Gabas: Destruição da Previdência só será barrada com trabalhador na rua

Ex-ministro da Previdência dos governos Lula e Dilma aponta as razões para que o povo se mobilize contra as alterações na aposentadoria propostas pelo governo

Elineudo Meira

Carlos Gabas em debate sobre Previdência

Enquanto a equipe econômica de Jair Bolsonaro se articula para conseguir apoio no Congresso na tentativa de garantir a reforma da Previdência, a aposentadoria do povo brasileiro segue sob forte ameaça. Considerada a principal luta da Oposição neste já problemático início do atual governo, a pauta é alvo frequente de fake news e só será barrada caso o trabalhador brasileiro se mobilize para preservar este que é um direito garantido pela Constituição.

A avaliação é do ex-ministro da Previdência dos governos Lula e Dilma Carlos Gabas, convidado a palestrar sobre o tema nesta segunda-feira (18) em evento realizado no Sindicato do Engenheiros no Estado de São Paulo.  “A única maneira de barrar a destruição da Previdência é com o trabalhador na rua. Não tem outro jeito. E a primeira coisa que precisamos deixar claro é que a Previdência Social Brasileira não está quebrada. O Temer ficou batendo nesta tecla e o Bolsonaro está indo para o mesmo caminho. O problema é que eu ouço a mesma coisa desde 1985, quando comecei minha carreira”, reitera.

Gabas, que estudou e comparou sistemas previdenciários de diversos países, garante que o modelo brasileiro não é nem nunca foi deficitário, tampouco corre o risco de quebrar: “O governo tenta convencer os trabalhadores que a Previdência é um problema para o país. Posso dizer para vocês, conhecendo sistemas previdenciários do mundo todo, que a nossa não é problema. Pelo contrário. É parte da solução”.

Solução, prossegue o ex-ministro, justamente por ser um sistema de repartição simples que a torna referência no mundo – em suma, o modelo brasileiro propõe um pacto direto entre gerações em que trabalhadores ativos (geração atual) pagam os benefícios dos inativos (geração passada).  “O governo diz que a Previdência não se sustenta porque a população está envelhecendo e vivendo mais. Isso começou justamente quando houve melhorias nas condições de vida da população a partir do governo Lula. O problema é envelhecer sem política pública para proteger o idoso. Tem de haver políticas que não deixem o idoso à margem, num depósito humano sem condições alguma”, enfatiza.

O ex-ministro propõe a completa manutenção do sistema vigente e ainda sugere que o governo atual se preocupe em trabalhar para diminuir a desigualdade social. “Para que serve o Estado brasileiro? E a quem serve? O que vemos é a disputa pelo orçamento da União. A elite quer continuar dona do recurso que é arrecadado pela sociedade. Por isso, é preciso trabalhar para reduzir desigualdades e criar políticas públicas que sejam amplamente debatidas com a sociedade. No nosso governo a filha da empregada negra virou médica e a Previdência nunca foi ameaçada”.

Gabas insiste em enfatizar que o “dinheiro da seguridade é só da seguridade. Dá para reorganizar a Previdência sem tirar direito, desmontar, desproteger. Se aprovarem esta reforma é o mesmo que dizer que acabou a aposentadoria. Ela vai literalmente empurrar o trabalhador para a morte no futuro”.

Por Henrique Nunes da Agência PT de Notícias

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