Mercadante critica juros altos e propõe pacto entre Estado e setor privado
Presidente do BNDES condena política de Campos Neto e destaca a necessidade de diálogo e parceria para o crescimento do Brasil
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Durante o Fórum Esfera, realizado no Guarujá (SP), Aloizio Mercadante criticou fortemente a política de juros do Banco Central. Em um painel com a presença de Roberto Campos Neto, presidente da autarquia, afirmou que “não existe razão para o Brasil ter a segunda maior taxa de juros real do planeta”. Segundo ele, a taxa elevada sufoca a atividade econômica e prejudica a retomada da indústria.
O presidente do BNDES ressaltou a necessidade de mais diálogo entre o Ministério da Fazenda e o Banco Central para impulsionar o crescimento do país. E pediu a Campos Neto que considere os esforços do governo e colabore na redução da taxa de juros reais, atualmente em 6% e insustentável no longo prazo.
Rubens Menin, sócio-fundador da MRV Engenharia, também participou do evento e ecoou as críticas: “o país não aguenta o juro alto por muito mais tempo”, alertou. Menin destacou que o Brasil possui uma balança comercial superavitária, reservas internacionais robustas e uma economia em bom funcionamento, indicadores que depõem contra os juros nocivos defendidos e mantidos por Campos Neto.
Pacto entre Estado e setor privado
Mercadante aproveitou para criticar a postura do mercado financeiro, que defende menos gasto com saúde e educação e a desindexação das aposentadorias ao salário mínimo. Nos primeiros quatro meses de 2024 o governo gastou R$ 286 bilhões só com os juros da dívida pública, dinheiro que seria melhor usado em investimentos públicos e a favor dos trabalhadores.
O presidente do BNDES ainda afirmou que é preciso parar de falar mal do Brasil e propôs um pacto em torno do país, unindo governo e empresas: “não temos saída se não tivermos parceria entre Estado e setor privado”. Ele considera um erro acreditar em Estado mínimo quando governos em todo o mundo têm atuado fortemente em setores estratégicos.
Mercadante finalizou sua participação pedindo aos empresários que reconheçam o ambiente favorável para investimentos. E destacou o crescente interesse internacional no Brasil e a importância da transição energética para o futuro econômico do país.
Diálogo e crescimento
Durante o Fórum, empresários como Wesley Batista, do grupo J&F, e André Esteves, do BTG Pactual, também destacaram a importância de um discurso mais construtivo sobre a economia brasileira e ressaltaram as conquistas recentes. Batista enfatizou que o agronegócio cresceu 11% no primeiro trimestre deste ano, demonstrando o potencial de desenvolvimento do país.
Já Esteves ressaltou que o Brasil reúne as melhores condições macroeconômicas de sua história, com um superávit comercial de US$ 100 bilhões e reservas internacionais de US$ 380 bilhões. E somou-se aos protestos contra a política de Campos Neto. “Hoje o debate é como trazer o juro real de 6% para 3% ao ano”, salientou. “Com essa taxa, muitos empresários não conseguem investir”.
Da Redação