Ministério das Mulheres reforça ações de combate à misoginia nas redes sociais

Pasta firmou parceria com a UFRJ para analisar a produção de conteúdo com foco na agressão às mulheres no ambiente virtual

Divulgação / MMulheres

Para a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, é fundamental enfrentar a “monetização do ódio” nas plataformas digitais

Com a ascensão da extrema direita no mundo, discursos altamente preconceituosos têm ganhado terreno e adesão na Internet. Com isso, grupos extremistas passaram a se organizar para disseminar ódio e violência, extrapolando o universo virtual. Um exemplo nítido é o dos red pills, grupos de homens que, por meio de fóruns na Dark Web, se reúnem para espalhar mensagens violentas e agressivas contra as mulheres. O nome que se dá a esses espaços é ‘machosfera’, movimento iniciado nos anos 1980 nos Estados Unidos, e que prega o ódio às mulheres. A esta prática também se dá o nome de misoginia. 

E a fim de combater e entender melhor esta prática, o Ministério das Mulheres firmou parceria com o NetLab, laboratório de pesquisa vinculado à Escola de Comunicação (ECO) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) para realizar uma pesquisa focada no discurso misógino e na desinformação direcionada às mulheres nas plataformas de redes sociais. 

Com um investimento de R$ 300 mil, a iniciativa tem como objetivo analisar duas formas principais de desinformação: a produção de conteúdo audiovisual com discurso de ódio às mulheres, que gera receita em plataformas digitais e a ocorrência de golpes e fraudes direcionados às mulheres, que acarretam danos financeiros, psicológicos e de saúde, informou a pasta. 

De acordo com a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, é fundamental enfrentar a “monetização do ódio” nas plataformas digitais. “Esta prática não só perpetua estereótipos e violências, mas também se traduz em ganhos financeiros para aqueles que disseminam conteúdos misóginos. A nossa iniciativa de mapear e analisar essas atividades é um passo crucial para combater essa forma de desinformação e proteger a integridade e dignidade das mulheres”, defendeu. 

“Nossa parceria visa coletar evidências que possam embasar ações e políticas públicas pelo Ministério das Mulheres para combater a violência e a desinformação de gênero online”, afirma a professora Rose Marie Santini, diretora do NetLab UFRJ. Ela explica que “o ambiente digital facilita diversos tipos de crimes contra as mulheres nas redes”, colocando em risco “sua saúde física e mental, além dos prejuízos materiais causados às mulheres”. 

Os primeiros resultados, referentes à exploração de conteúdos audiovisuais e à monetização em plataformas de vídeo na internet, serão entregues em março de 2024 e vão compor um relatório especial que será lançado no Dia Internacional das Mulheres, em parceria com organizações da sociedade civil. 

Vale destacar que no lançamento do programa Brasil sem Misoginia, realizado em outubro, a primeira-dama, Janja Lula da Silva, cobrou dos representantes de empresas de tecnologia ações para coibir a prática da misoginia no ambiente virtual: “Estou muito feliz em ver Google e Facebook aqui, porque na rede social acontecem ataques às mulheres. Fico muito feliz também que são duas mulheres que estão como representantes, e vamos cobrar que esses ataques nas redes sejam criminalizados e essas contas excluídas”, disse.

Importante relembrar também que no começo deste mês, Janja teve sua conta no X invadida por um hacker, que proferiu ataques e xingamentos contra ela. 

Red Pill

A professora e ativista pelos direitos das mulheres Lola Aronovich há mais de 15 anos sofre com a violência praticada por misóginos. Em entrevista ao site Colabora, ela falou um pouco sobre estes homens que escolheram a violência virtual como forma de ataque às mulheres.

Segundo ela, a misoginia não é uma invenção da machosfera, “mas os red pills certamente usam os instrumentos tecnológicos para espalhá-la, perpetuá-la, apresentá-la a novas gerações. Vale lembrar que essa machosfera não existe só no Brasil. É um movimento internacional. Aqui eles copiam praticamente tudo dos EUA, inclusive a terminologia.”

Ela explica ainda como funcionam os red pills: “O mais importante para entender é que, quando falamos em red pill, não é um ou outro machista genérico. São grupos organizados que agem, muitas vezes, para destruir vidas de mulheres, seja cometendo massacres, seja alvejando ativistas feministas, seja espalhando todo tipo de preconceito, principalmente contra mães solo, gordas e mulheres negras.” 

Da Redação do Elas por Elas, com informações do Ministério das Mulheres , Colabora e Folha de S. Paulo

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