Monica Valente sobre Bolsonaro em Davos: “foi bem pior do que todos imaginávamos”
Secretária nacional de relações internacionais do Partido dos Trabalhadores comenta a presença da comitiva brasileira no Fórum Econômico Mundial, em Davos
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Jair Bolsonaro falou nesta terça-feira (22) no Fórum Mundial Econômico, em Davos, na Suíça, e seu primeiro discurso internacional já foi visto com bastante preocupação para especialistas.
A fala de Bolsonaro, que teve apenas 6 minutos foi seu primeiro posicionamento diante do mundo e consequentemente foi a primeira imagem que o novo governo brasileiro passou. Para se ter uma ideia do estrago causado, o prêmio Nobel de Economia Robert Shiller, saiu da sala com a seguinte afirmação: “Bolsonaro me dá medo” e completou. “O Brasil é um país grande, e merece alguém melhor”.
Monica Valente, secretária nacional de relações internacionais do Partido dos Trabalhadores explica que “a expectativa de que o discurso de Bolsonaro seria ruim já era prevista, mas reitera que foi bem pior do que todos imaginávamos. Depois de ver o que disse, fica ainda mais necessário comparar com o discurso de Lula em Davos em 2003. A diferença entre ambos é incomensurável.”
Naquele ano, Lula saiu ovacionado após apaziguar o mercado, propor diálogos entre as nações e usar a maior vitrine econômica global para sugerir políticas sociais como combate à pobreza — dias antes esteve em Porto Alegre para participar do Fórum Social Mundial, espécie de contraponto do evento na Suíça.
O candidato que teve como lema “Brasil acima de tudo”, que curiosamente não usou em Davos por ter aproximação com um slogan da campanha nazista de Hitler, já apontava para uma submissão política e econômica e não demorou nem um mês para vender empresas importantes como a Embraer e fala de privatizar uma centena de estatais. Em Davos, Bolsonaro falou de privatizações e parece estar disposto a entregar as riquezas do Brasil.
Monica ressalta que a imagem do Brasil no exterior já estava manchada com o governo golpista de Temer e é direta com relação às suas expectativas. “O que a gente pode esperar da política externa do Bolsonaro são só desastres”. Ela também criticou a ausência de Paulo Guedes e a fuga de Moro das perguntas sobre as denúncias de corrupção que rondam a Família Bolsonaro.
A secretária nacional de relações internacionais do PT fala também sobre a breve declaração de Bolsonaro aos jornalistas (que não foi uma coletiva de imprensa oficial) nesta segunda-feira (21). Ela dividiu suas observações pelos comentários feitos por Jair.
“Primeiro ele disse que vai lá convencer o capital internacional das privatizações. Ele precisa entender que ele não é dono do Brasil, ele foi eleito presidente do Brasil, mas isso não dá a ele a propriedade para que ele saia vendendo o país como ele está dizendo que vai fazer em Davos.”
“Segunda coisa que ele fala é sobre a Venezuela. Ele não está lá para dar a opinião dele sobre a Venezuela, ele está lá para representar o Brasil e infelizmente vai. Essa declaração dele é só para agradar o mercado e o presidente norte americano que nem lá vai.”
“A terceira coisa que ele disse é que sobre Previdência ele não vai falar e quem vai falar, na hora de falar, é o Paulo Guedes. Ou seja, ele foi fazer lá o quê? Envergonhar o Brasil? É um absurdo.”
Sobre a subserviência aos Estados Unidos e à política de Donald Trump, Monica questiona. “O que a família Bolsonaro quer mostrar ao mundo? Que eles vão ser capatazes do governo norte americano na América Latina? É esse o papel vergonhoso que eles pretendem inaugurar em Davos?”
Para finalizar ela ainda afirma: “Bolsonaro fez a gente passar vergonha e não vai trazer nenhum benefício pro povo brasileiro.”
Da Redação da Agência PT de notícias