Maio das Trabalhadoras | O que querem as profissionais da seguridade social?
Conversamos com Maria de Fátima Veloso Cunha, secretária de Mulheres da CNTSS e secretária adjunta de Saúde do Trabalhador da CUT
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As profissionais de seguridade social estão na linha de frente das políticas de proteção social, um espaço estratégico diante da crise econômica que avassala o país. Por ser uma carreira majoritariamente feminina, sofre com a desvalorização profissional e salarial e, até mesmo, pelo reconhecimento da profissão.
Este é o Especial “Pelo que lutam as trabalhadoras”, iniciativa do projeto Elas Por Elas para a semana que celebra o 1 de maio, dia do trabalho. Diante dos desafios contemporâneos, conversamos com mulheres dirigentes de diversas categorias para difundir e compartilhar as demandas das mulheres da classe trabalhadora.
Mais de 80% do nosso setor são mulheres e nós não temos as condições ideais de trabalho, nem a valorização profissional, planos de cargo, carreira e vencimentos.
Com mais de 40 anos de militância, Maria de Fátima Veloso Cunha começou no movimento de mulheres e foi para o movimento sindical. Atualmente, é secretária de Mulheres da CNTSS e secretária adjunta de Saúde do Trabalhador da CUT. No PT, ela é filiada desde 2000 e faz parte da coordenação do Setorial Sindical.
No movimento sindical, Maria de Fátima sempre militou no SindSaúde-GO, como delegada de base. Nesses 32 anos de profissão, ocupou vários cargos na direção e foi presidenta do SindSaúde por dez anos. No caso, a única presidente eleita três vezes consecutivas. Durante esse tempo, fizeram lutas intensas pela valorização da carreira, reconhecimento da categoria, pelos agentes de saúde e piso nacional dos profissionais da enfermagem. Ela também teve participação ativa nas Conferências Nacionais de Saúde, Mulheres e Igualdade Racial no Brasil.
1) Quais são as principais reivindicações das mulheres de Saúde e Seguridade Social?
A nossa maior reivindicação é conseguir uma carreira de Estado. Mais de 80% do nosso setor são mulheres e nós não temos as condições ideais de trabalho, nem a valorização profissional, planos de cargo, carreira e vencimentos. Lutamos por mais concursos públicos, acabar com o assédio moral e sexual, que ainda acontece muito dentro dos hospitais e das unidades de saúde. E fortalecer o controle social devido ao desmonte do SUS. Mais de 100 milhões de pessoas são atendidas pelo sistema diretamente.
2) Quais as principais dificuldades de ser mulher dentro da categoria? (situações que acontecem no local de trabalho, específicas do setor)
A nossa maior dificuldade é a falta de condição no setor. Raros momentos temos a condição adequada de fazer o atendimento à população. Falta uma política que, de fato, nós tenhamos a saúde do trabalhador e da trabalhadora assegurada. A maioria dos locais não respeita nem as normas já existentes. A Vigilância Sanitária tem dificuldade em fiscalizar.
3) Quais são as perspectivas de organização e conquistas para 2022 e no próximo período?
A nossa principal perspectiva é eleger mais representantes que tenham compromisso com a classe trabalhadora, que defendam um país mais justo, humano e solidário. Parlamentares comprometidas em reduzir a desigualdade social e, claro, a eleição do presidente Lula. Não podemos continuar nesse próximo período sem perspectiva de qualidade de vida, de dignidade. Houve um desmonte no Estado tbrasileiro e nós defendemos que o Estado volte a ser forte e defenda e assegure dignidade e segurança às trabalhadoras desse país.
Sobre o Especial “Maio das Trabalhadoras”
Esta matéria integra o Especial 1 de maio, “Pelo que lutam as mulheres trabalhadoras”. Nele, conversamos com metalúrgicas, domésticas, têxteis, pescadoras, quebradeiras de coco, enfermeiras, servidoras, professoras e diversas outras categorias para repercutir as pautas das mulheres nas mais diversas trincheiras do mundo do trabalho atualmente. Acesse aqui a tag e confira todas as matérias.
Ao longo da semana, publicamos duas entrevistas por dia com o objetivo de dar visibilidade não só para as demandas específicas das trabalhadoras de cada setor, mas também contar uma breve história de militância de cada uma das companheiras que atuam em defesa dos direitos de sua categoria.
E, claro, mais do que nunca, dar espaço para que elas contem o que esperam de 2022 e das perspectivas de reconstrução de um país em que ainda é possível sonhar e concretizar um mundo mais justo e solidário.
Ana Clara Ferrari e Dandara Maria Barbosa, Agência Todas