Negacionismo de Bolsonaro custou vidas e empregos, diz estudo

Estudo revela a relação entre a sabotagem do governo federal e o alto número de mortos por Covid-19. Demora para conter avanço da doença também levou a maior número de desempregados

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Com Bolsonaro, desemprego e mortes

A cruzada irresponsável de Jair Bolsonaro e seus ministros contra as medidas de isolamento social para contenção do avanço da pandemia do coronavírus, em nome da economia, não apenas resultou em um dos mais altos índices de mortalidade por Covid-19 do mundo como não colaborou para conter a deterioração do mercado de trabalho.

Assessor especializado da Diretoria de Estudos e Políticas Sociais (Disoc) do Instituto de Pesquisas Econômicas (Ipea), Marcos Hecksher sustenta a conclusão em um levantamento elaborado a partir de dados compilados em 2020 pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e pela Organização Internacional do Trabalho (OIT).

O Brasil registrou proporcionalmente mais mortes por Covid-19 em 2020 do que 89,3% dos demais 178 países analisados pela OMS. Quando a comparação desses registros é ajustada à distribuição populacional por faixa etária e sexo em cada país, o resultado brasileiro se torna ainda pior que os de 94,9% dos mesmos 178 países. O risco de morrer de Covid-19 no Brasil foi 3,6 vezes maior que a média mundial.

Ainda que deixe claro que os resultados não apontam uma relação causal, o estudo ressalta a correlação negativa entre os fatores. “Países que não frearam a disseminação do coronavírus com o argumento de não perder trabalho não tiveram benefícios em seu mercado. Deixar morrer não teve nenhum ganho econômico”, atesta Marcos Hecksher.

Segundo ele, os países que registraram mais mortes pela doença no ano passado, de maneira proporcional à população e à pirâmide etária, também foram os que tiveram os mercados de trabalho mais prejudicados.

O Brasil registrou proporcionalmente mais mortes por Covid-19 em 2020 do que 89,3% dos demais 178 países analisados pela OMS. Quando a comparação desses registros é ajustada à distribuição populacional por faixa etária e sexo em cada país, o resultado brasileiro se torna ainda pior que os de 94,9% dos mesmos 178 países. O risco de morrer de Covid-19 no Brasil foi 3,6 vezes maior que a média mundial.

O país também sofreu queda na ocupação mais intensa do que em 53 (ou 84,1%) de 64 países analisados pela OIT entre os três últimos trimestres de 2019 e de 2020. O nível brasileiro de ocupação no período foi o 16º pior do mundo, com 48,8% da população em idade de trabalhar ocupada.

Se piorou com a pandemia, a situação já era ruim antes. Em 2019, entre os 64 países analisados, o Brasil tinha o 25º pior nível de ocupação, com 55,8% de sua população em idade de trabalhar ocupada.

O país também sofreu queda na ocupação mais intensa do que em 53 (ou 84,1%) de 64 países analisados pela OIT entre os três últimos trimestres de 2019 e de 2020. O nível brasileiro de ocupação no período foi o 16º pior do mundo, com 48,8% da população em idade de trabalhar ocupada.

A nota técnica aponta que os impactos conhecidos da pandemia no Brasil foram fortes não apenas em comparação às séries históricas do próprio país, mas também no contexto internacional. “Nos períodos analisados, o Brasil e outros países latino-americanos estão entre os mais atingidos do mundo em perdas de vidas e de empregos. Países da Oceania, da Ásia e da Escandinávia figuram entre os menos atingidos nas duas dimensões em 2020”, apontou o pesquisador.

Na lista analisada pelo pesquisador do Ipea, o mercado de trabalho brasileiro teve pior desempenho que países como Palestina, México e Paraguai durante a pandemia em 2020. Os países com as maiores quedas na taxa de ocupação foram Bolívia e Peru.

“A América Latina sofre mais com a informalidade, o que tende a dificultar a cobertura social, o isolamento e o combate à pandemia, aumentando as perdas de vidas e postos de trabalho. Mesmo em nosso continente, o Brasil se saiu pior que a maioria dos países ao redor”, afirma o pesquisador.

Guerra contra os fatos

Em entrevista à FGV, Hecksher afirmou que o resultado não chega a ser surpreendente. “No início da pandemia, economistas analisaram em paper a evolução econômica em diferentes cidades norte-americanas durante a Gripe Espanhola e já identificavam que as que foram mais estritas em seu fechamento tiveram uma evolução econômica melhor e mais sustentável depois da pandemia”, diz.

Ele lembrou o caso da Suécia na atual crise. “No início da pandemia, o país foi mencionado como exemplo a se seguir, de resposta inteligente, mais flexível, poupadora de emprego”, cita.

No balanço de 2020, entretanto, o país havia registrado quase cinco vezes mais mortos que os demais países nórdicos e uma taxa de desemprego ligeiramente mais alta. “No final, é o medo de contágio que determina a resposta econômica”, disse o pesquisador. Na lista dos 64 países da OIT, a Suécia aparece como 37º país com a maior queda na ocupação do mercado de trabalho em 2020.

Ainda que o avanço da vacinação entre idosos, ou a hipótese de aumento da letalidade entre mais jovens promovido por novas variantes do vírus se confirme, Hecksher ressalta que o importante estimular a manutenção das medidas de proteção individual, além do aumento da vacinação.

Se houver confiança de recuperação sanitária mais rápida e sustentável, a confiança na economia também tende a evoluir de forma mais intensa e mais sustentável. Caso contrário, manteremos a dominância sanitária na economia, contaminando a expectativa dos agentes econômicos e, consequentemente, a geração de emprego”, diz o pesquisador.

Da Redação

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