Herdeiro de Doria, Covas coloca terrenos de escolas e praças à venda

Projeto de lei aprovado na Câmara prevê a privatização de 41 áreas do município de São Paulo; vereadores contrários à proposta planejam entrar com ação no Ministério Público

Leon Rodrigues / SECOM

Herdeiro de João Doria, Bruno Covas (PSDB) dá continuidade à política entreguista de seu antecessor. Desde que assumiu a prefeitura, Covas já expressou sua intenção de privatizar diversos patrimônios da cidade de São Paulo, como o autódromo de Interlagos, o estádio do Pacaembu e os parques Ibirapuera e Anhembi. Enquanto esses espaços são cedidos à iniciativa privada, o atual prefeito mostra que não tem limites e planeja desestatizar até mesmo escolas públicas.

Nesta sexta-feira (18), a Câmara Municipal de São Paulo aprovou um projeto do Executivo que autoriza a venda de 41 terrenos públicos à iniciativa privada. Entre os espaços, estão áreas verdes, praças, subprefeituras e até escolas. Presentes no projeto, a Escola Municipal de Educação Infantil (EMEi) Gabriel Prestes e a Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Professora Maria Antonieta D’Alkimin Basto são reconhecidas nacionalmente por sua excelência.

O projeto, além de prejudicar o patrimônio municipal, foi aprovado a partir de uma manobra. O texto da primeira votação contava com apenas 5 terrenos a serem desestatizados. Faltando 30 minutos para terminar a segunda votação, o governo apresentou um texto substitutivo com um número muito maior de áreas, comprovando a falta de transparência do projeto.

“Descaso surreal”

 

Em entrevista à Agência PT, a vereadora Juliana Cardoso denunciou as manobras da gestão Covas: “É um projeto sem diretrizes, sem bases e sem justificativas sólidas para essa venda de patrimônio. O texto substitutivo foi liberado 30 minutos antes da segunda votação adicionou 36 terrenos ao projeto original. Sem nenhum embasamento técnico, nenhum estudo e conhecimento sobre esses espaços”.

Para Juliana, o plano evidencia o desprezo da prefeitura com o patrimônio da cidade e com a população: “Há um descaso surreal com as políticas públicas, jamais visto na história de São Paulo. Querem entregar todos os terrenos públicos, como Anhembi, Pacaembu, parques municipais e agora até escolas. E a sociedade não tem clareza do que está acontecendo, com total falta de transparência da gestão do Bruno Covas”, afirmou.

Quatro escolas infantis ameaçadas

 

O deputado federal Alexandre Padilha classificou o projeto como uma “crueldade com crianças e com o futuro de São Paulo”. Ele também denunciou a manobra do governo de apresentar o substitutivo apenas minutos antes do encerramento da votação, impedindo os vereadores de terem ciência do que estava sendo privatizado já que as listas não traziam detalhes do que havia nos terrenos.

“Nesses terrenos existem ao menos quatro escolas infantis, uma delas da época que Paulo Freire era secretário de Educação. São escolas que agora podem desaparecer colocando na rua crianças da educação infantil e pais que não tem alternativa. É uma crueldade”, declarou Padilha.

De olho nas eleições de 2020

 

Nabil Bonduki foi coordenador do programa de desenvolvimento urbano da prefeitura de Fernando Haddad. Como vereador, Bonduki elaborou dezenas de Projetos de Lei nas áreas de urbanismo, cultura, meio ambiente, mobilidade, habitação e direitos humanos, sendo premiado pela Organização das Nações Unidas (ONU). Para o arquiteto, o dinheiro arrecadado por essas privatizações será usado para interesses pessoais de Covas.

“Ele está entregando o patrimônio público para depois gastar esse dinheiro com obras eleitoreiras, com nenhuma mudança estrutural na cidade. O objetivo dele é tentar se reeleger, mas ele é muito mal visto pela população, em função de projetos como o de hoje”, afirmou em entrevista à Agência PT.

De acordo com Bonduki, a política econômica do prefeito é ultraneoliberal, assim como Doria e Bolsonaro: “O governo Covas é herdeiro do Doria, e mantém a política de privatização. Ele às vezes se posiciona contra o Bolsonaro para passar uma imagem menos radical, mas na prática a gente vê que a política dele é igualmente neoliberal, piorando as condições sociais. Esse projeto inclui escolas, lugares públicos. O prejuízo ao patrimônio público é imenso”.

O ex-vereador, junto à parlamentares contrários à proposta, declarou que tomará as medidas cabíveis para barrar mais um absurdo da gestão Covas: “Pretendemos entrar com ações no Ministério Público. Mas já temos muitos processos contra o governo, a capacidade operacional é difícil. Já estamos debatendo sobre o Ibirapuera, sobre as mudanças no plano diretor e agora sobre esse. Já são 3 coisas que exigem ação junto ao MP que não está agindo com a agilidade necessária”.

Da Redação da Agência PT de Notícias

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