Por mais tolerância, ‘rolezinho com Chico’ reúne 12 mil contra o ódio no Facebook

Jornalista Fernando Brito se uni ao evento e pede liberdade de expressão e o fim do clima de torcida que o país vive

Fazendo coro aos mais de 12 mil participantes do evento “Rolezinho para tomar cerveja com Chico Buarque”, organizado no Facebook, o editor do Tijolaço, Fernando Brito, pediu licença para sair do seu papel de jornalista para escrever sobre o clima de torcida, ódio e intolerância que tomam contam do país.

A descrição do evento, que acontecerá nesta terça-feira (29), diz que “esse não será o país do ódio!”, fazendo referência as agressões verbais que o cantor Chico Buarque sofreu no início da semana ao sair de um restaurante no Leblon, Rio de Janeiro.

“Peço licença para perder o tom de jornalista e fazer como fez o Chico Buarque, nos anos da ditadura, para ser o Julinho da Adelaide e fazer escapar da censura algumas de suas músicas”, foi assim que Brito iniciou seu texto.

Segundo ele, nós estávamos precisando de algo para que a maioria das pessoas de bem e da bondade se “tocassem do avanço da selvageria” que acontece por toda parte, “inclusive em nós mesmos”.

“Como ao zika, ninguém é imune à microcefalia do clima de guerra de torcidas que toma conta da sociedade quando está em jogo o mais caro valor humano, a liberdade (…) Liberdade é poder pensar como quiser, agir como quiser – desde que não machuque ou prejudique outros -, ser igual (o que nunca se é), ser diferente (o que nunca se é, totalmente)”, disse.

Brito diz que a liberdade é um caldo coletivo, não é conformismo e nem intolerância. Para ele, quando a tolerância se perde, a liberdade do outro se esvai. Como aconteceu com Chico ao andar pela calçada.

“Parece que o mundo virou um programa policial e o “escracha” a regra de comportamento. As pessoas não podem ser deixadas em paz, têm de ser classificadas, julgadas, condenadas por darem qualquer opinião diferente daquela “autorizada” pela mídia, o general destes tempos modernos”, ressaltou.

Para finalizar, o jornalista brindou “a turma da internet” pela “delicadeza” do programar o “Rolezinho com o Chico Buarque”. “É o levanto, na esperança que o sono da delicadeza não seja tão longo, que não se tenha perdido para toda uma geração”, concluiu.

Por Danielle Cambraia, da Agência PT de Notícias

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