Lula ao GGN: “Quero sair daqui inocente, 100% como eu entrei”

Durante a entrevista, Lula falou também sobre desigualdade social, economia, o caso Ágatha, e criticou a forma que o governo tem agido

foto: Ricardo Stuckert

”Não vou pedir progressão. Estou ciente do papel que estou cumprindo aqui e da canalhice que fizeram comigo. Quero sair daqui inocente, 100%, como eu entrei. Eu durmo tranquilo, eles não. Estou aqui por responsabilidade deles e não minha”, disse o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em entrevista concedida a Luiz Gonzaga Belluzzo e Eduardo Moreira do Jornal GGN, quando questionado sobre a possibilidade de progressão de sua pena. “Se alguém tem que pedir perdão é o tal do Moro e o tal do Dallagnol.”

O pedido de progressão ao regime semiaberto foi feito pela Força Tarefa da Operação Lava Jato à juíza da Vara de Execuções Penais de Curitiba, Carolina Lebbos. O ex-presidente disse que conversou com seus advogados e definiu que só sairá da prisão política que o colocaram quando a justiça for finalmente feita.

“Eu desafio todos os dias o Ministério Público, o Sérgio Moro e outros que me julgaram a provarem um real ilícito na minha vida ou uma conduta ilícita. Eu tenho certeza que durmo mais tranquilo do que eles […] Eu quero sair daqui inocente, 100% como eu entrei.”

Desigualdade e representação popular

Lula fez questão de falar da desigualdade no Brasil, principalmente, em um momento que o atual governo não faz nada para que ela possa ser reduzida. “Desigualdade não é vista no governo como uma questão política, uma questão prioritária. O pobre é um número estatístico que você utiliza de vez em quando.”

Ele contou que, quando eleito, levou seus ministros para conhecerem o país de verdade, pois sempre acreditou que a representação popular deveria ser a tônica do seu governo. “Eu fui eleito para governar para todos, eu governei esse país como um coração de uma mãe.”

“A minha grande preocupação quando eu cheguei à Presidência da República, e é o maior orgulho que tenho hoje, era o de convencer a sociedade de que eles que tinham chegado no poder, eu queria que eles sentissem que pela primeira vez eles colocaram um operário metalúrgico na Presidência para governar prioritariamente para eles.”

Outro assunto abordado durante a entrevista foi a educação, um dos pontos mais fortes dos governos de Lula e onde Bolsonaro tem promovido um verdadeiro desmonte com cortes que ultrapassam os R$ 6 bilhões. O ex-presidente declarou que não havia gastos quando se tratava do assunto. “É investimento”, o mesmo sobre a saúde. Para ele, um trabalhador com saúde e educação produz muito mais.

Política e Economia

Lula também falou sobre economia política e política econômica, os dois lados da moeda, e que, segundo ele, devem nortear o país.

O ex-presidente explicou que, durante seus dois governos, fez o que nenhum outro presidente se propôs: proporcionou políticas públicas para os mais pobres, mas sem deixar de olhar para o empresariado. Foi durante seus mandatos, que, pela primeira vez, os 20% mais pobres tiveram aumento maior de renda do que os 20% mais ricos.

Para melhorar a economia do país, Lula declarou que “não se fala em reforma da Previdência em tempos de crise”. Por isso que em seu governo ela era superavitária pois havia um número maior de contribuintes, o que só foi possível graças à criação de diversos postos de trabalho, de incentivo à pequena e média indústria, pequeno e médio comércio.

Violência

Lula também aproveitou uma parte da entrevista para prestar solidariedade à família de Ágatha, criança de oito anos assassinada a tiros no Rio de Janeiro, e criticou o atual governo do estado que além de influenciar a violência policial, também prega o extermínio da população pobre e negra, principalmente, de moradores de comunidades.

“Queria, primeiro, pedir licença a vocês para me solidarizar aqui com a família da menina Ágatha, sobretudo com o avô dela. Porque, quando eu vi na televisão ele gritando, eu lembrei muito da morte do meu neto e eu acho que é injustificável a tentativa do governo de justificar a insanidade mental que tomou conta do governo do Rio de Janeiro. Por isso, a minha solidariedade à família da menina. Já são cinco [crianças] que morreram este ano”.

Da Redação  da Agência PT de Notícias com informações do Jornal GGN 

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