Lula na Celac: PT no Senado exalta retomada de diálogo e integração

Viagem de Lula à Argentina marca o fim da condição de pária internacional do Brasil, dizem senadores, animados com a série de encontros de trabalho que tomou as agendas do presidente e ministros que o acompanham

Ricardo Stuckert

Presidente Lula e presidente da Argentina, Alberto Fernández, em Buenos Aires. Foto: Ricardo Stuckert

Respeito, diálogo e integração. Essa foi a tônica na reação do PT no Senado à primeira viagem internacional do presidente Lula após a posse. O encontro do líder brasileiro com o presidente da Argentina, Alberto Fernandez, e a participação em solenidades e reuniões de trabalho deixam um sentimento generalizado de que, definitivamente, o Brasil está de volta ao mundo. E o palco desse retorno não poderia ter nome mais apropriado: Buenos Aires.

“O Brasil volta a ter um líder que conversa com o mundo inteiro, o que nos ajuda a retomar o protagonismo em assuntos econômicos, sociais e ambientais”, celebrou o líder do PT no Senado, Paulo Rocha (PA). “O povo estava com saudade de ter um representante respeitado internacionalmente, que vai garantir acordos favoráveis ao país”.

Para ele, a escolha de um país sul-americano para estrear a agenda externa tem grande significado. “As primeiras viagens do presidente [da Argentina, Lula segue para o Uruguai] já mostram que ele quer reforçar a importância do bloco do Mercosul, algo extremamente benéfico comercialmente para nós e os nossos vizinhos e aliados”, afirmou.

O senador Fabiano Contarato (PT-ES), que substituirá Paulo Rocha na Liderança da bancada a partir de fevereiro, também destacou a importância da integração regional, com a participação de Lula na VII Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), nesta terça (24), marcando o retorno do país à organização após três anos de abandono.

“O presidente Lula restaura e lidera uma agenda diplomática extremamente produtiva e estratégica para o Brasil e os demais países da América Latina”, enfatizou. “Como já fez em seus governos anteriores, Lula retoma um alinhamento sul-americano de forte repercussão global e impacto na governança internacional, considerando nossa participação no comércio mundial e nossos valores democráticos e civilizatórios”.

O senador lembrou ainda que o movimento do presidente permitirá o desenvolvimento de toda a região. “Temos imensos desafios e potencialidades que permitem o trabalho multilateral, a troca de experiências e a busca por soluções de ordem econômica que valorizem nossos recursos e nossas reservas”, disse.

Para o senador Humberto Costa (PT-PE), o isolamento brasileiro do mundo começa a ficar no passado. “Com Lula, o Brasil está voltando a ter protagonismo mundial. O respeito e o diálogo serão novamente a marca da nossa política externa. Deixaremos de ocupar o posto de pária internacional”, comemorou.

A Argentina é o terceiro maior parceiro comercial do Brasil, atrás apenas de China e Estados Unidos. Em 2011, as exportações para o país vizinho chegaram perto das feitas aos EUA, chegando a US$ 22 bilhões. No total, o fluxo comercial (exportações e importações) entre os dois países saiu de US$ 3 bi em 2003 para US$ 39 bi em 2012. Hoje, conforme disse Lula no encontro com empresários argentinos, o Brasil exporta a metade do que exportava 10 anos atrás. Além da importância em volumes negociados, Argentina e os países da América Latina importam do Brasil principalmente produtos manufaturados. A região, portanto, é estratégica para o fortalecimento da indústria brasileira, responsável por agregar valor à produção nacional.

Agenda cheia

A agenda do presidente Lula e os ministros que integram a comitiva brasileira na Argentina é intensa. Os ministros da Economia dos dois países, por exemplo, Fernando Haddad e Sergio Massa, mantiveram encontros para tratar de uma série de temas que interessam a ambos e também ao Mercosul.

Entre eles está a possível adoção de uma moeda comercial comum para facilitar as importações e exportações entre os membros do bloco, o que serviria para dar mais estabilidade às negociações e para impedir que elas sofram com eventuais oscilações do dólar ou do euro, por exemplo. Eles também firmaram compromisso para debater a integração elétrica e gasífera, com a possível construção de um gasoduto entre as reservas de gás xisto (shale) da reserva de Vaca Muerta até o Brasil.

As ministras da Saúde divulgaram uma declaração conjunta com 19 ações prioritárias no setor. Nísia Trindade (Brasil) e Carla Vizzotti (Argentina) querem avançar na integração regional em promoção da igualdade e equidade de gênero e no acesso aos direitos sexuais e reprodutivos das mulheres, além da cooperação para desenvolvimento de complexo econômico-industrial sanitário e trabalho conjunto sobre pesquisa, desenvolvimento e produção de vacinas, medicamentos e inovações tecnológicas em saúde, visando contribuir para uma autossuficiência regional em termos sanitários.

Na área da Comunicação, o ministro Paulo Pimenta (Secom) anunciou a intenção de firmar parceria entre a EBC (Empresa Brasil de Comunicação) e a Rádio e Televisão Argentina, após encontro com Rosária Lufrano, presidente da emissora estatal.

Do PT Senado

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