Para João Paulo, golpe abre precedente contra qualquer governante

Candidato a prefeito no Recife (PE) diz que impeachment da presidenta Dilma é rompimento com modelo democrático e ameaça conquistas do povo brasileiro

João Paulo ao lado da presidenta Dilma Foto: Társio Alves

Para o candidato do PT à prefeitura do Recife (PE), João Paulo, o impeachment da presidenta eleita Dilma Rousseff é rompimento com o modelo democrático e abre precedente contra qualquer governante eleito, mesmo que siga os preceitos constitucionais.

“A partir de agora, nenhum governante eleito pode ter tranquilidade para cumprir seu mandato, mesmo que siga integralmente os preceitos constitucionais. Basta uma discordância política e a falta de maioria no parlamento para ser apeado do cargo”, afirmou.

Ex-prefeito do Recife, João Paulo se diz preocupado com as ameaças aos direitos civis e trabalhistas conquistados, principalmente aqueles conseguidos nos governos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da presidenta Dilma.

Segundo ele, na “esteira do golpe, várias conquistas do povo brasileiro serão aniquiladas”.

“Lutamos contra o golpismo porque queremos democracia e porque não queremos deixar para trás os avanços conseguidos nos governos de Lula e de Dilma”, destacou.

Porém, João Paulo acredita na força e mobilização dos movimentos sociais e afirma que, mesmo com a decepção pelo golpe, há ânimo para trazer a democracia de volta.

“O golpe despertou os movimentos sociais. Nós vimos o papel fundamental que a CUT e o MST, por exemplo, têm cumprido desde a interrupção da democracia. Vimos ainda o nascimento da Frente Brasil Popular e da Frente Povo sem Medo, organizadas em todo o País com o objetivo de lutar pela volta da democracia”, citou.

Foto: Társio Alves

Foto: Társio Alves

O papel do Partido dos Trabalhadores também foi lembrado pelo candidato. Para ele, a legenda precisa participar de forma ativa junto a outras forças de esquerda para fazer avançar a consciência política das pessoas e engrossar a resistência da sociedade.

“Acho que cabe a nós, do Partido dos Trabalhadores, sabermos potencializar essa energia revolucionária que nasce quase que espontânea no meio da sociedade civil organizada”, completou.

Trazer a democracia de volta

Para João Paulo, o golpe influencia nas eleições municipais desse ano, “porque sem democracia no País, fica mais difícil adotar um modelo democrático nas cidades”.

Mas garante que um eixo essencial da sua campanha será a inversão de prioridades, assim como ocorreu nas suas duas gestões como prefeito do Recife.

“Governar para todos, mas com primazia para os que mais precisam. Para isso, é preciso retomar e incentivar o diálogo com a sociedade. E trazer a democracia de volta”, enfatizou.

João Paulo lembrou que quando esteve à frente da prefeitura a cidade vivenciou a construção de um intenso processo de participação social, responsável por democratizar espaços de decisão e possibilitar o protagonismo da população.

“Podemos elevar a consciência política do povo por intermédio do Orçamento Participativo, das conferências, do estímulo aos conselhos e da elaboração de leis que possam aprimorar a participação das pessoas na administração da cidade”, afirmou.

Mas não só isso. João Paulo também falou da importância de ampliar e criar novos instrumentos, acompanhando a evolução da tecnologia da informação.

Por isso, disse ser fundamental que a participação também ocorra por meio digital, nas redes sociais e por outras ferramentas de interação da Internet.

Segundo o petista, esse processo de participação social fomentado na sua gestão foi interrompido pela atual administração.

“A atual gestão tem recebido uma avaliação muito crítica. Não apenas pelo descuido com a cidade em seus aspectos mais básicos, mas também porque destruiu toda uma cultura de interação que construímos nos 12 anos de governos do PT. A presente gestão está desconectada com a sociedade, especialmente com a população mais pobre. Nossa preocupação é restabelecer esses canais”, garantiu.

E por falar em participação popular, a candidatura de João Paulo recebeu apoio de vários movimentos sociais, que protocolaram manifesto com mais de mil assinaturas.

“Houve um reconhecimento porque nossa gestão cumpriu um papel importante para a democracia na inversão de prioridades. Acredito que um governo sem participação, sem inclusão, sem um bom nível de diálogo não pode ter o sucesso que nós tivemos”, declarou.

Da Redação da Agência PT de Notícias, com a colaboração do PT-PE

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