Mulheres indígenas organizam evento no 18ª Acampamento Terra Livre (ATL)

Lideranças indígenas de diversos territórios e biomas protestam contra projetos que violam os direitos dos povos originários

Com o lema ‘Nossas Vozes Ancestrais Retomando o Brasil: Demarcar Territórios e Aldear a Política’, mulheres indígenas marcam presença no quinto dia do 18ª Acampamento Terra Livre (ATL) 2022, nesta sexta-feira(8). O evento também foi um momento  para elas compartilharem suas lutas, saberes e estratégias política. 

A programação contou com manifestações culturais, rituais e discussões. Mulheres de diferentes etnias indígenas uniram suas vozes para falar sobre  territorialidade,  protagonismo das mulheres originárias, políticas e expectativas para as eleições de 2022.

“É necessário ecoar as vozes das parentas. Elas lutam pela terra, mas lutam principalmente pelo futuro, pelo direito a ter um futuro para os seus, para nós. Lutam pelo direito de viver dentro das suas comunidades, de viver dentro de uma aldeia, de desfrutar da caça, do rio, de suas culturas, de suas linguagens, de suas medicinas tradicionais, lutam para existir”, afirma Anne Moura, secretária nacional de mulheres do PT, na qual destaca a importância das lutas das mulheres indígenas.

A coordenadora nacional de assuntos indígenas do PT, Tani Rose, esteve presente no ATL.

 

Hoje, grande parte das etnias do Brasil reconhecem a liderança das mulheres e a importância de sua organização. A luta das mulheres matriarcas é central já que atinge diretamente a segurança alimentar, a saúde e o bem viver dos povos indígenas”, conta.

 

A força da ancestralidade 

Durante o evento, lideranças femininas de diversos territórios e biomas  manifestaram contra os projetos do governo federal que violam os direitos dos povos originários. 

A liderança Sonia Guajajara, incentivou a busca por direitos e igualdade na sociedade.  Em  seu discurso, ela  frisou a necessidade das mulheres ‘aldeiarem’ a política e outras esferas dos espaços de poder .

“Já passou do tempo de sermos secundárias. Hoje precisamos estar controle social, nas universidades, na política, entre outros. Em 2022, queremos mais mulheres na política, sim, pois, esse governo adota políticas que são contrárias aos nossos direitos”, disse.

Emocionada, a jovem Samira, pertencente ao povo Xavante,  relembrou o legado deixado pelo pai e ressaltou a necessidade de unir forças para continuar a luta dos seus antepassados. 

“Estou feliz de estar aqui. Não é fácil, porque sou mulher, mas eu sigo o conselho do meu pai que já morreu, que é sempre lutar e manter o legado dos meus ancestrais. E hoje, estou aqui para somar forças, pois não está fácil diante das retiradas de direitos”, desabafou.

Para Tamikuã, liderança do povo Jaraguá,  com a força das mulheres indígenas elas vão lutar pelos seus territórios e pelas futuras gerações.

“Estamos juntas para recuperar os nossos territórios, seja fisicamente e culturalmente”, afirmou.

 

ATL 2022

Considerada a maior mobilização indígena do Brasil, o acampamento ocorre no mesmo período em que o Congresso Nacional e o governo pautam a votação de projetos que violam os direitos dos povos indígenas.

Como chamada “agenda anti-indígena”, composta pelo julgamento do Marco Temporal no Supremo Tribunal Federal (STF) e por projetos de lei que liberam a exploração de terras, o licenciamento ambiental e o uso de agrotóxicos, e por  demarcação de territórios indígenas. 

 

A mobilização é uma realização da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), que volta a Brasília, neste ano, com o tema ‘Retomando o Brasil: Demarcar Territórios e Aldear a Política’. O ATL acontece na área externa do Complexo Cultural Funarte, no Eixo Monumental, em Brasília. E encerra no dia 14 de abril. 

Acesse a programação, aqui.

Dandara Maria Barbosa, Agência Todas

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