Não tenho nenhum respeito ético pelas posições de Aécio, afirma Roberto Amaral

Expressão histórica da esquerda no país, ex-presidente do PSB diz que aparente recuo de senador mineiro sobre impeachment “faz parte de algum jogo de política menor”, e volta a criticar seu partido

O ex-presidente nacional do PSB, Roberto Amaral, declarou não ter “nenhum respeito ético” pelas posições políticas do candidato derrotado à Presidência, Aécio Neves (PSDB). Para ele, “assumiu o lado golpista” ao defender oficialmente a campanha pelo impeachment da presidenta Dilma Rousseff.

“Ele assumiu o lado golpista. Ele agora, com esse negócio de dizer que não tem motivo, ‘ainda’, é uma coisa sem sentido. Tem motivo ou não tem? Dizer que não tem motivo ainda… Quer dizer, ainda vai se procurar? E ele descobriu agora que não tem motivo? E quando ele estava pedindo novas eleições?”, questionou Roberto Amaral, em entrevista à “Rede Brasil Atual”, publicada na última sexta-feira (28).

A fala de Amaral deu-se em resposta à mais recente declaração do senador tucano de que “ainda não está claro” haver motivos para o impeachment de Dilma. “Reconheço isso. Mas nada impede que dentro de algum tempo isso ocorra”, disse Aécio.

“Não levo a sério, não considero importante nem relevante a declaração dele. Isso faz parte de algum jogo de política menor”, ressaltou. Para o ex-presidente nacional do PSB, o senador tucano “está querendo recuperar as tradições da UDN, que toda vez que perdia eleições propunha um golpe de Estado”.

Amaral destacou que a questão fundamental é respeitar o processo eleitoral e a voz soberana das urnas.

“É fundamental no processo democrático a defesa do mandato da presidente da República, independentemente de ser a Dilma, como era importante garantir a posse e o mandato de Juscelino. O que resta é a regra do processo democrático. Esta é a regra democrática: você disputa, ganha ou perde e vai em frente. Isso é fundamental para a ordem democrática. Isso é fundamental para a economia brasileira”, afirmou.

Amaral completou: “As eleições já terminaram. O que estou querendo é que os liberais entendam que o pleito do impeachment ou da convocação de eleições é um pleito golpista”.

Segundo Amaral, é preciso dar sustentação de centro-esquerda ao governo da presidenta Dilma. “A política se faz com correlação de forças. Se as forças progressistas liberais de esquerda não fortalecerem o governo da Dilma, ela vai ficar nas mãos das forças conservadoras”, ponderou.

Crítico mordaz de seu próprio partido, o PSB, que refundou no pós-ditadura, em 1985, junto com Jamil Haddad, Antônio Houaiss e Evandro Lins e Silva, Amaral acredita que seu partido adotou uma postura “oportunista” ao apoiar Aécio no segundo turno em 2014.

Ao comentar o papel do PSB no atual processo político, Amaral foi firme. “Vejo muito mal, desde agosto do ano passado, quando ele decidiu não apoiar a Dilma”, disse. “A decisão do PSB de apoiar Aécio foi burra e oportunista”, avaliou. Para ele, o projeto Aécio é um “processo de direitização, de redução dos direitos dos trabalhadores e de autoritarismo, que está construindo esse clima de intolerância no Brasil”.

Ministro de Ciência e Tecnologia do governo Lula (entre 2003 e 2004), Roberto Amaral vem criticando seu partido também pela intenção, hoje adiada, de alguns líderes de se fundir com o PPS, que “completaria a direitização do partido”.

Amaral tem defendido a formação de uma frente popular para unir forças progressistas em defesa da democracia. O lançamento da Frente Brasil defendida por ele deve acontecer no próximo dia 5 de setembro, em Belo Horizonte.

Da Redação da Agência PT de Notícias, com informações da “Rede Brasil Atual”

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