Jurista vê obediência do Brasil aos EUA em condenação de Lula

Fábio Konder Comparato comenta que interesses dos Estados Unidos estão por trás da tentativa de impedir volta do ex-presidente ao Planalto em 2018

Ricardo Stuckert

Para o jurista, políticas de Lula e Dilma Rousseff, como pré-sal e BRICS, contrariam interesses dos EUA

Para o jurista Fábio Konder Comparato, a condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, não foi nenhuma surpresa, pois há enormes interesses por trás de todo o processo contra o petista.

“O que acontece é que por trás de todo esse golpe contra a Dilma, e mesmo a partir de 2013, com as tais manifestações em todo o Brasil, há a influência norte-americana”, avaliou o jurista.

No último dia 12, Sérgio Moro divulgou sentença condenando Lula a nove anos e meio, dentro das investigações da Operação Lava Jato.

De acordo com Comparato, Lula teria de ser afastado da política justamente por ser considerado um “grande perigo” aos interesses dos Estados Unidos. “O fato de um operário que assume o poder, eleito pelo povo depois de três derrotas, e governa dois mandatos com apoio de 80% do povo. Ele não poderia ser deixado livre”.

Comparato cita alguns exemplos concretos para ilustrar sua crença de que a política de Lula era em alguns pontos radicalmente contrária aos interesses estadunidenses, como, por exemplo, na questão do pré-sal.

“Eles se utilizaram de um indivíduo chamado José Serra para conseguir tirar isso da Petrobras. Depois, esse indivíduo tornou-se ministro das Relações Exteriores (do governo Temer), antes de Aloysio Nunes Ferreira, que, como todo radical – pois ele foi chofer do Marighella – saiu da extrema-esquerda para a extrema-direita”, avalia o professor.

Para o jurista, outra questão que provocou grandes incômodos entre os norte-americanos em relação aos governos petistas, no plano internacional, foi a criação do BRICS, o bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

O encadeamento de todos esses fatos com a condenação de Lula por Moro, diz o jurista, mostra que há uma lógica em toda essa questão.

“Essa lógica não diz respeito absolutamente à manutenção de algum regime moderado, mas simplesmente a volta à obediência total do Brasil aos desígnios norte-americanos”, concluiu.

Para ele, esses desígnios e objetivos permanecerão ativos durante o processo dos recursos da defesa de Lula nos tribunais superiores nos próximos meses. “Evidentemente, vão prosseguir nisso para impedir a candidatura Lula em 2018”.

Da Redação da Agência PT de Notícias, com informações da Rede Brasil Atual

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