IV edição do Elas por Elas preparou milhares de mulheres para as eleições
Projeto que revolucionou o modo petista de atuar na formação política de mulheres tem como foco ampliar as bancadas nos municípios
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O momento mais aguardado do ano chegou: o início da campanha eleitoral municipal de 2024. A Secretaria Nacional de Mulheres do Partido dos Trabalhadores e das Trabalhadoras tem, desde 2023, por meio do projeto Elas por Elas, trabalhando arduamente para organizar as milhares de vereadoras, prefeitas e vice-prefeitas do PT que vão disputar as eleições de outubro.
Para a secretária nacional de mulheres do PT e candidata a vereadora para Manaus (AM), Anne Moura, o resultado das onze mil mulheres petistas que estão concorrendo a uma vaga nos municípios brasileiros reflete o compromisso do partido com a ampliação da bancada feminina em todo o país: “A gente tem trabalhado muito, muito mesmo para organizar e entregar um projeto que fortalece nossas companheiras. Estamos desde o lançamento da IV edição do Elas por Elas, que aconteceu em abril do ano passado, preparando tudo para que nossas companheiras de disputa consigam ter uma, seja no amparo jurídico quanto no de comunicação, e até mesmo pessoal.”
As eleições de 2024 serão decisivas para a igualdade de gênero no poder público. É fundamental reforçar que diversas pesquisas mostram que as mulheres têm desempenho superior aos homens nas gestões municipais, mas seguem como minoria nas prefeituras; mais de 900 cidades não elegeram uma vereadora.
Preparatório das companheiras vem desde 2023
Conforme lembrou Moura, a jornada das mulheres petistas para as eleições teve início em abril de 2023, com o lançamento da IV edição do Elas por Elas, maior projeto de formação e política de inclusão para mulheres da América Latina. Já em outubro daquele ano, foi realizado o Curso de Formação para Multiplicadoras do Elas por Elas. Na ocasião , a presidente do PT, Gleisi Hoffmann fez um retrospecto desde que assumiu a presidência do partido.
Segundo ela, com a criação do Elas por Elas foi possível organizar as mulheres, o que fez muitas diferenças nas campanhas: “Praticamente dobramos nossa bancada federal. Proporcionalmente, somos o maior número de mulheres na Câmara dos Deputados. direita o tempo para fazer enfrentamento”.
Em março deste ano, ocorreu a Plenária Nacional de Mulheres, que reuniu duas mil mulheres de todo o Brasil. A atividade virtual conto com a participação da secretária nacional de Mulheres do PT, Anne Moura; da primeira-dama, Janja Silva; da ministra das Mulheres, Cida Gonçalves; e da secretária nacional de Finanças e Planeamento do PT, Gleide Andrade.
O encontro buscou passar orientações políticas aos pré-candidatos do partido a prefeitas, vices e vereadoras, e fez parte do planejamento do Elas por Elas. Além disso, os petistas puderam ouvir do ministério informações sobre os programas e as políticas públicas que o governo Lula tem realizado com foco nas mulheres e meninas.
Já entre os dias 26 e 28 de abril, a secretária nacional Anne Moura, as secretárias estaduais e o Coletivo Nacional de Mulheres do PT se reuniram em Brasília para discutir sobre violência política de gênero, e os principais desafios que serão enfrentados pelas companheiras nas disputas políticas neste ano eleitoral. Além disso, elas tiraram importantes alinhamentos políticos sobre a divisão do fundo eleitoral.
Aulas semanais de formação e acolhimento
Thatiane Nicácio, coordenadora de comunicação do Elas por Elas, explica como foi a atuação da IV edição do projeto, que atendeu 3.413 mulheres. Segundo ela, os então pré-candidatos tiveram acesso a aulas semanais de formação, com materiais como o calendário eleitoral, modelo de contrato, que foi revisado pelo nosso jurídico, guia de combate à violência política de gênero, por exemplo.
“Construimos esforços para que as mulheres fossem atingidas de alguma maneira pelo projeto, e contamos nossas multiplicadoras que estavam ali no território, falando com elas, tirando dúvidas sobre o processo eleitoral, acompanhando o desenvolvimento dessa pré-candidatura até se transformar em uma candidatura.
A formação das companheiras durou entre maio e agosto de 2024 para as pré-candidatas, mas iniciou em outubro do ano passado com a preparação das multiplicadoras que estavam à disposição para atender às demandas das pré-candidatas, agora candidatas, pelo PT.
Violência política de gênero
“Nós tivemos 34 encontros, 16 aulas, 16 reprises, mais algumas tira-dúvidas e isso dá um total aproximado de 102 horas de aula. Tio aulas que passaram desde a construção do planejamento até o uso da inteligência artificial nas campanhas, mas acho que o principal diferencial desse Elas por Elas foi que nós tivemos um workshop dedicado exclusivamente para o cuidado à saúde mental, que é algo que vem se intensificando no País, as questões relacionadas à saúde mental e a gente sabe que o processo especial, principalmente na quadra histórica em que estamos vivendo, é muito difícil para as mulheres”, contextualiza a coordenadora de comunicação do projeto.
De fato, há uma escalada crescente de casos de violência política de gênero. De acordo com o Grupo de Trabalho de Prevenção e Combate à Violência Política de Gênero do Ministério Público Federal, por mês, seis mulheres são vítimas de violência política de gênero no país.
“Entendemos que é fundamental que as candidaturas que estão entrando nesse processo de eleição, compreendam que é muito importante, dentro da organização da campanha, ter espaço para um autocuidado, porque a estruturação da eleição já é muito difícil, então é importante que elas se cuidem, porque nós queremos nossas mulheres não só eleitas, mas eleitas e bem mentalmente e seguras”, defendeu Nicácio.
Por fim, uma coordenadora da EpE afirma que o projeto segue à disposição de todas as mulheres no período eleitoral através das multiplicadoras estaduais e da equipe nacional, e que o projeto é fundamental para que o PT possa ampliar a participação das mulheres na política: “É literalmente aquilo que o presidente Lula falou em seu discurso de posse. Ele entende a importância das mulheres no processo de sua eleição. As mulheres tiveram um papel significativo para reconduzir o presidente Lula à presidência da República. Ele compreende isso e é por isso, inclusive, que o Ministério das Mulheres hoje existe com a força que tem, com a companheira Cida à frente”, destaca.
“Mas a gente entende que só conseguiremos avançar e ter eficácia o projeto político implementado, com mais mulheres nos espaços de poder, com paridade real, quando as nossas companheiras estiverem ocupando esses espaços”, aponta o coordenadora. “E o Elas por Elas servem justamente para reduzir as disparidades na disputa eleitoral entre homens e mulheres, dentro não só do PT, mas de toda a sociedade. E eu tenho certeza que para que o Lula se fortaleça como presidente e que o Ministério das Mulheres siga vivo e altivo, nós precisamos eleger mais e mais companheiras pelo Brasil. E é esse o objetivo principal do Elas por Elas.”
Elas por Elas – DNA para ocupação da mulher petista na política
Nas eleições municipais de 2020 , o PT foi a sigla que mais elegeu mulheres, mulheres negras e jovens, com um aumento de 25% da representatividade feminina em relação a 2016. O resultado evidencia que o partido liderou ranking de mulheres eleitas, negras e jovens no campo progressista.
O resultado é fruto do Elas por Elas, projeto iniciado em 2018, e que tem ampliado a presença das mulheres na política. Capitaneado pela Secretaria Nacional de Mulheres do PT, a iniciativa é uma tecnologia de inovação na política partidária que objetiva oferecer condições, instrumentos e conhecimento que possibilitem condições políticas e materiais para a consolidação de lideranças de mulheres nas disputas políticas Brasil afora, bem como fortalecer e dar visibilidade para as lideranças femininas já consolidadas.
Por meio dele, foi criada uma rede de influência de mulheres por todo o país, da qual já têm trajetória consolidada com papel de pontos fundamentais de intersecção. Estarão integrados a essa rede de mulheres militantes e filiadas ao Partido, bem como atuantes em movimentos sociais, feministas, de mulheres e do campo da esquerda.
Sobre isso, Thatiane Nicácio reafirma que o Elas por Elas nasceu do desejo da transformação do cenário político na sociedade, e que o projeto tem o olhar atento das mulheres, e que esse é o principal diferencial: ele é construído exclusivamente por mulheres e para mulheres.
“Tudo o que é pensado, formulado, e construído se dá em cima das nossas necessidades que são cotidianamente pelas companheiras. Sob a liderança da Anne, nós tentamos isso absorver e estruturar o projeto a partir dessas demandas que elas apresentam para a gente eleição após eleição, e é por isso que é um projeto que está em constante alteração e é tão importante a sua permanência, a sua existência no Partido dos Trabalhadores e Trabalhadoras, que hoje mantém a maior bancada feminina do Congresso Nacional, inclusive com o dobro de eleições de 2018”, afirmou Nicácio.
Marina Marcondes, da redação Elas por Elas
