de Haddad a Lula. O jornalista perguntou se isso não reforçaria a imagem de que é um candidato “teleguiado?”, e se isso seria mantido no governo.

Haddad aproveitou a pergunta para mostrar o contrário: “Eu sou, com muita honra, advogado de Lula. Ele está preso injustamente e eu não vou descansar até que ele tenha um julgamento justo”. O candidato do PT à presidência destacou que a sentença que condenou Lula “não para de pé”

Ao trazer seu olhar sobre como a política funciona, Haddad afirmou que um “governo é composto por varias forças políticas”, que se reúnem em torno de um programa. No caso do Plano de Governo de Haddad, Manuela e Lula, esse documento foi construído a milhares de mãos, e representa o compromisso da candidatura com a melhoria da vida de milhões de brasileiros e brasileiras.

O jornalista, então, forçando ainda mais os aspectos críticos da relação entre Lula e Haddad, comparou o diálogo entre ambos frente ao papel que Paulo Guedes desempenha no caso de Jair Bolsonaro.

Haddad respondeu com firmeza: “Fui coordenador do Plano de Governo. Que era para ser do Lula. Lutamos para ele ser candidato. Agora temos o compromisso de executar esse Plano”. O documento, que está registrado no Tribunal Superior Eleitoral, será o ponto de partida para as conversas e alianças de um eventual governo Haddad. “Vou perguntar se concorda com aquela plataforma. Porque aquela plataforma é que vai tirar o país da crise”. Haddad destacou que “fomos o governo que mais gerou oportunidades e que vai fazer o Brasil ser feliz de novo”.

Em 2014, antes de a oposição passar a sabotar o país, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) registrou a menor taxa de desocupação mensal da história: 4,9%. Com Temer, esta taxa encontra-se em 12,9% (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios do IBGE) e chegou a bater 13,7% em maio de 2018 – a maior taxa da série histórica.

Nesse bloco do debate, Geraldo Alckmin, tentando construir algum caminho para o segundo turno, afirmou seu mantra de que é a melhor opção para agradar a quem quer evitar que o PT volte ao governo federal, bem como “evitar a insensatez de um candidato que não tem as menores condições, que representa o que há de mais atrasado, de intolerância, num país de grande diversidade como o Brasil”, em alusão a Bolsonaro. Sem explicar por que ele é em si a melhor opção, Alckmin segue patinando nas pesquisas.

Eficiência e Educação

No último bloco, os candidatos voltaram a fazer perguntas entre si. Meirelles começou perguntando a Alckmin sobre a demora na ampliação do metrô em São Paulo. O estado, governado por mais de 20 anos pelo PSDB hoje ainda cobre uma área relativamente pequena, especialmente se comparado com cidades de porte semelhante em outros países.

Uma vez que ficou, mais uma vez, bastante difícil para o tucano justificar os atrasos seguidos das obras do metrô paulista, vamos aproveitar a atenção do leitor aqui para destacar que os governos de Lula inovaram ao integrar as políticas de transporte às de trânsito, dando ênfase as ações voltadas aos meios coletivos e aos não motorizados.

No caso do transporte ferroviário urbano para passageiros, por exemplo, o atendimento passou de 126,2 milhões de usuários para 167 milhões entre 2002 e 2010. O Pacto da Mobilidade, lançado em 2013, disponibilizou R$ 50 bilhões adicionais, no âmbito do PAC 2 (Programa de Aceleração do Crescimento), para ações de mobilidade em mais de 50 municípios. Os empreendimentos se somaram a investimentos federais na construção de metrôs, aeromóveis, trens urbanos, VLT, BRTs e corredores de ônibus, somando mais de 3,9 mil quilômetros em obras de transporte coletivo pelo Brasil.

No novo Plano de Governo da Coligação do PT-PCdoB-PROS, a mobilidade e acessibilidade urbana são colocadas dentro da perspectiva de uma cidade ágil que valoriza a vida. “Um dos maiores desafios para assegurar o viver bem nas cidades é a mobilidade urbana, especialmente nas grandes cidades. Por isso, vamos investir em infraestrutura de mobilidade sustentável, que reduza o tempo de deslocamento das pessoas, que rompa com o paradigma excludente e poluente do transporte individual motorizado e que assegure tarifas acessíveis”.

Nesse sentido, “a prioridade do governo será apoiar a expansão e a modernização dos sistemas de transporte público, prioritariamente os de alta e média capacidade – trens, metrô, VLT, BRT e corredores exclusivos de ônibus”.

Dando continuidade ao terceiro bloco, Haddad dirigiu sua pergunta a Henrique Meirelles, do MDB. Haddad destacou que foi “ministro da educação do Lula por sete anos e abri as portas das universidades para milhões de estudantes com o ProUni, o Fies e um governo baseado em políticas de inclusão”. Perguntou então a Meirelles sobre qual seria a política de seu governo para o ensino superior.

Meirelles falou que com ele o Brasil vai voltar a crescer, gerando recursos para investimento, melhorando a qualidade e a formação dos professores. Para o candidato do MDB, durante os governos de Lula houve uma política econômica competente. “Isso que tornou possível ter condições para a educação melhorar”.

Haddad destacou que, em seu governo, buscará “investir muito no ensino médio”, ampliando as parcerias com os governos estaduais nesse sentido, com a estrutura de ensino público federal apoiando o desenvolvimento e melhoria do ensino médio nos estados e municípios. Além disso, o governo da Coligação “O Povo Feliz de Novo” manterá seu compromisso com todas as etapas da educação, partindo do princípio que a educação é um direito humano fundamental, além de um dos principais meios de acesso à cultura e um instrumento poderoso de desenvolvimento econômico e social.

Imposto de Renda Justo

Álvaro Dias (Podemos) perguntou no último bloco ao candidato do PT sobre a proposta do Plano de Governo de Haddad que prevê o Imposto de Renda Justo – que isenta quem ganha até 5 salários mínimos de pagar Imposto de Renda da Pessoa Física.

Em sua resposta, Haddad afirmou que “no Brasil o pobre paga muito imposto e o rico quase não paga. Nós vamos inverter essa lógica”. Para ele, “nesse momento de crise nós temos que ampliar a renda da classe trabalhadora”.

Haddad lembrou dos diversos programas sociais implementados pelos governos de Lula e Dilma, como o Minha Casa Minha Vida, o Luz para Todos, a Transposição do Rio São Francisco, o Mais Médicos, o Prouni e a interiorização das universidades federais e dos institutos federais. E traduziu isso em termos de distribuição de riqueza, de retorno dado pelos impostos e de combate às desigualdades: “Nós colocamos o pobre no orçamento federal”, explicando que todos esses programas, que transformaram a realidade brasileira, saíram do orçamento federal.

Para Haddad, o próximo desafio será implementar uma reforma tributária que diminua a carga de impostos da população mais pobre. “Vamos melhorar a renda disponível para classe trabalhadora pra que ela consuma mais e faça a roda da economia girar”. Haddad defendeu a importância, ainda, de se promover uma reforma bancária, que barateie e democratize o acesso ao crédito. E alfinetou o candidato do Podemos: “a esse respeito o senhor não se refere, talvez por compromissos anteriores”.

Dias incomodou-se, e respondeu afirmando que o PT aumentou impostos, que distribuiu pobreza e que não promoveu nos governos anteriores as reformas que agora propõe.

Haddad encerrou sua resposta lembrando que Álvaro Dias foi senador do PSDB, que promoveu um substancial aumento de impostos durante os governos de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002). “O senhor apoiou um governo que foi campeão no aumento da carga tributária”.

Álvaro Dias acusou o golpe e, sem fundamentar, pediu direito de resposta. O pleito foi negado pela organização do debate.

Uma vez que Dias preferiu se utilizar do tema para destilar acusações contra Lula e o PT, aproveitamos para explicar a proposta de Haddad para o Imposto de Renda Justo, que prevê a reestruturação da tabela do imposto de renda pessoa física, isentando quem ganha até cinco salários mínimos (R$ 4.770 nos valores atuais), e trabalhando no sentido de implementar um aumento das alíquotas para as pessoas mais ricas.

Ainda nesse sentido, o Plano de Governo de Haddad, Manuela e Lula compreende que as políticas monetária, fiscal e cambial devem estar voltadas a garantir o desenvolvimento econômico sustentável – e que é possível crescer, gerar empregos e distribuir renda, ao mesmo tempo em que se mantém a inflação baixa e se reduz o endividamento público.

Temas de grande importância, como a situação das mulheres e o emprego para jovens, foram objeto de debate entre os demais candidatos, e possuem atenção especial do Plano de Governo de Haddad, Manuela e Lula.

Considerações finais

No recado final aos eleitores e eleitoras, Haddad afirmou que seu governo será pautado por um princípio central de ampliar as oportunidades: “Ampliar as oportunidades de emprego, de trabalho, e ampliar as oportunidades de educação”. Para o petista, “com trabalho e educação, sairemos de qualquer crise”. É por meio do trabalho e da educação que o Brasil poderá sair da crise e ser feliz de novo, portanto. Haddad destacou, por fim, que, “nos doze anos de normalidade democrática, quando os resultados das urnas eram respeitados, geramos 20 milhões de empregos”.

Reforçando que seu mote principal na campanha é atacar o PT e não propor algo para o país, Alckmin e Álvaro Dias aproveitaram suas considerações finais para dizer que o Brasil não pode permitir a volta do PT. Ciro afirmou ser a melhor alternativa. E Alckmin pediu aos brasileiros uma grande reflexão em relação ao PT e a Bolsonaro, e que vote na candidatura tucana após isso.

Por Lula.com.br

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