Ex-chefe da Lava Jato confessa apoio a Bolsonaro nas eleições

“Naturalmente, na Lava Jato, muitos entenderam que o mal menor era Bolsonaro”, admitiu o ex-procurador chefe da Operação Lava Jato,  em “delação” espontânea à jornalista Renata Lo Prete, no programa Globo News Painel 

Foto: Sérgio Lima

O ex-ministro Sérgio Moro e o presidente Jair Bolsonaro

Em entrevista à jornalista Renata Lo Prete, no programa Globo News Painel, o ex-procurador chefe da Operação Lava Jato, Carlos Fernando dos Santos Lima, confessou que a Operação apoiou o candidato Jair Bolsonaro nas eleições de 2018. “Naturalmente, na Lava Jato, muitos entenderam que o mal menor era Bolsonaro”, admitiu ele, afirmando que seria muito difícil “ser a favor de um candidato (Fernando Haddad, do PT) que vinha de um partido que tinha o objetivo claro de destruir a Lava Jato”. A “delação” espontânea do ex-procurador ocorreu em meio ao embate entre o presidente Bolsonaro e o ex-ministro Sérgio Moro.

A confissão pública do ex-procurador mostra que quem tinha “objetivo claro” eram os operadores da Lava Jato. Sob comando do ex-juiz e ex-ministro, Sérgio Moro, atuaram para afastar Lula do processo eleitoral. “Não pode haver inversão da história. O Bolsonaro é filho do Moro, e não o Moro cria do Bolsonaro”, afirmou sabiamente o ex-presidente Lula, em seu perfil de Twitter. Para Lula,”nessa disputa toda, os dois são bandidos, mas é o Bolsonaro que é a cria e não o contrário. E os dois são filhos das mentiras inventadas pela Globo”. A parcialidade da Operação Lava Jato já havia sido denunciada na série “Vaza Jato”, publicada pelo site The Intercept Brasil.

Em nome do falso objetivo de “combater a corrupção”, a Operação Lava Jato serviu a interesses políticos e econômicos internos e externos. Agindo ilegal e criminosamente, cumpriu papel decisivo para viabilizar o golpe de Estado que afastou a presidenta Rousseff do governo, em 2016. Disparada em 2104, durante o processo eleitoral, a Lava Jato operou à revelia das leis nacionais e internacionais, método que se tornou conhecido como law fare. Os procuradores operaram em estreita relação com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos. As sucessivas idas e vindas do ex-juíz Sérgio Moro reforçaram a suspeição da indevida colaboração.  

Além de cumprir seu objetivo estratégico de afastar o ex-presidente Lula e, com isso, garantir a eleição de Jair Bolsonaro, a operação Lava Jato causou outros males irreparáveis ao país. A ofensiva “destruiu a indústria da construção civil no Brasil” e deu “prejuízo de R$ 142 bilhões na economia brasileira”, afirmou Lula em entrevista ao portal UOL, quando se encontrava preso. Em 2014, no governo da ex-presidenta Dilma Rousseff, quando teve início as fases da Operação Lava Jato, o Brasil detinha a menor taxa de desemprego da história, 4,3%. “O crime maior da Lava Jato, além de ter perseguido, demolido pessoas sem provas, foi o fato de ter acabado com o emprego”, definiu o senador Jaques Wagner (PT-BA), no final do ano passado.

Em sua entrevista, o ex-procurador Carlos Fernando tenta justificar a opção, dizendo que “infelizmente, no Brasil, nós vivemos um maniqueísmo, né?”. Se a opção fosse entre o bem e mal, como sugere o ex-procurador, a Operação Lava Jato escolheu ficar do lado do mal. Quatro anos após o golpe de Estado, o governo eleito com o agora confesso apoio da Operação mostra completa incapacidade em enfrentar a pandemia e suas consequências sociais e econômicas. Assim como a Operação Lava Jato, prefere o pior para o Brasil: a submissão ao sistema financeiro internacional, o alinhamento servil aos Estados Unidos e a recessão e o desemprego.

Da Redação

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