País pode ter mais 100 mil mortes em abril, prevê universidade
Em cenário pessimista, Universidade de Washington projeta 595 mil óbitos no Brasil até o fim do primeiro semestre
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O Brasil poderá ultrapassar a trágica marca de 436 mil óbitos por Covid-19 em abril, alerta a Universidade de Washington. A projeção foi feita pelo Instituto de Métricas e Avaliação em Saúde, que se debruçou sobre dados como variantes do vírus, uso de máscaras e índice de isolamento social para calcular os números. Ainda de acordo com a instituição, o Brasil chegará na casa dos 595 mil mortos até o fim do primeiro semestre no pior dos cenários.
A universidade aponta para três cenários possíveis, considerando as variantes citadas. No pior deles, as contaminações e óbitos resultarão da circulação de pessoas não vacinadas nos moldes de 2020 e da circulação de vacinados como antes da pandemia. Além disso, o cenário conta com maior propagação da variante brasileira, assim como da sul-africana. Por fim, a universidade considera ainda uma queda do uso de máscaras em pessoas vacinadas.
Em um cenário onde 95% da população faça uso de máscaras em público, mas com circulação de variantes e apenas 25% dos vacinados deslocando-se como antes do surto, o número de mortes cairá para 509 mil, o que ainda assim é extremamente alto.
O estudo aponta também que o país deve ultrapassar a barreira de 4 mil óbitos ainda em abril, depois do dia 24, quando passará a cair paulatinamente até o final de julho.
Mortes entre trabalhadores de serviços essenciais
A face mais cruel da pandemia mostra que, na batalha pela vida, os trabalhadores de serviços essenciais são as maiores vítimas da crise sanitária. Um estudo exclusivo divulgado pelo jornal El País revela um aumento explosivo de óbitos, em janeiro e fevereiro, entre caixas de supermercado, frentistas de postos de gasolina e motoristas de ônibus, entre outros profissionais.
O levantamento, feito pelo estúdio de inteligência de dados Lagom Data, aponta para um aumento de 68% de mortes de frentistas, 67% de caixas de mercado, 59% de vigilantes , 62% de motoristas de ônibus. Os pesquisadores analisaram dados do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, o Novo Caged, do Ministério da Economia.
A lista do Caged também inclui profissionais de saúde, principalmente técnicos de enfermagem, trabalhadores da construção civil e professores. O quadro é de desalento, principalmente levando-se em consideração a negligência do governo Bolsonaro na proteção de trabalhadores que não podem ficar em casa em quarentena.
“Esses trabalhadores revoltados com a situação não precisavam estar nessa situação. Como é que se coloca uma pessoa numa escolha dessas?”, pergunta Yuri Lima, da UFRJ, em depoimento ao El País. “O auxílio já é muito pouco para alimentar uma família, mas sem ele é inviável ficar em casa”, apontou.
Da Redação, com informações de G1 e El País