Perto do outono, Europa mergulha em nova onda de contágio por Covid-19
Enquanto o mundo passa de 30 milhões de casos e caminha para registrar 1 milhão de mortes, Alemanha, Espanha, França, Reino Unido, Holanda e outros países precisam se preparar para a chegada do inverno e aumento de óbitos, alerta a OMS. Na semana passada, a Europa foi sacudida por uma onda de infecções que atingiu mais de 300 mil pessoas. O número supera os casos registrados durante o primeiro pico da pandemia. Novo epicentro do surto na Europa, Madri restringe circulação de 858 mil pessoas
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Às vésperas do início do outono, o Centro Europeu de Prevenção e Controle de Doenças (ECDC) entrou em estado de alerta total por causa de novos focos de contaminações por Covid-19 pelo continente. Na semana passada, a Europa foi sacudida por uma onda de infecções que atingiu mais de 300 mil pessoas, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). O número supera os casos registrados durante o primeiro pico da pandemia. Enquanto o mundo passa de 30 milhões de casos e caminha para acumular 1 milhão de mortes, Alemanha, Espanha, França, Holanda, Reino Unido e outros países precisam se preparar para a chegada do inverno e um considerável aumento de mortes, alerta a ONU.
“Não sabemos se estamos na segunda onda ou na segunda fase da primeira”, expôs a diretora do ECDC, Andrea Ammon. A dúvida expressa bem a gravidade da crise sanitária. De acordo com a entidade, a expectativa pela chegada da vacina, aliada à reabertura econômica, justificam parcialmente um relaxamento da população em relação às medidas preventivas.
Na Alemanha, autoridades consideram que as reuniões familiares e entre amigos, além do turismo, respondem pelo ressurgimento da doença, que atingiu novos picos em agosto. O governo decidiu agir, proibindo aglomerações e grandes eventos até o final do ano e multando cidadãos que não usarem máscaras de proteção.
Outros governos, como o da Espanha e do Reino Unido, estudam a retomada do lockdown – o bloqueio total de atividades. O Reino Unido registrou uma média de 3,3 mil novas infecções diárias, voltando aos índices de maio.
De acordo com o epidemiologista belga Marc Van Ranst, autoridades não podem descartar a possibilidade de novos confinamentos, caso da Espanha. “Temos que fazer todo o possível para evitá-los, mas a medida deve estar ao nosso alcance como último recurso”, declarou o especialista ao ‘El País’. Fora da Europa, Israel vive uma explosão de novos casos e já anunciou o fechamento total do país.
Colapso em Madri
Em Madri, capital espanhola, o sistema de saúde está novamente à beira do colapso, com o súbito aumento de novos casos de Covid-19 desde julho. Na quarta-feira, a cidade registrou 239 novas mortes, o maior número desde junho. A Espanha tem, sozinha, quase 660 mil casos e mais de 30 mil mortos.
O Ministério da Saúde informou que 21% da capacidade hospitalar de Madri está comprometida por causa da Covid-19. Os hospitais nas áreas mais afetadas da capital estão sob pressão maior. Segundo o Hospital Infanta Leonor, ao sul da capital espanhola, mais da metade do total de leitos é dedicado a pacientes infectados e 100% dos leitos dos leitos de UTI estão ocupados.
Nesta sexta-feira, autoridades da capital anunciaram medidas de restrição de circulação de 858 mil pessoas. A região possui 6,6 milhões de habitantes. Quem estiver nas áreas confinadas só terá permissão para entrar e sair das zonas por motivos de trabalho, educação, legais ou médicos. Enquanto o país segue dividido sobre a velha falsa dicotomia entre evitar o desastre econômico e proteger a população, o vírus avança.
Alta de casos na França, Holanda, Dinamarca e República Tcheca
Nesta sexta-feira, 13.200 novos casos foram anunciados pelas autoridades francesas. Cidades como Marselha, Nice e Bordeaux impuseram novas restrições à população. Na Dinamarca, os casos registrados chegaram perto dos divulgados em abril, quando o país teve 473 doentes.
Nas últimas 24 horas, a Holanda bateu um recorde no número de contágios, chegando a 1.972 casos. O primeiro-ministro, Mark Rutte, deve anunciar novas medidas de contenção do surto nas cidades mais atingidas, principalmente Amsterdã, Rotterdam e Haia. A República Tcheca também anunciou outro recorde, com mais de 2 mil casos diários.
De acordo com a OMS, a Europa concentra mais de cinco milhões de casos e 228 mil fatalidades desde o início da pandemia. “Na primavera e no início do verão, pudemos ver o impacto das medidas rígidas de bloqueio”, afirmou o diretor regional da OMS para a Europa, Hans Kluge. “Nossos esforços, nossos sacrifícios valeram a pena. Em junho, os casos atingiram seu ponto mais baixo”, justificou. “Os números dos casos de setembro, no entanto, devem servir como um alerta para todos nós”, advertiu. “Esta pandemia nos custou muito”.
Da Redação, com agências internacionais