Lula: “essa guerra do Trump tá me cheirando a campanha eleitoral”
Em entrevista ao DCM, ex-presidente denunciou ações violentas dos EUA e criticou postura de Bolsonaro: “não tem medido esforço para provar que é um ‘lambe botas'”
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Na manhã desta quarta-feira (8), Lula concedeu entrevista ao Diário do Centro do Mundo, e conversou sobre os recentes ataques dos Estados Unidos, a postura do Brasil e a soberania nacional. Para o ex-presidente, as ações violentas dos estadunidenses são estratégicas: “Os EUA precisam de inimigo sempre. Essa guerra do Trump tá me cheirando a campanha eleitoral. O discurso patriota tem uma base de sustentação que funciona, mas ele não está provocando um país qualquer. O Irã tem uma cultura milenar, milhões de habitantes e inúmeras alianças internacionais importantes”.
Lula também criticou a postura do Brasil em relação ao conflito: “O Brasil não tem que se meter nisso. Podemos ser parceiros do Irã, não temos que cair de joelhos ao Trump. Por que o Brasil não faz um discurso de paz, se propõe a ajudar na discussão?”.
Segundo o ex-presidente, esse comportamento é reflexo da subserviência de Bolsonaro aos Estados Unidos: “Ele não tem medido esforço para provar que é um ‘lambe botas’ dos EUA, já até bateu continência para a bandeira deles. Os americanos criam uma situação patética e o governo Bolsonaro vai atrás. Tudo que o Trump fala, ele repete automaticamente”.
“O Brasil é um construtor da harmonia e paz”
Durante os governos do PT, o Brasil assumiu posição de protagonista no cenário internacional, mantendo boas relações diplomáticas com todos os países. Para Lula, o país deveria manter sua postura histórica de mediador, defendendo a harmonia.
O Brasil é um construtor de harmonia e paz. Isso que se espera de um país que tem mais de 10 fronteiras, com boas relações diplomáticas com Europa e EUA. O Brasil não precisa disso, temos que ser respeitado por todos países. Assim que se constrói um país soberano e agregador. O que importa é você garantir a paz, o trabalho e a felicidade de seu próprio povo antes de tudo.
Estados Unidos e Lava Jato
Para o ex-presidente, a submissão de Bolsonaro aos Estados Unidos se dá em um momento em que os estadunidenses buscam retomar o controle da América Latina e acabar com os avanços sociais dos governos progressistas na região.
“Os governos latinos progressistas, com distribuição de renda, combate à fome e inclusão social, incomodavam os EUA. Os americanos querem fazer da América Latina o seu quintal. Por isso, hoje eu digo com clareza: os Estados Unidos tem forte influência na política da Lava Jato neste país. No comportamento dos procuradores, nas ações do Moro. Destruíram a Petrobras, e agora tem interesse em comprá-la em fatias. Nós teremos que brigar para manter a soberania desse país”.
Da Redação da Agência PT de Notícias