Maio das Trabalhadoras | O que querem as enfermeiras?

Conversamos com Mônica Carris Armada, presidenta do Sindicato dos Enfermeiros do Rio de Janeiro.

A fetichização da categoria da enfermagem influencia nos inúmeros casos de assédio que as enfermeiras enfrentam todos os dias. No entanto, esta não é a única forma de violência que elas sofrem. Baixos salários, falta de creches e misoginia estão na lista de reivindicações dessa categoria — que foi linha de frente durante o auge da pandemia da Covid-19.

Este é o Especial “Pelo que lutam as trabalhadoras”, iniciativa do projeto Elas Por Elas para a semana que celebra o 1 de maio, dia do trabalho. Diante dos desafios contemporâneos, conversamos com mulheres dirigentes de diversas categorias para difundir e compartilhar as demandas das mulheres da classe trabalhadora.

 

Não queremos só aplausos, mas sim salário digno e condizente com a importância da nossa profissão, voltada para cuidar das pessoas quando elas estão mais vulneráveis

Mônica Carris Armada, atualmente é presidente do Sindicato dos Enfermeiros do Rio de Janeiro e faz parte do setorial de saúde do PT do Rio de Janeiro. Ela já exerceu outros cargos na direção do Sindicato, e é militante do movimento sindical há mais de 20 anos.

1) Quais são as principais reivindicações das mulheres da área de enfermagem?

Atualmente, a nossa principal reivindicação, bem como a dos enfermeiros homens, é o piso salarial nacional da enfermagem, o PL 2564. Ele já foi aprovado pelo Senado e agora está prestes a ser votado pela Câmara dos Deputados. Também podemos destacar a luta permanente por melhores condições de trabalho e o acesso a materiais e insumos adequados à prestação de um serviço de qualidade à população.

2)  Quais as principais dificuldades de ser mulher dentro da categoria? (situações que acontecem no local de trabalho, específicas do setor)

A categoria da enfermagem é formada em sua imensa maioria por mulheres. Claro que existem casos de assédio nos locais de trabalho, mas, no geral, a nossa pauta de gênero está sintonizada com a do conjunto da mulher trabalhadora. Queremos melhores salários, maior número de creches para os filhos das enfermeiras e fim da violência contra a mulher. Não abrimos mão do combate incessante a todo tipo de misoginia.

3) Quais são as perspectivas de organização e conquistas para 2022 e no próximo período?

O reconhecimento maior por parte da sociedade, em razão do nosso papel na linha de frente do enfrentamento da pandemia, fez crescer a mobilização dos profissionais de enfermagem em busca da real valorização. E esse movimento só tende a se fortalecer. Como temos dito aos patrões e aos governos, não queremos só aplausos, mas sim salário digno e condizente com a importância da nossa profissão, voltada para cuidar das pessoas quando elas estão mais vulneráveis.

Sobre o Especial “Maio das trabalhadoras”

Esta matéria integra o Especial 1 de maio, “Pelo que lutam as mulheres trabalhadoras”. Nele, conversamos com metalúrgicas, domésticas, têxteis, pescadoras, quebradeiras de coco, enfermeiras, servidoras, professoras e diversas outras categorias para repercutir as pautas das mulheres nas mais diversas trincheiras do mundo do trabalho atualmente. Acesse aqui a tag e confira todas as matérias.

Ao longo da semana, publicamos duas entrevistas por dia com o objetivo de dar visibilidade não só para as demandas específicas das trabalhadoras de cada setor, mas também contar uma breve história de militância de cada uma das companheiras que atuam em defesa dos direitos de sua categoria.

E, claro, mais do que nunca, dar espaço para que elas contem o que esperam de 2022 e das perspectivas de reconstrução de um país em que ainda é possível sonhar e concretizar um mundo mais justo e solidário.

Ana Clara Ferrari e Dandara Maria Barbosa, Agência Todas

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