General Heleno deve ser convocado para esclarecer espionagem à Igreja

De acordo com o líder do PT na Câmara, Paulo Pimenta, o general e chefe do GSI tem de explicar porque “está utilizando servidores públicos com finalidades político-ideológicas”

Reprodução/Brasil247

General Augusto Heleno

O deputado Paulo Teixeira (PT-SP) informou nesta segunda-feira (11) que vai representar o chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, “por crime de improbidade administrativa no episódio da espionagem das atividades da CNBB”.

O parlamentar disse ainda que vai apresentar requerimento convocando o chefe do GSI para explicar a denúncia em depoimento na Câmara dos Deputados. “Ele está utilizando servidores públicos para espionagem com finalidades político-ideológicas. Vou também convocá-lo para que ele se explique”, adiantou.

Segundo reportagem divulgada no Estadão neste domingo (10), a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) tem espionado as atividades da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e cardeais católicos por supostamente estarem promovendo uma “agenda de esquerda”.

Entre os pontos dessa agenda estariam a situação de povos indígenas, mudanças climáticas provocadas por desmatamento e quilombolas. “Estamos preocupados e queremos neutralizar isso aí”, disse o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno.

Todos estes temas serão tratados durante 23 dias, no Vaticano, no encontro Sínodo sobre Amazônia, que reunirá em Roma, em outubro, bispos de todos os continentes. A publicação informou que relatórios da ABIN e de comandos militares chegam a citar encontros de cardeais brasileiros com o Papa Francisco, no Vaticano, para preparar o encontro sobre a Amazônia.

Além de Pimenta, outros parlamentares petistas demonstraram preocupação com a ação de espionagem praticada pela Abin. O deputado Bohn Gass (PT-RS) defendeu a convocação do general Augusto Heleno. “Chefe do Gabinete de Segurança Institucional do governo Bolsonaro, general Augusto Heleno, deve ser convocado ao Congresso para dar explicações sobre espionagem de cardeais da CNBB. Perseguir pessoas que atuam em favor povo é comportamento abjeto, criminoso, típico de ditaduras”, ressaltou.

Projeto autoritário de poder

A deputada Margarida Salomão (PT-MG) destacou que para ao atual governo tudo serve de justificativa para atitudes criminosas. “No governo Bolsonaro é assim: basta dizer que houve ‘violenta emoção’ para autorizar o assassinato de pessoas. Basta alegar ‘interferência indevida’ para praticar crime de espionagem contra a Igreja Católica”, criticou.

Já o deputado Reginaldo Lopes (PT-MG) escreveu que a ação do governo é autoritária. “Até a Igreja Católica está sendo espionada pelo governo federal, como revelou ontem reportagem do Estadão. E o governo admite isso de forma descarada. Trata-se de um projeto autoritário de poder que cassa de forma assustadora as liberdades individuais e coletivas”, afirmou.

O deputado Afonso Florence (PT-BA) classificou a atitude do governo Bolsonaro como um escândalo. “Espionar a CNBB, por qualquer motivo, é ‘arapongagem’. Um escândalo! Minha solidariedade à CNBB!”, disse.

O deputado Alexandre Padilha (PT-SP) destacou que essa não é a primeira perseguição do governo Bolsonaro a um setor da sociedade. “Depois de incitar perseguição a professores, agora são os padres. Em breve, será lançado o Igreja Católica Sem Partido”, ironizou.

Por PT na Câmara

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