Lula: Brasil precisa voltar à normalidade para retomar crescimento
Pré-candidato à Presidência, Lula afirma a rádio que, se eleito, vai refazer a relação entre o governo federal e os estados para colocar em prática plano de investimento
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“Nós sabemos como acabar com a fome, nós sabemos como diminuir a pobreza, nós sabemos como inserir o povo no mercado de trabalho.” Foi dessa forma que Lula explicou, em entrevista à Rádio Jornal, de Pernambuco, nesta sexta-feira (29), por que é pré-candidato a Presidência da República neste ano. E disse que, caso seja eleito, sua primeira medida será restituir a normalidade institucional do Brasil, profundamente abalada por Jair Bolsonaro, que governa à base de mentiras, ameaças e crises que ele mesmo estimula.
“Quem governa o país hoje não conversa com governador, com prefeito, com empresário, com sindicalista, não conversa com ninguém. Só sabe contar mentira através de fake news e de suas lives. O Brasil não pode continuar assim. Então, se a gente ganhar as eleições, a primeira coisa que eu quero fazer é uma reunião com os 27 governadores para restabelecer a normalidade da relação federativa neste país, para que a gente possa voltar ao crescimento econômico, à geração e distribuição de riqueza. Para que este país volte a ser feliz, para que o povo volte a comer e a gente não veja ninguém no açougue buscando osso”, disse Lula (assista à íntegra abaixo).
O ex-presidente, que ontem recebeu apoio formal tanto da Rede quanto do PSB, que indicou Geraldo Alckmin para formar uma chapa com Lula nas eleições deste ano, acrescentou que o Brasil sairá da crise quando deixar de ter um governo que só pensa em vender o patrimônio nacional, como a Petrobras e a Eletrobras, e passar a investir para estimular a economia.
“O que nós vamos fazer é anunciar um grande plano de investimento em obras de infraestrutura. Todas as obras importantes que estão paralisadas vão ser reativadas. Vou ter um acordo para que cada governador defina em seu estado quais são as prioridades, e nós vamos buscar dinheiro para fazer essas obras. A gente vai buscar dinheiro internamente e recuperando a credibilidade que o Brasil já teve. Quando eu era presidente, o Brasil era o primeiro ou o segundo país a mais receber investimentos diretos”, lembrou.
O Estado, argumentou Lula, precisa voltar a desempenhar seu papel de promotor do desenvolvimento. Ajudando, inclusive, o verdadeiro empreendedorismo, dando apoio aos pequenos e médios empresários. “Sabe uma coisa que eu vou fazer? Vou transformar o BNDES num grande banco de investimento para pequenas e médias empresas brasileiras. Nós vamos incentivar o empreendedorismo neste país. Quem quiser fazer alguma coisa por conta própria vai ter a oportunidade de ir a um banco público arrumar dinheiro para fazer o seu negócio. As pessoas que quiserem progredir vão progredir porque o Estado vai ajudar.”
Inflação e orçamento secreto
Lula rebateu a afirmação de que a economia brasileira vai mal devido à guerra na Ucrânia. “Cinquenta por cento da inflação brasileira vem dos preços controlados pelo governo. É energia elétrica, é óleo diesel, é gás de cozinha e é gasolina. Então, o governo que crie vergonha e tenha coragem de dizer para a Petrobras que os preços não serão internacionalizados. O botijão de gás pode fazer parte da cesta básica, e ninguém deve gastar 15% do salário mínimo para cozinhar”, criticou.
O ex-presidente acrescentou ainda que o atual governo, além de não investir, entrega ao Congresso Nacional o poder de definir as poucas obras que têm sido realizadas, via orçamento secreto. “O orçamento secreto é a maior vergonha do século 21. Um orçamento que envolve quase R$ 20 bilhões e que o presidente da Câmara distribui para quem quer. Para que deputados saiam por aí tentando fazer acordo com prefeitos. Essa é uma vergonha nacional”, avaliou.
“Chute” na Lava Jato
Por fim, Lula celebrou o fato de a Organização das Nações Unidas, por meio de seu Comitê de Direitos Humanos, ter desmascarado internacionalmente a farsa armada por Sergio Moro e pela Lava Jato para impedi-lo de concorrer nas eleições de 2018.
“A decisão da ONU ontem mostrou a falácia que foi o processo contra mim. A decisão de não me deixar ser candidato, de me prender. Ontem, a ONU deu um chute nisso e mostrou a pouca vergonha que foi feita para evitar que o Lula fosse presidente da República em 2018. Eu agora não tenho que provar mais nada, quem tem que provar é quem foi mentiroso e me acusou”, concluiu.
Da Redação