Gleisi: Globo está preparando outro golpe?

Presidenta do PT critica clima de caos criado pela empresa: “estão dizendo que vai ter desabastecimento e as pessoas correm para o mercado”

Roque de Sá/Agência Senado

Gleisi Hoffmann

A senadora e presidenta nacional do PT, Gleisi Hoffmann (PT-PR), criticou o clima de caos criado no país pela Rede Globo devido à greve dos caminhoneiros. Em discurso ao plenário nesta quinta-feira (24), ela questionou se a empresa de comunicação não estaria se preparando para “dar um golpe de novo no Brasil”.

“Porque não tem pouca gente falando aí, atrás da greve dos caminhoneiros, em um golpe militar, chamando os militares para assumir. É isso que vocês vão fazer de novo? Como vocês fizeram em 1964? É nessa crise de novo que vocês vão jogar o País? Tenham responsabilidade”, disse Gleisi, lembrando a hipocrisia da emissora que apoiou a ditadura militar e o impeachment da presidenta Dilma Rousseff.

Ela destacou que a emissora Globo News, que faz parte do grupo de comunicação, reforça a todo momento os sucessivos aumentos da gasolina e o risco de desabastecimento. “Isso está causando filas nos postos de gasolina e que o preço do litro do combustível chegue a R$ 9,80. Estão dizendo que vai ter desabastecimento. As pessoas estão correndo para o mercado, elevando o preço do alimento”, afirmou.

“Nós estamos entregando a Petrobras, estamos entregando as nossas refinarias, inclusive, para as empresas americanas, para as grandes petroleiras. E estamos importando diesel, estamos importando gasolina, porque abrimos mão do refino. Que espécie de país é este? Que governo de quinta categoria é esse, que abre mão da sua soberania? Que país faz isso?”, questionou a presidenta.

A presidenta do PT questionou se essa movimentação era medo do ex-presidente Lula ganhar as eleições. Segundo ela, Lula ganhará a eleição preso porque foi o único presidente que olhou para os pobres, incluindo-os no Orçamento do governo federal.

Responsabilidade do Senado

Gleisi Hoffmann também cobrou responsabilidade do Senado a votar pautas que dialoguem com a crise do país. Entre as propostas, ela quer que sejam tratados temas como a limitação da Petrobras de não fazer o reajuste dos preços dos combustíveis e a regulamentação dos juros do cartão de crédito.

“Ou a pauta deste Senado vai dialogar com a crise do País, ou, então, vamos ter que aceitar o povo dizer na nossa cara que nós não servimos para nada, que o Congresso Nacional não serve, porque é isso que está acontecendo. Nós temos que nos dar o respeito”, acrescentou.

Segundo a senadora, depois que a Constituição foi rasgada após o impeachment da presidenta Dilma, nunca mais ouve equilíbrio no país.

Nota pública

Partidos da esquerda divulgaram, nesta semana, uma nota pública criticando os retrocessos no país nos dois anos de gestão Temer. Segundo as lideranças partidárias, o aprofundamento da crise econômica e social é “responsabilidade exclusiva do governo federal e dos partidos que sustentam sua agenda antipopular e antinacional”.

Confira a nota na íntegra:

Governo Temer: dois anos de ataques aos direitos

Na última semana o governo Temer completou dois anos de ataques à democracia, à soberania e aos direitos sociais. Sua agenda de retrocessos tem como alvos imediatos os direitos trabalhistas e previdenciários, o patrimônio nacional, a legislação ambiental e a capacidade de atuação do Estado, cuja soma coloca em questão os direitos da pessoa humana, característica típica de projetos autoritários.

Não causa estranheza, portanto, que o governo Temer lidere uma agenda ultraliberal que busca assegurar um novo ciclo de exploração desenfreada do povo brasileiro e de seus recursos naturais estratégicos, subordinando o país aos ditames do capital internacional, especialmente o financeiro.

No plano econômico, essa agenda aprofundou de forma dramática a recessão, a desigualdade e a miséria. A estagnação do PIB no primeiro trimestre demonstra que os cortes de investimentos só fizeram ampliar a crise econômica. O aumento do desemprego e as ameaças de uma crise cambial tornam o futuro ainda mais incerto. A explosão no preço dos combustíveis – nada menos que onze reajustes em apenas dezesseis dias – mostra os efeitos do ciclo de entrega do patrimônio público, particularmente visível no caso das refinarias da Petrobras.

Por tudo isso, o governo Temer tem sofrido o rechaço da imensa maioria do povo brasileiro e só se sustentou, até aqui, graças a uma base fisiológica na Câmara dos Deputados, que arquivou duas denúncias de corrupção contra ele.

Nos últimos meses, porém, os setores democráticos conquistaram importantes vitórias. A derrota da proposta de reforma da previdência de Temer e, mais recentemente, a impossibilidade de privatização da Eletrobrás, mostra que a frente democrática formada pelos partidos de oposição tem cumprido importante papel no parlamento. A atual luta contra o “PL do Veneno”, que flexibiliza as regras para certificação de agrotóxicos, é mais um capítulo da luta da democracia contra a barbárie, que une diferentes partidos, movimentos e lideranças em nosso país.

A Frente Nacional pela Democracia, Soberania e Direitos, composta pelos partidos abaixo representados e reunida neste dia 23 de maio , reafirma seu compromisso indeclinável com a defesa de um Brasil justo e soberano, ao tempo em que denuncia o aprofundamento da crise econômica e social, responsabilidade exclusiva do governo Temer e dos partidos que sustentam sua agenda antipopular e antinacional.

Carlos Lupi
Partido Democrático Trabalhista
Carlos Siqueira
Partido Socialista Brasileiro
Edmilson Costa
Partido Comunista Brasileiro
Gleisi Hofmann
Partido dos Trabalhadores
Juliano Medeiros
Partido Socialismo e Liberdade
Luciana Santos
Partido Comunista do Brasil

Do PT no Senado

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