Equidade salarial para mulheres retrocede pela primeira vez em 23 anos
Segundo relatório da Oxfam, entre 2016 e 2017 a desigualdade de renda aumentou e mulheres passaram a receber cerca de 70% do valor recebido por homens
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A desigualdade de renda entre homens e mulheres aumentou nos últimos dois anos, justamente após o golpe que tirou ilegalmente a presidenta eleita Dilma Rousseff do governo. Em 2016, as mulheres ganhavam cerca de 72% da quantidade recebida pelos homens, já em 2017 esse número caiu para 70%, é o que diz o relatório “País Estagnado: um Retrato das Desigualdades Brasileiras” lançado pela Oxfam Brasil.
É a primeira vez em 23 anos que a equiparação de renda das mulheres recua. Na metade mais pobre da população, a renda das mulheres teve queda de 3,7% e dos homens de 2%. Entre os mais ricos, os homens tiveram quase 19% de aumento enquanto mulheres obtiveram apenas 3,4%, um declínio de 69% para 60% entre 2016 e 2017.
O relatório mostra que no ano de 2017 o Brasil parou de reduzir as desigualdades. Segundo a Oxfam, “a universalização dos serviços públicos e da previdência, a estabilização da moeda, a inclusão educacional em parte da década de 1990, a expansão do gasto e dos programas sociais nos anos 2000, a valorização do salário mínimo e ciclos econômicos favoráveis construíram um caminho de avanços sociais, agora interrompido”.
A Oxfam também destaca a urgência da “revogação do Teto de Gastos (PEC do Fim do Mundo), um limitador para a retomada da redução de desigualdades estruturais no Brasil”. A PEC proposta por Temer congela os investimentos por 20 anos, incluindo investimentos em educação e saúde.
Desigualdade também aumentou entre grupos raciais
Em relação aos grupos raciais, a desigualdade também aumentou. Em 2016, a população negra recebia em média 57% da renda dos brancos, agora, esse índice baixou para 53% em 2017. Durante esse período, negros pobres tiveram redução de 2,5% enquanto para os brancos houve aumento de quase 3%. Para os mais ricos, afro-brasileiros receberam aumento de 8,10%, menos da metade da população branca, que teve 17,35%.
Em um cenário amplo, o relatório mostra que a roda da redução das desigualdades estacionou, em consequência disso houve aumento da mortalidade infantil, crescimento da extrema pobreza e a possível volta do Brasil ao Mapa da Fome.
Pela primeira vez em 15 anos, os 40% mais pobres tiveram variação de renda pior do que a média. Em 2017 havia cerca de 15 milhões de pessoas na extrema pobreza no país, o que representava 7,2% da população. Os números de 2017 correspondem a um crescimento de 11% em relação ao ano anterior quando existiam 13,3 milhões, o equivalente a 6,5% dos brasileiros e brasileiras.
Por conta desses números, o Brasil passou a ocupar a 9ª posição no ranking das nações mais desiguais do mundo.
O país saiu do Mapa da Fome em 2014, após a implantação de programas sociais pelo governo de Lula que, dentre várias questões, permitiu a milhões de brasileiras e brasileiros o acesso ‘a alimentação saudável e melhoria na renda. Entre os anos de 2003 e 2014, 29 milhões de cidadãos saíram da condição de pobreza, segundo o Banco Mundial.
Da Redação da Secretaria Nacional de Mulheres do PT