Lula: “Não vão conseguir tirar o PT das disputas eleitorais desse país”

Em reunião da Comissão Executiva Nacional em Salvador, ex-presidente afirmou que “esse país tem que recuperar a verdade, porque o que está aí é uma grande mentira”

Ricardo Stuckert

“Quero lutar democraticamente nesse país pelos direitos do povo brasileiro. Quero garantir a democracia. Esse país tem que recuperar a verdade, porque o que está aí é uma grande mentira“.

Com essas palavras, Lula encerrou sua primeira atividade partidária desde que deixou a prisão política em Curitiba, onde ficou 580 dias preso injustamente. Em Salvador, junto à militância petista, um dos pilares da resistência pela liberdade de Lula, o ex-presidente discursou ao lado da presidenta nacional do PT, Gleisi Hoffmann, do ex-ministro da Edução Fernando Haddad, do governador da Bahia, Rui Costa, do senador Jaques Wagner e do líder do PT na Câmara, Paulo Pimenta.

Durante todo o discurso, que levou por volta de uma hora, Lula mostrou que saiu mais forte desses quase 600 dias de cárcere. Com um discurso afiado, ele analisou a situação política do país, falou sobre o papel do PT no futuro do Brasil e, com toda sabedoria e perspicácia que o tornou o maior líder político da história, apontou rumos para o povo brasileiro. Durante todo o tempo, a militância vibrava ao ouvi-lo,  comentava suas palavras e o aplaudia, como se exorcizasse naquele momento toda a saudade de ouvir o operário que sempre encantou multidões pelo país.

Em sua fala, Lula defendeu o protagonismo do partido no cenário político do país: “O PT tem que ser mais forte, mais unido, mais disposto a brigar. O PT polarizou em todas as eleições e vai continuar polarizando. Não existe tradição política como a desse partido. Eles não vão conseguir tirar o PT das disputas eleitorais desse país, com Lula ou sem Lula.  Eu posso subir a rampa em 2022 levando o Haddad, levando o Rui, levando os outros companheiros. Mas o PT só cresce se disputa, não nasceu para ser um partido de apoio”.

Legado do PT

 

O ex-presidente também reafirmou os objetivos do Partido dos Trabalhadores e a importância do mesmo na construção do País: “Será que os petistas que dizem que o PT deve fazer autocrítica têm consciência que nós conseguimos criar o maior partido da América Latina? Não existe no mundo partido similar. Um partido de esquerda criado nesses moldes, unindo correntes com o objetivo de criar uma sociedade mais justa, mais igual, não existe. Ontem, o Pimenta demonstrou a razão do PT ter nascido”, afirmou Lula, se referindo à resistência do parlamentar na invasão da embaixada da Venezuela por pessoas da direita.

Para Lula, o legado construído pelo partido em quase 40 anos de existência é único na política brasileira. “Esse partido faz parte da minha vida. Sou resultado da consciência política da classe trabalhadora brasileira. Nós não podemos aceitar a ideia que querem nos diminuir. Somos o único partido que tem um legado e temos que trabalhar muito por ele”.

 

“Não esperava tanto carinho e amor”

 

 

Ao deixar o cárcere político, o primeiro ato de Lula foi ir até a Vigília, ponto máximo da resistência pela liberdade do ex-presidente que o apoiou incansavelmente por quase 600 dias. Durante esse período, o Lula recebeu inúmeras visitas e constatou todo a solidariedade e amor que vinha de todos os lugares. “Não esperava tanto carinho e tanto amor. Minha relação com vocês é muito forte, jamais poderia agradecer o que vocês fizeram por mim. Quero agradecer a solidariedade, não sabia que tinha gente que gostava de mim, no mundo inteiro. Sou agradecido a vocês porque nenhum presidente foi tão amplo como eu. Eu mostrava que o país era de todos”.

O ex-presidente ainda declarou que aprendeu muito sobre o Brasil enquanto estava na prisão, e saiu de lá com maior noção de seus propósitos: “Eu saí da cadeia mais humano, mais certo das lutas que nós temos que fazer. Li muito sobre a história desse país, e posso dizer: esse país nunca teve sua história contada e seus heróis nunca apareceram em uma fotografia. Nossos heróis sofreram uma morte para sempre. No Brasil, pouco sabemos sobre as nossas grandes rebeliões e revoltas populares. O PT é o único partido que tem a obrigação de contar essas histórias”.

Quanto às pessoas que o colocaram na prisão de maneira injusta, Lula reafirmou que não busca vingança. Como tem reiterado nesse longo período de luta por sua inocência, ele reafirmou que espera que a justiça seja feita.

“Quando eu fui preso, eu tomei a decisão para que eu não fosse tratado como fugitivo. Eu quis ir para pertinho do Moro, para provar o canalha que ele foi em me julgar. Nós temos que desmontar essa farsa que foi montada contra mim. Eles não tem noção do que é colocar na cadeia um senhor de 72 anos. Mas não quero me vingar, eles não têm como me devolver 580 dias”.

“Não querem que a gente exista”

 

Considerado o presidente mais amado e querido dos brasileiros, Lula, que passou sua vida lutando, governando e militando pelo povo trabalhador, mostrou como o governo de Jair Bolsonaro busca desconstruir todas as conquistas dos últimos anos e, ao contrário das gestões petistas, governa apenas para os ricos. “É uma vergonha a disparidade desse país. A proposta de reforma tributária não planeja taxar grandes riquezas, eles querem taxar a camada mais pobre deste país. Querem dar emprego sem nenhum direito, quase uma escravidão”.

Os avanços sociais dos governos do PT reduziram a desigualdade social e ampliaram a distribuição de renda, possibilitando uma maior ascensão socioeconômica no país. Para Lula, todo esse progresso incomodou as camadas mais ricas: “Eu estou mais consciente. Eu sei que eles não querem que a gente exista. Eles não querem que o pobre entre na universidade, porque lá eles vão aprender sobre conscientização política. Nós resolvemos criar programas sociais, como ProUni, Ciências sem Fronteiras, Pronatec. O povo tem que saber que nossa briga não é só eleitoral, é também social. Nossa briga é para que as pessoas tenham maior acesso. E tudo isso incomoda a elite”.

“Eles julgaram o meu mandato”

 

De acordo com o ex-presidente, a operação Lava Jato é a principal ferramenta da elite para acabar com o legado dos governos petistas: “A Lava Jato está julgando o meu mandato. Eles estão tentando desacreditar os feitos do PT, e jogar toda a culpa no partido. Eles querem que daqui a alguns anos, o povo não saiba o que o PT fez. Querem privatizar tudo, até hospital. O SUS é um dos sistemas mais importantes do mundo. Quase 100% dos transplantes desse país são feitos pelo SUS”.

Por fim, o ex-presidente conversou um pouco sobre seus planos para o futuro, com sua merecida liberdade: “Companheiros e companheiras, não tenho nenhum interesse em voltar para a cadeia. Eu pretendo casar. Eu aprendi que o homem tem muito amor”, afirmou.

Da Redação da Agência PT de Notícias

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