O ano de 2019 está perdido para a economia, apontam estudiosos
Os economistas Aloizio Mercadante e Marcio Pochmann reuniram-se com as bancadas do PT na Câmara e no Senado para analisar a conjuntura econômica
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“O ano de 2019 está perdido para a economia brasileira”. A curva descendente desenhada com a política de arrocho adotada pelo governo Michel Temer — que fez o Brasil encolher 5%, na comparação entre 2014 (governo Dilma) e 2018 — não vai ser revertida com o aprofundamento desse austericídio promovido pelo governo Bolsonaro.
“Bolsonaro abortou a possibilidade de recuperação da economia”, aponta Mercadante.
Aloizio Mercadante e o também professor de Economia Marcio Pochmann reuniram-se na última terça-feira (21) com as bancadas do PT na Câmara dos Deputados e no Senado para analisar a conjuntura econômica e avaliar propostas que contribuam para a saída da crise. O quadro que eles traçaram é angustiante.
Maior crescimento do desemprego
O Brasil de 2019 é muito diferente daquele que no biênio 2013/2014 era um dos países do mundo com a economia mais dinâmica. Naquele período, o crescimento médio anual do Produto Interno Bruto ficou em 3,2% e o aumento da renda média per capita esteve nos 4,2% ao ano.
Agora, aponta Marcio Pochmann, estamos diante da mais grave crise econômica já enfrentada pelo Brasil desde a década de 1880, com vertiginoso crescimento da pobreza. “De todas as crises vividas por nossa economia, esta é a que mais ampliou o desemprego”, ressalta o economista. É um retrocesso que demole conquistas recentes: “Estamos nos encaminhando para uma década perdida”.
Renda cai 8%
Ele ressalta, ainda, que pela primeira vez a economia brasileira demonstra tanta dificuldade para voltar a crescer após uma crise. Isso é resultado da aposta em um arrocho fiscal para debelar a crise. “Sem investimento, porém, a retomada fica inviável”.
Além de uma economia 5% menor do que a que tinha em 2014, o Brasil tem que lidar com uma renda média por habitante 8% menor do que a que registrava naquele ano. O nível de investimento regrediu aos níveis de 2006. O desemprego cresce, a remuneração cai e a qualidade do trabalho se deteriora, com contratos precários e subemprego.
Ideias velhas ressuscitam velhos problemas
Nem tudo é obra de Bolsonaro — em menos de cinco meses, nem mesmo ele conseguiria a proeza. Mas o cataclismo construído por Temer tende a se aprofundar no caminho que o atual ocupante do Planalto e seu ministro Paulo Guedes escolheram.
“Estamos sendo governados por ideias velhas que estão ressuscitando o passado e trazendo de volta problemas que tinham sido vencidos”, lamenta Pochmann.
Equívocos têm preço
Aloizio Mercadante projeta um segundo semestre ainda mais difícil para a economia, até porque a conjuntura econômica internacional também aponta para uma desaceleração.
Além disso, “os equívocos da política externa de Bolsonaro já estão cobrando seu preço”, com redução significativa das exportações para a China, Países Árabes e parceiros sul-americanos —todos hostilizados por Bolsonaro.
Por PT no Senado