Impeachment de Dilma é golpe branco, afirma Nobel da Paz

Em encontro com a presidenta, o argentino Adolfo Pérez Esquivel destacou que o golpe no Brasil é retrocesso para toda a América Latina

Foto: Lula Marques/AgênciaPT

O vencedor do Prêmio Nobel da Paz de 1980, o argentino Adolfo Pérez Esquivel, afirmou que o impeachment da presidenta Dilma Rousseff é um “golpe de Estado, encoberto sobre o que podemos chamar de golpe branco”. Para ele, não se deve interromper o processo democrático no Brasil e em toda a América Latina.

Esquivel reuniu-se na manhã desta quinta-feira (28) com Dilma no Palácio do Planalto, para levar “solidariedade e apoio” à presidenta e se posicionar contra o processo de impeachment.

“Dissemos à presidenta que viemos dar solidariedade e apoio a ela e para que não se interrompa o processo constitucional no Brasil porque isso seria, não só para o povo brasileiro, mas para toda a América Latina, um retrocesso muito grave”, afirmou o vencedor do Nobel da Paz de 1980.

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Presidenta Dilma recebe Adolfo Pérez Esquivel, Nobel da Paz. Foto: Roberto Stuckert Filho/PR

“Sou um sobrevivente da época da ditadura. Nos custou muito fortalecer as instituições democráticas. Aqui se está atacando as instituições democráticas”, disse Esquivel.

Segundo o Prêmio Nobel, há semelhanças entre o golpe em curso no Brasil e os processos de destituição dos ex-presidentes do Paraguai Fernando Lugo, em 2012, e de Honduras Manuel Zelaya, em 2005.

“Agora, a mesma metodologia, que não necessita das Forças Armadas, está sendo utilizada aqui no Brasil. A metodologia é a mesma, não há variação com o golpe de estado nesses países. Países que querem mudar as coisas com políticas sociais são alvo dessa política de tratar de interromper o processo democrático”, destacou.

Para do argentino, um eventual governo de Michel Temer (PMDB) poderia ser questionado no Mercosul e na União de Nações Sul-Americanas (Unasul), que poderiam não reconhecer uma administração que surja de um “golpe de Estado.”

Nobel da Paz
Adolfo Pérez Esquivel é um arquiteto, escultor e ativista de direitos humanos argentino. Em 1974 na cidade de Medellin, na Colômbia, Esquivel coordenou a fundação do Servicio Paz y Justicia en América Latina (SERPAJ-AL), junto com vário bispos, teólogos, militantes, líderes comunitários e sindicalistas.

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O prêmio Nobel da Paz de 1980, o argentino Adolfo Pérez Esquivel. Foto: José Cruz/Agência Brasil

Essa organização dedicou-se a defender os Direitos Humanos no continente e a difundir a Não-Violência Ativa como instrumento de transformação da realidade e de enfrentamento dos crimes de tortura e desaparecimento forçado de militantes políticos e agentes comunitários e pastorais, praticados pelas Ditaduras Militares que haviam se instalado por toda a América Latina. Por essa atividade, Adolfo Pérez Esquivel recebeu o Nobel da Paz de 1980.

Por Luana Spinillo, da Agência PT de Notícias

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