Mulheres morrem mais por agressão que por câncer em 12 cidades do Brasil
A média de mulheres mortas por violência no país é de 0,88% , porém, em algumas cidades esse número pode chegar a 19,5%
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Mulheres têm mais chances de morrer por consequências de uma agressão do que por câncer ou doenças do sistema circulatório em ao menos 12 cidades do Brasil, de acordo com dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde cruzados com informações populacionais do IBGE.
Reportagem da Agência Lupa analisou os registros de óbitos específicos do SIM entre os anos de 2007 e 2016, e mostrou que os dados são preocupantes. A média de mortes de mulheres por agressão é de 0,88% no país, mas em algumas cidades esse número chega até 19,5%.
Segundo o levantamento, na cidade de Barcelos (AM) a principal causa da morte de mulheres durante o período analisado foi a violência, 48 vítimas de agressão, enquanto 34 foram a óbito por problemas no sistema circulatório, como AVCs, doenças hipertensivas e isquêmicas, 17 faleceram de câncer. É o maior índice, em todo o Brasil, de mortalidade feminina em decorrência de agressões: uma em cada cinco mulheres (19,5%).
Em Roraima, as cidades de Caracaraí e Alto Alegre também aparecem na pesquisa com números assustadores. Em Alto Alegre, 34 mulheres faleceram vítimas de violência, enquanto 30 morreram de câncer. Em Caracaraí, 46 moradoras foram a óbito em decorrência de agressão e 29 de câncer. Respectivamente, 10,1% e 17,3% do total de óbitos de mulheres dessas duas cidades.
Nessas cidades, o índice de mortes de mulheres em decorrência de agressão é 10 vezes maior do que a média do país.
São Paulo e Rio de Janeiro, aparecem no levantamento, nos dois primeiros lugares na lista de cidades com maior número de morte de mulheres em decorrência de agressões. Entre 2007 e 2016, foram 1.497 casos na capital paulista e 1.197 na capital fluminense. Porém, proporcionalmente são as capitais com menos registros: 0,4% do total de mortes de mulheres. Salvador também aparece como uma capital com mais de mil casos ao longo do período analisado.
Segundo a pesquisa, a cidade de Boa Vista é a capital que mais necessita de atenção das autoridades e dos movimentos em defesa das mulheres. Os dados mostram que 2 a cada 100 mulheres moradoras da região morreram vítimas de violência durante o período de análise da pesquisa.
Da Redação da Secretaria Nacional de Mulheres do PT com informações da Agência Lupa