Haddad condena mídia parcial e debates políticos desqualificados

Para prefeito de SP, a partidarização da imprensa prejudica o jogo democrático no País. Ele criticou intolerância política e voltou a defender Dilma

Foto: Cesar Ogata / SECOM

Em entrevista à “Rádio Brasil Atual, o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), criticou o papel da mídia na cobertura política do País. As ações positivas de sua gestão, explica o prefeito, nunca receberam destaque na imprensa tradicional.

Como exemplos, Haddad lembrou da renegociação da dívida com a União, o Plano Diretor e as políticas de combate a desigualdade social.

“Sempre houve lado. Faz parte da liberdade de imprensa ter lado, desde que ela deixe claro ao leitor que é opinião dela”, ponderou.

“Mas isso não pode afetar a informação. Mas tem uma partidarização no País que está afetando as instituições. E não é só com a imprensa. Isso prejudica o jogo democrático e o debate de ideias para que o eleitor tome sua decisão”.

O prefeito de São Paulo também criticou a cobertura enviesada dada a temas como redução de velocidade em avenidas e abertura de vias à população durante os fins de semana.

“Fizeram campanha contra a Paulista Aberta. Hoje é um sucesso. O que apanhamos por redução de velocidade não está no gibi. Não vi nenhum veículo de comunicação divulgar que os 50 quilômetros por hora são recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS). Segurança no trânsito não devia ser partidarizada”, afirmou.

Segundo dados da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), as marginais Tietê e Pinheiros tiveram juntas redução de 32,8% no número de mortes, no comparativo entre os anos de 2014 e 2015. Em toda a capital, a redução do número de mortes no trânsito foi de 20,6%.

Para ele, é fundamental o Brasil ter uma imprensa transparente. “Não acho que precisamos esperar imparcialidade. A imprensa precisa ser transparente. A opinião é essa, mas a informação estando correta, tudo bem. Mas quando partidariza a reportagem não dá”, observou.

Haddad também criticou a “blindagem” sobre o governo de Geraldo Alckmin (PSDB). De acordo com sua análise, se exige da prefeitura ações que deveriam ser tomadas pelo governo do estado.

“O governo estadual é blindado. Não se discute o governo estadual. Então, a população não tem culpa, porque não tem informação. As pessoas realmente não sabem. Chegam em mim e dizem ‘o monotrilho não fica pronto‘, ‘estou sem água’, ‘precisa investir em segurança’. Na campanha vão poder comparar. Enquanto abrimos creches, eles estão fechando escolas. Enquanto criamos faixas de ônibus, eles não abriram nenhuma estação de metrô”, afirmou.

 

Baixo nível do debate
O prefeito afirmou que houve um movimento da elite nacional para nivelar por baixo o debate político, esquecendo propostas das figuras políticas e tornando a todos potencialmente suspeitos.

“Eu entendo que foi tomada uma decisão política pelo establishment, de suprimir a contradição política no País. Não é derrotar. Porque derrotar é pôr ideias em debate, um dos lados vence. É a supressão da representação política dos debaixo que, pela primeira vez em 500 anos, conseguiram encontrar uma voz”, afirmou.

De acordo com o prefeito, essa ação fomentou o crescimento da intolerância e não foi vantajosa para partidos, empresas ou para a sociedade.

“As pessoas já não conseguem discernir. Estão jogando todos na vala comum. E, em vez de fortalecer propostas, você está enfraquecendo a todos, políticos e também empresários. Não tem ninguém ganhando com isso”, analisou.

As eleições municipais deste ano, diz Haddad, serão marcadas pela difamação em redes sociais. O prefeito, porém, espera conseguir maior inserção nas redes sociais e utilizar o período eleitoral para superar a “barreira midiática” sobre sua gestão.

“Terei de usar a campanha para reverter três anos de pancadaria. Porque se perdeu o pudor. É muito difícil concorrer com emissoras de TV que têm candidato próprio. São concessões públicas que têm candidato próprio. Que vêm fazendo reportagens muito baixas com objetivos políticos”, afirmou.

Não ao golpe
O petista também defendeu que a presidenta eleita, Dilma Rousseff, conclua o seu mandato. “Do ponto de vista do presidencialismo, a preservação do mandato é muito importante. Sei dos constrangimentos da presidenta no debate com os movimentos. Mas se não cometeu crime, termina o mandato.”

Para ele, fica a cada dia mais claro na sociedade que houve um golpe e essa ideia já está consagrada em boa parte da imprensa internacional. “Até jornalistas conservadores escreveram que houve ruptura. Não sei se arrependidos, mas percebendo o que houve. Na imprensa internacional, está mais claro de que houve ruptura engendrada”, afirmou.

Ouça a entrevista:

Da Redação da Agência PT de Notícias, com informações da Rede Brasil Atual

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