Londrina: médico de família, pré-candidato aposta em renovação

Da periferia de Londrina, Odarlone Orente reúne a experiência de sua atuação como médico comunitário e a vivência como morador de um bairro pobre

O pré-candidato em Londrina, Odarlone Orente PT)

Da infância dura na Cohab Aquiles Stenguel, na periferia de Londrina (PR), Odarlone Orente lembra das tardes passadas brincando na rua ou jogando futebol de botão. A perspectiva que pairava no bairro era a “repercutir a dinâmica do sistema”, como definiu Orente. Casar-se e tornar-se trabalhador em alguma empresa da região.

Orente, porém, acabou parando na Escola Latino-Americana de Medicina em Cuba. Hoje, aos 36 anos, é médico de família da rede pública, no interior do Paraná, e pré-candidato à prefeitura de Londrina pelo Partido dos Trabalhadores. A história de Orente não é apenas uma história de superação individual. É principalmente um exemplo de como a política pôde de fato impactar a vida de uma pessoa.

A perspectiva de Orente começou a mudar quando ingressou no movimento estudantil secundarista, na década de 1990. A aproximação com a política foi o que possibilitou que a Central de Movimentos Populares o escolhesse para um projeto do governo cubano que proporcionava o estudo de medicina para alunos provenientes de comunidades pobres de países da América Latina.

Nos seis anos de graduação em Cuba, país que é referência na área da saúde, Orente aprendeu uma medicina cujo foco não é a doença – mas sim o paciente. Ao retornar ao Brasil, especializou-se médico de família – responsável pelo atendimento à comunidades pelo sistema público de saúde, e que acompanha o paciente em diferentes estágios de vida.

“A medicina é focada no ser humano, e não na doença. Porque existe o entorno. É o mesmo na política. A política tem quer ser focada no cidadão”, explica ele. “Conhecer essas duas realidades (a vivência na periferia e a atuação como médico) me propicia exercer essa função pública para melhorar a vida de pessoas que ainda permanecem na dificuldade”, afirma.

“A medicina é focada no ser humano, e não na doença. Porque existe o entorno. É o mesmo na política. A política tem quer ser focada no cidadão”,

Orente tenta entender as reais demandas da população. O pré-candidato tem ido aos bairros da cidade para conversar com as pessoas. Um problema frequente é a falta de cascalho nas estradas de terra que levam aos distritos rurais de Londrina, e que dificultam o escoamento da produção agrícola.

“Nos distritos rurais, é consenso que a gestão do Nedson (prefeito pelo PT em Londrina de 2001 a 2008) foi a melhor, porque ele cuidava das estradas. Hoje é só buraco e ribanceira”, afirma ele.

Sobre o atendimento em saúde, ele afirma que as pessoas são realmente carentes de uma medicina mais humana. “Quando tem um médico de família, a população fica contente porque o médico as olha, conversa e examina”, explica.

Detalhes como a disposição da cadeira no consultório – Orente coloca a cadeira ao lado da sua, e não em frente – já deixam o paciente mais à vontade para falar de seus problemas. “Além das patologias orgânicas, muitas vezes o problema vem de uma condição psiquica, uma somatização. Um contexto de sofrimento impacta a saúde”, afirma ele.

Outro ponto importante é o empoderamento dos pacientes. “O paciente tem que saber quais são os sinais para se ir ao posto de saúde. Temos que garantir que a comunidade se empodere desse conhecimento”, explica.

Expectativas para a campanha

O mote utilizado pelo pré-candidato, ele afirma, será ousadia e futuro. Orente aposta na renovação do partido, e na criação de novas lideranças dentro do PT.

“Queremos criar um novo referencial, uma nova liderança na região. Não nos preocupamos nos últimos anos em renovar nossos quadros internos”, reflete.

Além disso, ele quer demonstrar para a população que é possível uma mudança na sua perspectiva de futuro, desde que o poder público garanta oportunidades. “É possível sair de baixo, mas desde que haja indução. O governo tem que garantir as oportunidades, dar condições”, afirma.

Outro ponto importante é a criação de um espaço para mostrar uma nova perspectiva para o eleitor. “É importante usar o período eleitoral – em que vamos ter espaço na mídia, na TV e no rádio – para dizer: não é bem assim, existem pormenores que não aparecem na cobertura tradicional”, afirma.

“É importante usar o período eleitoral – em que vamos ter espaço na mídia, na TV e no rádio – para dizer: não é bem assim, existem pormenores que não aparecem na cobertura tradicional”

Para ele, o fato de algumas pessoas do Partido dos Trabalhadores terem cometido erros, isso não é motivo para criminalizar toda a organização. “O conjunto do PT não pode ser criminalizado”, afirma.

Já sobre a sua candidatura, ele afirma que é um sonho que tem desde o movimento estudantil, mas não achava que ocorreria agora, nesse momento. “O PT será alvo, mas nós temos argumento e capacidade de discutir. É um tempo precioso para defender a nossa mensagem”, afirma.

Por Clara Roman, da Agência PT de Notícias

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