Milei manda polícia bater em aposentados por protesto contra cortes sociais

Manifestação pacífica em Buenos Aires foi alvo de gás, balas de borracha e canhões de água; mais de 100 pessoas foram presas e 20 ficaram feridas. Governo neoliberal de Milei avança em desmonte de direitos sociais

Agustin Marcarian

Sob ordens de Milei, a polícia argentina agiu com força e truculência contra os aposentados

A repressão brutal do governo ultraliberal de Javier Milei a um protesto de aposentados, na última quarta-feira (12), em Buenos Aires, escancarou a contradição do discurso da extrema direita. Enquanto defende a liberdade como princípio absoluto, Milei impõe políticas que silenciam manifestações e aumentam a miséria. O ato pacífico, que ocorre tradicionalmente às quartas-feiras em frente ao Congresso Nacional argentino, foi duramente reprimido pela polícia. 

A manifestação contou com o apoio de torcidas organizadas de pelo menos 30 times de futebol, além de sindicatos e movimentos sociais. Os aposentados protestavam contra os cortes na previdência, a perda de direitos e a deterioração do poder de compra, resultado direto da agenda ultraliberal do presidente argentino. A violenta resposta do governo incluiu o uso de gás lacrimogêneo, balas de borracha e canhões de água, resultando em pelo menos 103 pessoas presas e 20 feridas, uma delas em estado grave.

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Cortes brutais e pobreza crescente

A política de Milei desmontou garantias básicas para aposentados. Os preços de medicamentos dobraram, serviços essenciais ficaram inacessíveis e quase 60% dos pensionistas vivem com o equivalente a R$ 1.970 mensais. A moratória previdenciária, que permite a aposentadoria de trabalhadores sem os 30 anos de contribuição, expira no fim de março e o governo já indicou que não pretende renová-la.

O impacto das medidas de seu governo é devastador. A pobreza avança a níveis alarmantes: a inflação acumulada desde o início do governo ultrapassa 100%, e a política de ajuste resultou na perda de 200 mil empregos e na paralisação de obras públicas.

Para o deputado federal (RJ) e líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias, a repressão escancara a essência do ultraliberalismo. “Essa é a liberdade de Milei”, escreveu em suas redes sociais.

Para o deputado federal Elvino Bohn Gass (PT-RS), é espantoso que a política neoliberal e entreguista de Milei ainda encontre defensores no Brasil. “Milei manda polícia bater em aposentados que protestam pq estão passando fome na Argentina”, denunciou o deputado, pelo X. “E tem criatura que defende esse modelo no Brasil”, espantou-se.

Resistência e endurecimento do governo

A repressão de Milei não se limita aos aposentados. Horas antes da manifestação, a ministra da Segurança, Patricia Bullrich, ameaçou as torcidas organizadas que participassem do ato, declarando que poderiam ser proibidas de frequentar estádios de futebol. No mesmo dia, a polícia distribuiu comunicados alertando sobre prisões e enquadramento dos manifestantes em artigos do Código Penal.

Mesmo com as ameaças e a violência policial, os aposentados continuam mobilizados. Nora Biaggio, representante do Plenário de Trabalhadores Aposentados, destacou que a participação das torcidas organizadas demonstra a gravidade da situação. “Nossa luta vai ao cerne do ataque à política de ajuste de Milei”, afirmou.

Uma famosa frase do ex-jogador Diego Maradona, conhecido também por suas posições progressistas, ecoou no ato: “Tenemos que ser muy cagones para no defender a los jubilados (Temos que ser muito covardes para não defender os aposentados)”. A multidão que tomou as ruas de Buenos Aires mostrou que não pretende ceder.

Leia mais: Argentina: o colapso do modelo neoliberal de Milei

Da Redação

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