Guedes frustra expectativas e geração de empregos formais desacelera
Números do Caged em julho estão abaixo dos registrados em junho deste ano e em julho de 2021. Também houve queda na comparação do acumulado do ano
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O represamento da demanda, devido às medidas de isolamento social e ao empobrecimento geral da Nação desde 2020, fez o setor de serviços puxar o saldo de geração de empregos formais em julho. Mesmo assim, o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgado nesta segunda-feira (29) pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social, frustrou as estimativas dos analistas econômicos.
Conforme o levantamento, cuja metodologia foi alterada em janeiro de 2020 pelo ministro-banqueiro Paulo Guedes, a economia brasileira criou 218,9 mil empregos com carteira assinada em julho, como fruto de 1,887 milhão de admissões e 1,668 milhão de desligamentos. Sob várias bases de comparação, o resultado é negativo.
Quero voltar pra esse país voltar para gerar emprego. A gente vivia uma situação que o trabalhador mais pobre tinha recebido 80% de aumento. Não era tudo, mas fizemos o governo de maior inclusão social da história. #LulaNaBand #DebateNaBand
— Lula 13 (@LulaOficial) August 29, 2022
O número ficou bem abaixo da expectativa em pesquisa da agência Reuters, de criação líquida de 260 mil empregos. Também é negativo se comparado a junho, quando foram abertas 277.944 vagas de emprego formal. E apresenta piora ainda em relação a julho do ano passado, quando foram criados 306,5 mil empregos formais.
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Ainda conforme o Ministério do Trabalho, 1,56 milhão de vagas formais de emprego foram criadas no país entre janeiro e julho. Esse número também recuou na comparação com o mesmo período de 2021, quando foram criadas 1,79 milhão de vagas.
Em julho de 2020, em meio ao isolamento da primeira onda da Covid-19, foram abertos 108,4 mil empregos com carteira assinada. A comparação dos números com anos anteriores a 2020 não é mais adequada, devido à mudança de metodologia.
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Antes do golpe, em 2016, o Caged, que registra dados informados pelas empresas, contabilizava apenas empregos formais, com carteira assinada e por prazo indeterminado. Depois da destituição da presidenta Dilma Rousseff, passou a contabilizar também a nova modalidade de contratos, os intermitentes, legalizados pela “reforma trabalhista” de Michel Temer.
O contrato intermitente é contabilizado pelo Caged apesar de permitir que o patrão chame o trabalhador apenas quando precisar. Pode ser apenas nos fins de semana, por exemplo, ou quando a produção aumentar. O empregado não trabalha os 21 dias úteis de cada mês e pode ganhar menos de um salário mínimo por mês.
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Em janeiro de 2020, já sob o desgoverno Bolsonaro, as empresas obrigatoriamente passaram a incluir no Caged os trabalhadores com contratos temporários. São vagas com períodos que costumam ser curtos e, portanto, podem ser extintas, mudando rapidamente o panorama do emprego no Brasil.
“Até 2019 a empresa não era obrigada a informar as categorias de trabalhos temporários. A obrigação tornou a pesquisa mais ampla, e não se pode comparar um ano com outro”, explica a economista e técnica do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Rosângela Vieira.
Da Redação, com informações da CUT