Para Gleisi, decisão do STF atinge indústria das delações

“Quem vai me reconstituir os anos de desconstrução da imagem pública, as ofensas que minha família sofreu”, afirmou a senadora sobre processo

Eduardo Matysiak agência PT

Gleisi Hoffmann

“O que me deixa mais esperançosa nisso tudo é que foi uma decisão firme do STF em relação à delação premiada. Foi um duro recado à indústria das delações premiadas”, afirmou a presidenta do PT, senadora Gleisi Hoffmann, sobre a votação do STF que a absolveu por unanimidade na terça-feira (19).

Gleisi destacou em coletiva nesta quinta-feira (21), realizada no PT do Paraná, em Curitiba, a importância das delações para originar investigações, mas jamais como provas. “As delações premiadas são importantes no processo investigativo, elas foram inclusive levadas a cabo por um projeto de lei do governo Dilma. Elas são importantes para levantar indícios de situações a ser investigadas, mas jamais podem ser usadas para substituir provas, porque servem à causas políticas”.

“As últimas decisões que tivemos no Supremo podem restabelecer o estado democrático de direito e os princípios básicos da Constituição em relação às pessoas que são acusadas”, avaliou Hoffmann. “Com isso esperamos que se dê o mesmo com o presidente Lula, o maior estadista que o Brasil teve”.

A presidenta do PT ainda apontou que durante os quatro anos do processo sua imagem política foi duramente desconstruída por opositores e isso dificilmente será reparado.

“Nos últimos 4 anos meu nome foi agregado a adjetivos que me colocavam como condenada, indiciada, denunciada, ré”, relatou a senadora. “Espero que a gente possa ver menções de Gleisi Hoffmann inocentada pela justiça brasileira”.

Ela relatou que a desconstrução de sua imagem teve um custo, não apenas pessoal, como mãe, para a família e amigos, como politicamente e para o partido.

“Quem vai me pedir desculpas por tudo que aconteceu? Quem vai me reconstituir os anos de desconstrução da imagem pública, as ofensas que minha família sofreu?”, questionou.

“Foram 4 anos de caminhada muito difícil do ponto de vista do enfrentamento dessas situações. Nunca abaixei a cabeça porque faço política por uma causa e por aquilo que sempre me moveu, que é a possibilidade de fazer justiça social. Por isso sou filiada ao PT desde 1989. Sempre defendi esse partido e nossos governos porque sabia do significado deles para a população brasileira. Eu sabia como responder a essas acusações e por isso fico aliviada com a decisão da suprema corte.”

Gleisi afirmou que foi vítima de um conluio de delações orquestradas pelo advogado Figueiredo Bastos, que foram utilizadas sem a apresentação de provas materiais.

Gleisi em coletiva de imprensa no PT-PR

“As delações têm um papel, mas não podem ser um fundamento de acusação. Não se pode condenar sem prova”, disse a presidenta do PT. “Infelizmente a maioria dos processos da vara de Curitiba tem alto índice de politização, que é o caso do processo do presidente Lula”, acrescentou.

Retomada democrática

Gleisi afirmou que a decisão do STF pode representar uma retomada do devido processo legal no país, uma vez que não se pode condenar alguém sem provas no Brasil.

“Muitas das acusações e denúncias foram feitas com base em delações, sem provas, com grau muito grande de arbítrio, de politização. Desde o início existe uma perseguição muito clara ao PT, afirmando que o partido é uma quadrilha, que foi criado para assaltar os cofres públicos. Só agora começam a aparecer outros partidos, mas nunca na mesma medida”, disse a senadora.

“O Supremo decidiu que ninguém pode ser condenado sem provas”, ressaltou a presidenta do PT. “Parece óbvio, mas até agora isso não estava sendo praticado. Os inquéritos e as prisões estavam acontecendo só por delações. Boa parte pode ter esse destino, de não ter provas”.

“Delação que tem prova, a pessoa tem que ser condenada, mas se não tem provas, só delações, vira um processo de acaguetes”, avaliou.

Da redação da Agência PT de notícias

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