Entrave a acordo entre Europa e Mercosul é novo vexame diplomático de Bolsonaro

Parlamento holandês aprovou moção contra o livre comércio entre os dois blocos por preocupação com desmatamento na Amazônia e suspeita de fraude em exportações de carne brasileira à Europa, entre outras alegações. Desastre do governo Bolsonaro segue prejudicando atuação do grupo sul-americano. Comitê de Assuntos Tributários do Congresso americano também se manifestou contra acordos comerciais do país com o Brasil em função da atuação do governo brasileiro na área de direitos humanos e meio ambiente

O congresso holandês aprovou, na quarta-feira (3), uma moção contra o acordo de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul, formado por Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai. Os parlamentares alegaram, entre outros motivos, que o tratado entre os dois blocos não possui dispositivos de proteção da Amazônia, em especial a prevenção ao desmatamento ilegal. Além disso, os deputados levantaram suspeitas sobre supostas fraudes nas operações de exportação da carne brasileira à Europa. O acordo, foi assinado no ano passado, ainda não havia sido ratificado. A moção representa um revés diplomático para o bloco sul-americano, cujo maior integrante, o Brasil, passou a ser um entrave nas relações da região.

A guinada desastrosa da diplomacia brasileira, imposta pelo governo de Jair Bolsonaro, trouxe enormes prejuízos para as relações entre os dois blocos. A decisão do parlamento holandês não é fenômeno isolado. No fim do passado, a ministra francesa do Meio Ambiente, Elisabeth Borne, já havia manifestado rejeição ao acordo por causa do Brasil. “Não podemos assinar um tratado comercial com um país que não respeita a floresta amazônica, que não respeita o Tratado de Paris [do clima]. A França não assinará o acordo do Mercosul nessas condições”, afirmou a ministra, em referência direta ao Brasil.

“Pela primeira vez, a Câmara de representantes tomou uma posição clara contra o acordo comercial, que o nosso governo era favorável. É verdadeiramente uma grande vitória para a Amazônia e para a agricultura regional sustentável”, afirmou a líder do Partido dos Animais no parlamento, Esther Ouwehand. A conclusão da análise do acordo na Holanda não deve ocorrer antes do fim de 2020, podendo até ser adiada para depois das eleições, 2021. Segundo o jornal ‘O Estado de S. Paulo’, analistas consideram pouco provável que o governo holandês peça à Comissão Europeia, com sede em Bruxelas, que renegocie o acordo depois de 20 anos de discussão. 

Comitê contra acordos EUA-Brasil 

O alinhamento cego da diplomacia  ao presidente Donald Trump não traz benefícios nem mesmo no âmbito das relações com os Estados Unidos. O Comitê de Assuntos Tributários da Câmara dos Deputados americana anunciou nesta semana que é contra acordos comerciais do país com o Brasil em função da atuação do governo brasileiro na área de direitos humanos e meio ambiente.

“Nós nos opomos fortemente a buscar qualquer tipo de acordo comercial com o governo Bolsonaro no Brasil”, afirmou o presidente do comitê, Richard Neal em carta endossada por parlamentares democratas ao representante comercial dos EUA, Robert Lighthizer. “O aprimoramento do relacionamento econômico entre os EUA e o Brasil, neste momento, iria minar os esforços dos defensores dos direitos humanos, trabalhistas e ambientais brasileiros para promover o estado de direito e proteger e preservar comunidades marginalizadas”, observa a nota.

Para o comitê, o governo Bolsonaro mostra “uma total desconsideração pelos direitos humanos básicos”. Segundo reportagem da agência ‘Reuters’, ao invés de buscar um acordo comercial com o Brasil, os deputados democratas recomendaram a Lighthizer intensificar a aplicação das leis dos Estados Unidos e expressar preocupação, junto ao governo brasileiro, sobre práticas comerciais desleais do Brasil.

Da Redação, com agências internacionais

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