Lula deve reconstruir as pontes destruídas por Bolsonaro, diz Boff
Para o filósofo, procuradores da Lava Jato “manipularam as leis para condenar politicamente o ex-presidente, por isso ele não aceitará o semiaberto”
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A decisão da equipe da Lava Jato de tentar mudar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para prisão em regime semiaberto é uma armadilha, na avaliação do teólogo, escritor, filósofo Leonardo Boff. De acordo com ele, que esteve com Lula em duas oportunidades, o petista só quer sair quando na condição de inocentado. “Essa progressão só vale para presos que cometeram crime e Lula diz que não cometeu. Se Lula aceitar, significa que ele confessa um crime”, disse.
Em entrevista à Rádio Brasil Atual, Boff afirma acreditar que o Ministério Público Federal (MPF) espera que o Supremo Tribunal Federal (STF) venha a anular o julgamento. “Querem se antecipar para não passar vergonha, porque aplicaram o lawfare contra Lula. Manipularam as leis para condenar politicamente o ex-presidente, por isso ele não aceitará isso o semiaberto“, acrescentou.
Os procuradores Deltan Dallagnol, Roberto Pozzobon e Laura Tessler assinaram o pedido de mudança de regime, feito na última sexta-feira (27), em meio à grande repercussão da importante derrota sofrida pela Lava Jato, na quinta (26), no STF.
Apesar de ser um preso político, Lula tem um espírito soberano, afirmou o teólogo. “Ele nunca sentiu raiva de Moro ou Dallagnol, mas está indignado e clama por justiça. Ele dorme tranquilo e, após visitá-lo, sinto que Lula está cheio de ânimo”, relatou.
Leonardo Boff ainda aponta que o ex-presidente absorveu o golpe judiciário e se reconstruiu. “Essa experiência permitiu a ele duas coisas: uma grande revisão do passado e elaborar melhor a utopia de Brasil. Ele leu pilhas de livros, estudou, e virou um especialista de Brasil. Como é muito inteligente, as projeções dele para o país e o mundo já são outras. Ele vai reconstruir as pontes destruídas pelo atual presidente”, finalizou.