FMI: Brasil terá “pibinho” abaixo da média da América Latina

FMI prevê que Brasil crescerá só 0,8% este ano e 1,4% em 2023. Projeção para a América Latina e Caribe é de 2,5% nos dois anos. Inflação do país será uma das mais altas do mundo, também diz o fundo

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Brasil terá um dos PIB mais baixos e uma das inflações mais altas, diz FMI

O conflito no leste europeu afetou negativamente as projeções de crescimento econômico em 2022 dos países diretamente envolvidos no episódio. Mas os números atualizados do relatório Perspectiva Econômica Mundial, do Fundo Monetário Internacional (FMI), continuam apontando que, mesmo sem guerra, o desempenho da economia brasileira será medíocre, acima só de Rússia (queda de 8,5%), Ucrânia (perda de 35%) e “Economias emergentes e em desenvolvimento da Europa” (recuo de 2,9%).

Na nova versão do documento, apresentado na terça-feira (19), o FMI elevou a previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro do 0,3% anunciado em janeiro para 0,8% em 2022. A revisão para cima foi motivada pela alta nos preços de commodities – especialmente alimentos – após a eclosão do conflito. O FMI vê um ganho de curto prazo não apenas para o Brasil, mas para todos os países exportadores de commodity, como Chile e África do Sul.

No entanto, o resultado ainda representa a metade da previsão de 1,5% divulgada em outubro de 2021 pelo fundo. Desde então, a deterioração dos fundamentos econômicos no Brasil de Jair Bolsonaro e seu ministro-banqueiro Paulo Guedes se acelerou.

O ciclo infernal de inflação de dois dígitos e aumento acelerado da taxa básica de juros (Selic) já travava a economia no fim de 2021. A pressão inflacionária da flutuação de preços de combustíveis e fertilizantes gerada pela guerra, sobre um país que dolarizou preços dos combustíveis, reduziu a capacidade de seu parque de refino e abriu mão da expansão das fábricas de fertilizantes, alimentará o ciclo enquanto a guerra perdurar.

Se confirmada a previsão do FMI, o Brasil encerrará o último ano do “mandato” de Bolsonaro com uma das menores taxas de crescimento na América Latina e Caribe. A ela se somarão uma inflação de 8,2% e desemprego de 13,7%.

Para 2023, a projeção de crescimento brasileiro caiu de 1,6% para 1,4%. Ambas as previsões estão abaixo do previsto para a região da América Latina e Caribe, que é de 2,5% para ambos os anos, e do México, que é de 2% para 2022 e 2,5% para 2023.

Inflação será pior no Brasil

O FMI também reduziu a expectativa de crescimento mundial em 2022 para 3,6%, uma queda de 0,8 ponto percentual em relação à previsão de janeiro, antes da eclosão do conflito no leste europeu. Além de 2023, o crescimento global deverá cair para cerca de 3,3% no médio prazo.

Os aumentos nos preços das commodities induzidos pela guerra e as crescentes pressões sobre os preços levaram a projeções de inflação para 2022 de 5,7% nas economias avançadas e 8,7% nos mercados emergentes e economias em desenvolvimento – 1,8 e 2,8 pontos percentuais acima do projetado em janeiro passado. Mas ainda assim, em nível abaixo da carestia no Brasil.

O FMI nota ainda que a guerra na Ucrânia pode acelerar um processo de “desglobalização da economia”, iniciado ainda durante a pandemia, o que levaria à perda de eficiência produtiva e a uma maior demora para que os países se recuperem das perdas causadas pelas ondas de covid-19.

“A guerra também aumenta o risco de uma fragmentação mais permanente da economia mundial em blocos geopolíticos com distintos padrões tecnológicos, sistemas de pagamento e moedas de reserva. Tal ‘deslocamento tectônico’ causaria perdas de eficiência, aumenta a volatilidade e representa um grande desafio para o quadro que tem governado as relações internacionais e econômicas nos últimos 75 anos”, analisa o relatório do FMI.

Da Redação

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