Preço da carne bovina deve continuar subindo, diz coordenador do IPC

Valores aumentaram em 17 capitais no mês de novembro, segundo Dieese

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A disparada do preço da carne bovina veio para ficar. De acordo com dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócioeconômicos (Dieese), em novembro foi registrado aumento em 17 capitais brasileiras. Em alguns casos, a alta foi de quase 20% em relação a outubro.

O peso no bolso dos brasileiros não vai diminuir. Análises indicam que, pelo menos até os primeiros meses de 2020, a carne vai continuar subindo, acompanhando o aumento das exportações do produto e da demanda interna.

O coordenador do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), Guilherme Moreira, explica que até outubro o preço da carne apresentava comportamento inferior ao da inflação.

Mas a crise na China, ocasionada pela descoberta do vírus da peste suína, obrigou o país a aumentar a importações também da carne bovina. Para o produtor brasileiro, mandar a carne para o exterior é mais atrativo, por causa da alta do dólar.

Segundo ele, não há nenhum fator que indique que os preços vão cair e voltar ao patamar em que estavam antes.

“Principalmente pela questão da oferta, você não aumenta a oferta de carne do dia para a noite. E o lado da demanda está pressionando ainda, porque a China vai continuar importando carne acima do que importava. Tem outra questão também, a economia está retomando, as pessoas também estão comprando. Isso tem um teto, ela não vai subir infinitamente, mas neste ano continua alto e provavelmente por um bom período do ano que vem”, explica.

Impactos

 

A população, já impactada pela crise econômica, sente no orçamento mensal as consequência. O comerciante Erilândio da Silva Reis vende pimentas artesanais e percebe que a mudança de preços causa impacto nas vendas.

“O quilo da picanha está 90 reais. Principalmente eu que trabalho com pimenta artesanal, que é alimento, eu preciso que as pessoas consumam para poder utilizar meu produto. Você sente o efeito.”

Apesar de não ser responsável pelas compras de supermercado em casa, a estudante Shamberly Santana, de 17 anos, afirma que o orçamento da família foi prejudicado.

“Eu não sinto tanto, por não ter a responsabilidade de morar sozinha, mas isso prejudica sim a nossa família. A gente sente o peso no supermercado, a carne está com um preço muito alto por conta da exportação e isso acaba prejudicando o consumo de nós brasileiros. O brasileiro sente no bolso.”

No fim de novembro, o presidente Jair Bolsonaro disse que não iria interferir no preço da carne bovina e ressaltou que acreditava que o custo iria cair. As afirmações foram feitas a populares na saída do Palácio do Alvorada.

“Tivemos uma pequena crise agora [no preço da carne] mas vai melhorar. A carne aqui, internamente, daqui a algum tempo, acho que vai diminuir o preço”.

Análise do Ministério da Agricultura do mesmo período falava em acomodação dos valores, mas sem retorno aos patamares anteriores.

O aumento do preço da carne encarece também a cesta básica. De acordo com o Dieese entre outubro e novembro houve aumento nas 17 capitais pesquisadas. Além da carne, o feijão e o óleo de soja também impactaram nos resultados.

Por Brasil de Fato

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