Haddad derrubou muro existente para a periferia, diz Padilha
Sexta maior cidade do mundo, São Paulo é a única com compromisso em oferecer saúde universal e gratuita para toda a população
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A gestão do prefeito Fernando Haddad (PT) tem trabalhado para universalizar o acesso à saúde em São Paulo e para derrubar a barreira que separava o centro expandido das periferias. É esta a avaliação do secretário da Saúde do município, Alexandre Padilha (PT).
“Existe uma permanente preocupação em derrubar o muro que tinha na cidade de São Paulo. O muro do acesso à saúde por áreas enormes da cidade não tinham acesso à saúde”, afirmou, em entrevista à Agência PT de Notícias.
Isto é possível, diz Padilha, graças a um investimento recorde na saúde e à articulação das políticas de outras áreas que impactaram positivamente a saúde e a qualidade de vida. O exemplo mais forte é a redução da velocidade nas marginais, que diminuiu o número de acidentes e de internações.
Haddad é também o primeiro prefeito da história democrática a ter construído e colocado para funcionar um hospital na periferia. Ele deve entregar mais uma unidade até o fim do ano e ainda está contruindo o terceiro (Brasilândia).
Entre a lista de conquistas, o secretário cita que foi zerada a fila existente na cidade para cirurgias pediátricas e a criação da Rede Hora Certa, incluindo 26 unidades de Hospital-Dia em funcionamento.
Abaixo os principais temas da entrevista:
Saúde
O primeiro desafio é justamente o tamanho da cidade de São Paulo. Para se ter uma ideia, São Paulo é a sexta maior cidade do mundo – nenhuma das 5 cidades que são maiores que São Paulo tem um compromisso de levar saúde universal e gratuita para toda sua população. Da vacinação até transplante, tratamento de câncer, urgência, emergência, o Samu.
Em segundo lugar, nós herdamos uma dívida de cerca de R$ 500 milhões na saúde que a gestão anterior deixou.
Tem também um processo que não existiu em nenhuma outra capital do país. Desde que começou a existir o Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil, a cidade de São Paulo tem interrupções do SUS. As outras cidades avançaram mais ou menos no acesso, na qualidade de seus serviços, no tratamento à população, mas nenhuma delas teve interrupções institucionais do SUS como São Paulo teve.
O outro desafio foi o período em que o prefeito Haddad assumiu para cá. Tivemos recessão no estado de São Paulo – o estado de São Paulo entrou em recessão antes do Brasil inteiro – e em 2015, 2016, recessão no nosso país.
Dividimos a gestão da saúde no município em quatro grandes eixos. Retomar este casamento da cidade de São Paulo com o SUS.
Retomamos a capacidade da gestão pública. Onde tem Organizações Sociais de Saúde (OSS) passou a ter chamamento público para a OSS participar. Se não garante equipe mínima, tem desconto desta OSS. Coisas que não existiam antes.
Segundo, fazendo um grande esforço para reduzir o tempo de espera do cidadão, seja na atenção básica, seja em um exame de complexidade, na cirurgia, e a grande estratégia para isto foi a criação da Rede Hora Certa, que tem o Hospital Dia, com 26 em funcionamento. No mesmo Hospital-Dia, a pessoa faz cirurgia, faz exame, consulta com especialistas, de forma que as cirurgias eletivas possam ser feitas neste Hospital Dia, a pessoa não precisa ficar internada.
Assim, zeramos a fila que tinha na cidade de São Paulo para cirurgias pediátricas. Neste ano, vamos garantir que uma pessoa que estava esperando uma cirurgia de catarata espere 30 dias só para a definição de sua cirurgia. Aceleramos muito as cirurgias de varizes e distribuímos estes Hospitais-Dia na periferia de São Paulo.
Também no esforço de ampliar a presença destes profissionais na atenção básica, nas UBS, nos bairros, junto com a ação dos Mais Médicos – temos 250 médicos do Mais Médicos aqui – permitiu que a gente reduzisse o tempo de espera para marcar a primeira consulta. Isto caiu de 33 dias, em média, para 19 dias. Aumentamos em 1.8 milhões a mais de consultas na atenção básica, em comparação com 2012 por ano.
O terceiro grande eixo foi reorganizar nossa cidade e o sistema de saúde, como ele funciona, como ele acolhe as pessoas. Então, criar um sistema municipal de saúde com capacidade de acolher formas diferentes de se viver na cidade. Por exemplo, o acolhimento da população imigrante. Temos hoje 300 unidades que acolhem a população imigrante e estão se preparando para falar a língua, entender uma nova cultura, ter materiais específicos de orientação, do calendário de vacinação, pré-natal.
O Hospital Municipal de M’Boi Mirim, na zona sul, ganhou quatro novas salas cirúrgicas, permitindo dobrar a quantidade mensal de procedimentos realizados na unidade. Os novos equipamentos já permitiram a realização, desde dezembro de 2015, de 334 cirurgias eletivas gerais, pediátricas, ginecológicas e de otorrino.
Atendimento LGBT
A gente reorganizou as Unidades Básicas de Saúde (USB) para atender à população LGBT, sobretudo população travesti e trans, que tinha muita dificuldade para entrar na Unidade de Saúde por conta do horário de trabalho. São Paulo tem a primeira secretaria municipal a colocar hormonoterapia no SUS.
Descobrimos que 40% da população travesti e trans fazia uso de hormônio de forma clandestina ou privada, sem ter acompanhamento médico adequado. Isto gerava uma série de consequências nocivas para a saúde destas pessoas. Diabetes, pode levar até a alguns tipos de câncer. Então a gente introduziu alguns tipos de hormônio pelo SUS na cidade de São Paulo, cuidando da população.
População em situação de rua
Criamos os Consultórios na Rua, que são equipamentos que saem às ruas para cuidar de pessoas que estão em situação de rua. Foram 200 mil atendimentos realizados, 17 mil pessoas cadastradas para acompanhamento. E tem tido um papel importante nesta época do frio de atender às pessoas, montando uma tenda, mais flexíveis, porque às vezes a pessoa quer ir com cachorro, com uma carroça, com companheiro, e a gente criou a possibilidade disto nestas tendas da saúde.
O cuidado com a população de rua começa com o consultório na rua, acompanhando pessoas que antes não eram acompanhadas. 17 mil pessoas que vivem em situação de rua estão sendo acompanhadas, 1,8 mil gestantes tiveram seu pré-natal acompanhado na rua, e isto garante, no momento do parto, um parto mais seguro. Isto reduziu, por exemplo, internação por diabetes, por pé diabético – aquelas lesões que aparecem em algumas pessoas por conta da diabetes.
Saúde na periferia
Haddad é o primeiro prefeito da história a ter construído e colocado para funcionar um hospital inteiro na cidade de São Paulo, que fica na periferia do Jabaquara. Vamos entregar um outro que é na Periferia da zona Sul, em Parelheiros, e estamos construindo outro na Brasilândia e mais outro na Vila Matilde (licitação prevista para 2016).
Estamos estudando a possibilidade de fazer outro na Sorocabana, zona oeste. Será um hospital novo para cada região de São Paulo. A gestão, em 4 anos, terá 1 mil novos leitos, todos localizados fora do centro expandido, na periferia.x
São Paulo chegou a sua menor taxa de mortalidade infantil em 2015, a cerca de 10 óbitos por mil nascidos vivos. As regiões que tiveram mais redução foi na periferia da zona leste e da zona sul e da zona norte.
Os Hospitais-dia que fazem cirurgia, exames e consultas especializadas. São 26 deles, localizados fora do chamado centro expandido. O Programado de Acompanhamento do Idoso, pela primeira vez, estará presente em todas as subprefeituras da periferia.
Existe uma permanente preocupação em derrubar o muro que tinha na cidade de São Paulo. O muro do acesso à saúde. Áreas enormes da cidade não tinham acesso à saúde.
Parto seguro e humanizado
Com Haddad, pela primeira vez passou a ter obstetriz na carreira. São Paulo passou a ter centro de parto humanizado nos hospitais, em maternidades da prefeitura. Fizemos convênio com a Casa Ângela, um centro tradicional de parto humanizado que, durante anos, não pôde fazer parto pelo SUS.
Outra política de humanização foi a visita aberta. Não tem mais horário para a visita. Ao longo do dia, em qualquer horário, os familiares podem visitar pacientes na cidade de São Paulo.
Além de garantir o direito da lei de acompanhante – 100% das crianças, 100% dos idosos têm acompanhante em nossos hospitais, 90% das mulheres têm acompanhante no parto.
Diminuição de acidentes no trânsito
Existe também uma compreensão do prefeito Haddad de que são outras políticas que vão impactar a saúde, mais até do que as políticas de ampliação do atendimento.
A medida do prefeito Haddad, por exemplo, de estabelecer controle da velocidade nas marginais já reduziu em 1,5 mil internações no SUS de vítimas de acidentes de carro e de moto.
A nossa previsão é que chegue a 2 mil a menos de internações neste ano de 2016. Isto significa quase como se abríssemos um novo hospital de 100 leitos na cidade de São Paulo.
Qualidade de vida
Os corredores de ônibus fazem com que trabalhadores ganhem 5 horas de suas vidas que eles passavam presos no ônibus antes e podem ficar junto da família, fazer uma atividade esportiva perto de casa. Isto tem um impacto muito grande na saúde mental.
Outra medida importante foi melhorar o padrão da merenda escolar na cidade de São Paulo. Um milhão de alunos da rede municipal que começaram a receber merenda escolar com mais qualidade. Inclusive com uma parte dela sendo comprada de produção orgânica, sem agrotóxicos.
É a ideia de que outras políticas que não são da saúde promovem saúde na cidade de São Paulo. São medidas tão importantes quanto a ampliação do atendimento, de medicamento e de tratamento.
Acesso aos medicamentos
Todo ano, nos últimos 5 ou 6 anos, variava de 5 a 6 milhões o número de pessoas que entrava nas unidades de saúde para pegar medicamentos. Este já é um número bastante grande. São dois Uruguais inteiros que entravam nas nossas unidades.
Até junho de 2016, já entraram 5 milhões de pessoas. Até o fim do ano, teremos 10 milhões de pessoas, dobrado o acesso aos medicamentos na cidade de São Paulo.
Criamos o aplicativo “Aqui tem remédio” para ver onde tem remédio, em que unidade de saúde mais próxima. Isso permitiu que a pessoa possa pegar perto de casa ou perto do trabalho, em toda cidade de São Paulo. Permitiu que o acesso fosse mais rápido.
Impactos do golpe na saúde
O golpe é gravíssimo porque, além de ser uma ruptura institucional, tenta reconstruir um Estado brasileiro que nega a Constituição de 88.
Eu tenho dito que destruir o SUS é um dos pratos prediletos do golpe porque destruir o SUS significa destruir, em primeiro lugar, uma plataforma política que gerou muitos atores políticos e sociais.
O SUS é uma plataforma política que impulsionou várias plataformas políticas e sociais.
O segundo interesse do golpe ao destruir o SUS é porque este governo até agora tem falado na política de austeridade, que o SUS não cabe no orçamento. Não é o SUS que não cabe no orçamento. São 150 milhões de brasileiros que sobrevivem exclusivamente por conta do SUS que não cabem no orçamento, nem no programa, na visão deste governo interino.
Investimento municipal em saúde
O prefeito Haddad tomou uma atitude corajosa neste momento em que o governo interino sinaliza cortes em relação à saúde e à educação, ele resolveu colocar em consulta pública um projeto de lei que aumenta a vinculação de recursos da prefeitura em relação à saúde.
A Constituição obriga o município a colocar 15% de recursos na saúde. O prefeito Haddad saiu de cerca de 18% para mais de 20%, ultrapassando 20% em 2016 e agora propõe uma consulta pública para transformar em projeto de lei para que o mínimo investido em projeto de lei seja 20% dos recursos da prefeitura. Para que este patamar que a gente alcançou não volte atrás.
Continuidade da gestão Haddad
Interromper esta continuidade será um desastre para São Paulo, como já aconteceu em outros governos progressistas. A cidade de São Paulo viveu, desde a reconstrução da democracia, esta história de ter governos liderados pelo PT, progressistas, que buscam derrubar os muros que separam a periferia da cidade de São Paulo, interrompidos por dois governos conservadores que retrocedem a tudo, sobem os muros de novo.
Querem colocar política para revistar todo mundo. Querem cobrar mais caro para quem circula de ônibus da periferia para o centro. Querem voltar às velocidades das marginais, colocar a vida abaixo do interesse das pessoas de pisar o pé no acelerador. Querem acabar com o Programa De Braços Abertos, com o Transcidadania.
Haddad merece ter mais 4 anos para São Paulo experimentar uma sucessão de 8 anos de mudanças na nossa cidade .
Por Daniella Cambaúva da Agência PT de Notícias